Entrar Via

Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 263

Cheguei na empresa um pouco mais cedo do que imaginava. O motorista me deixou na porta, e eu subi direto para minha mesa. O prédio ainda estava calmo, só alguns funcionários andando de um lado para o outro.

Liguei meu computador e comecei a separar alguns documentos para as reuniões da tarde, tentando focar no trabalho para não pensar no encontro com meus pais.

Enquanto ajustava uma pilha de pastas, ouvi passos rápidos se aproximando. Quando levantei o olhar, vi Bruna parada na minha frente, com um sorriso enorme no rosto e um copo de cappuccino nas mãos.

— Bom dia! — ela disse, quase cantando. — Trouxe isso aqui pra você.

Sorri de volta, surpresa, e aceitei o copo.

— Uau, obrigada! Mas… por quê?

Bruna se inclinou um pouquinho, animada e com os olhos brilhando.

— É um presente de agradecimento. — Ela riu, balançando a cabeça. — Eu consegui a vaga de assistente do senhor Miqueias!

— O quê?! — arregalei os olhos, quase deixando o cappuccino cair. — Sério?

— Sério! — Ela assentiu várias vezes, rindo nervosa. — E foi você, por ter me indicado.

Coloquei o copo na mesa sem nem pensar e me levantei, abraçando Bruna com força.

— Ah, Bruna! Você merece demais!

Ela riu, emocionada, apertando o abraço.

— Ainda não tô acreditando. Pra eu me formar só faltava o estágio… e agora já vou me formar com um emprego desses garantido. É surreal!

Eu me afastei só o suficiente para olhar bem pra ela.

— Surreal nada, é só o resultado do seu esforço. Você é dedicada, inteligente e corre atrás. Não é presente, é merecimento.

Ela mordeu o lábio emocionada e apertou minha mão.

— Obrigada de verdade, Alice. Eu não sei nem como te agradecer.

— Só vai lá e arrasa. — sorri, sentindo um orgulho enorme. — Isso já é agradecimento suficiente.

Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, o celular dela tocou. Bruna pegou o aparelho e fez uma careta.

— Ai, é o senhor Miquéias. Preciso ir lá embaixo pegar uns papéis. Mas olha… — ela me encarou sorrindo — esse cappuccino é só o começo. Depois eu vou te pagar um almoço, combinado?

Não consegui conter o riso.

— Então vai ser um almoço pra dois.

Ela franziu a testa, confusa.

— Dois?

Toquei de leve a minha barriga, sorrindo.

— Dois.

Bruna arregalou os olhos na hora.

— Mentira! — Ela quase gritou, tapando a boca em seguida. — Alice, você está grávida?!

Assenti, rindo da reação dela.

— Tô sim.

Ela deu um passo rápido e me abraçou de novo, com cuidado dessa vez.

— Eu não acredito! Ai, que notícia maravilhosa! Parabéns, sério! Que venha com muita saúde, pra você e pro bebê.

— Obrigada, Bruna. — falei com o coração quente.

Ela se afastou ainda sorrindo, mas já apressada.

— Depois a gente conversa mais, tá? Vou correr lá antes que ele ache que eu fugi.

— Vai lá, futura assistente top! — brinquei, acenando enquanto ela saía quase pulando.

Fiquei alguns segundos olhando a porta por onde ela tinha passado, com um orgulho que não cabia dentro de mim. Bruna era uma boa pessoa, merecia tudo aquilo. Peguei meu cappuccino, dei um gole e senti o calor se espalhar pelo corpo, misturado com uma felicidade tranquila.

***

O horário do almoço chegou mais rápido do que eu queria. Meu coração estava acelerado e as mãos frias, mesmo depois de tentar me distrair com o trabalho.

Respirei fundo, peguei minha bolsa e desci. José já me esperava na frente do prédio, encostado discretamente no carro.

— Boa tarde, dona Alice. — ele me cumprimentou com um leve aceno de cabeça.

— Boa tarde, José. Já conversamos sobre essa questão do “dona” — ele encolheu os ombros e eu entendia que era trabalho, mas não mudava o fato de ser esquisito ser chamada assim. Forcei um sorriso e entrei no carro.

— Vamos pro hospital… — passei o endereço com a voz um pouco trêmula.

— Claro. — ele respondeu calmo, como sempre.

O caminho inteiro foi um silêncio pesado, só quebrado pelo som do trânsito. Eu tentava me convencer de que estava pronta, mas a cada quilômetro que passava meu estômago parecia encolher mais. Quando chegamos, fiquei uns dois minutos dentro do carro, olhando para a entrada do hospital, respirando fundo.

— Eu… não vou demorar. — avisei, abrindo a porta.

José olhou pra mim pelo retrovisor e assentiu.

— Tudo bem, dona Alice. Eu fico aqui.

Saí do carro com as pernas um pouco bambas e caminhei até a recepção. Antes que eu pudesse me aproximar do balcão, um homem apareceu do nada, um sujeito alto, de terno discreto, com jeito de