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Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 255

(Diogo)

Eu dirigia que nem um louco com a mão grudada no volante e o pé no acelerador. Não queria saber de radar, multa, nada. Eu só queria a Alice. Cada segundo que passava era um a mais que ela estava nas mãos daqueles filhos da puta.

O celular vibrou e eu atendi jogando no som do carro.

— Fala!

A voz de Natan veio ofegante.

— Senhor, os homens estão quase alcançando o carro.

— Eu também estou chegando. — respondi, apertando ainda mais o volante. — Não percam eles de vista, Natan. Nem por um segundo.

— Pode deixar.

Desliguei e logo entrei na BR. A pista estava reta, infinita, e foi ali que vi os dois carros, meus, perseguindo um carro preto. Meu coração disparou ao saber que Alice estava ali.

Acelerei mais, o motor rugiu forte, até que um dos meus carros derrapou e saiu da pista.

— Droga! — gritei, e no mesmo instante, um estalo seco ecoou. Uma bala colidiu com força o parabrisa e o vidro marcou, mas graças a Deus o carro era blindado.

— Seus desgraçados... — murmurei entre os dentes, a raiva queimando. Eles estavam atirando.

Eu não podia perder a Alice. Acelerei ainda mais com a visão fixada no carro preto à frente. Mas então, o outro carro dos meus freou de repente, e eu precisei desviar. O carro começou a sair da pista e eu pisei no freio o máximo que pude, mas era tarde.

O carro rodopiou e o mundo virou de ponta-cabeça, minha audição começou a zumbir e minha visão ficou turva, só o som metálico da lataria se amassando e o estômago revirando. Quando parei, estava de cabeça pra baixo, preso pelo cinto.

O barulho da buzina me ensurdecia. Pessoas gritavam ao longe. Pisquei os olhos, tentando focar, e respirei fundo. Estava vivo, mas a Alice…

Soltei o cinto e caí com força no teto do carro, agora virado. Senti o cheiro forte de gasolina e um pânico subiu, mas mais forte que isso foi a raiva. Eu precisava sair dali. Comecei a chutar o para-brisa com toda força até rachar. Chutei de novo, e de novo, até que o vidro cedeu.

Foi aí que vi Natan vindo mancando, correndo como podia. Ele me puxou para fora.

— Senhor!

Saí do carro tossindo, o ar queimando no peito. Olhei em volta: um carro estava capotado, o outro completamente amassado.

— Todos bem? — perguntei, com a voz rouca.

Natan olhou para trás e balançou a cabeça.

— Micael não está bem, a bala pegou no peito dele.

Engoli seco e apertei os punhos. A visão da BR vazia me acertou como uma martelada sabendo que o carro preto já tinha sumido. Alice estava cada vez mais longe.

Um ódio me tomou, tão forte que acertei no carro ao lado com um soco, vendo a lataria afundar.

— FILHOS DA PUTA!

— Senhor… — Natan se aproximou mancando, com o rosto cansado mas a voz firme. — Se acalme. A gente conseguiu lançar um rastreador no carro deles.

Virei a cabeça na hora, surpreso.

— O quê?

Ele assentiu.

— O rastreador está ativo. Temos a rota deles.

Por um instante, senti um alívio tomar meu peito, mas a raiva continuava queimando.

— Quero mais carros na pista. Helicóptero se for preciso! Eles não vão escapar.

— Já estou providenciando. — Natan disse, tirando o celular do bolso.

Olhei para ele e bati de leve em seu ombro.

— Você ainda consegue ir comigo?

Ele assentiu, firme.

— Até o fim, senhor.

Eu respirei fundo, sentindo o corpo doer por causa do acidente, mas a mente estava clara de que eu ia atrás deles. Ia achar a Alice e quem estivesse com ela ia pagar.

Fiz força com o peito pra empurrar, pra ficar em posição de tentar soltar as cordas, mas sentia a cabeça girando e a visão piscava. Além da sede de respirar ar limpo, já que esse pano mal deixava o ar entrar direito.

O carro sacudia, ou era meu corpo e o homem sangrando ao lado murmurava, pedindo que alguém segurasse a pressão. O cheiro de metal e gasolina me dava náuseas.

O ódio, no entanto, era mais forte que o desespero. Cada insulto dele aumentava a minha vontade de resistir. Eu pensei em tudo que o Diogo tinha feito por mim, em como ele havia me tirado do caos nos últimos dias, em como eu precisava chegar até ele. Prometi a mim mesma, com a boca cheia de pano e as mãos amarradas, que não ia sucumbir. Que eu ia lutar até o fim.

Mais uma vez o carro fez uma curva brusca e o mundo oscilou de novo. Respirei fundo, mesmo com o pano, e comecei a planejar como poderiam me soltar, qual a posição que daria mais força, como usar o banco do carro, como atrair atenção. Cada segundo era uma peça que eu encaixava no meu plano. Eu estava ferida, amarrada, mas viva e isso bastava para continuar lutando.

O carro deu uma freada seca e meu corpo foi jogado contra o banco. Senti meu estômago embrulhar e a cabeça latejou ainda mais. Antes que eu pudesse entender, a porta foi aberta e Yuri puxou meu braço com brutalidade.

Tropecei na saída sentindo minhas pernas bambas, mas consegui me manter em pé. E foi aí… naquele pequeno movimento… que senti. O frio do metal contra a minha coxa. Um arrepio percorreu minha espinha inteira.

A arma que o Diogo tinha colocado ali, quase como se tivesse previsto que algo desse tipo poderia acontecer. Por um instante, meu coração bateu mais forte do que o medo.

Yuri me puxou de novo, apertando meu braço com força. Atrás de nós, o brutamontes ensanguentado vinha mancando com o braço pingando sangue, mas ainda firme o bastante para me deixar em alerta. Olhei ao redor vendo que era só escuridão e árvores que se estendiam sem fim. Se alguém fosse me procurar… ia ser quase impossível me achar aqui.

Chegamos a uma casa velha de madeira, praticamente caindo aos pedaços. O chão rangia sob nossos passos. O cheiro de mofo se misturava ao de terra molhada e quando entramos, a primeira coisa que me atingiu foi o fedor de urina impregnado no ar. Engoli em seco, o enjoo queimando na garganta.

Yuri me empurrou até um sofá rasgado. Sentei tentando controlar cada movimento da minha saia plissada, para não levantar demais e deixar a arma à mostra. Eu precisava de calma porque se eles descobrissem que eu estava armada, meu fim seria rápido.

Fiquei quieta, os olhos analisando cada detalhe do lugar as janelas, portas, pontos de fuga. Foi quando ouvi passos pesados vindos de dentro.

— Mas que merda é essa? — a voz dele ecoou e eu sabia que era Enrique.

Ele apareceu de um cômodo ao lado, provavelmente um quarto. O olhar dele caiu sobre mim, e uma careta de irritação deformou o seu rosto.

— Por que prenderam ela desse jeito? — perguntou, encarando Yuri.

— Porque eu conheço minha irmã — Yuri respondeu, seco. — Sempre gostou de bancar a espertinha. Melhor prevenir do que ter dor de cabeça depois.

Enrique revirou os olhos, quase como se achasse aquilo exagerado. Veio até mim e, com um gesto rápido, arrancou o pano que prendia minha boca. Eu inspirei fundo, o ar finalmente livre me queimando os pulmões. Passei a língua pelos lábios ressecados, tentando recuperar um pouco de força.

Ele se sentou ao meu lado no sofá, tão perto que o seu calor invadiu meu espaço. Meu corpo inteiro se enrijeceu.

— Desculpa — disse, num tom estranho, quase sincero. — Eu não queria que as coisas chegassem a esse ponto.

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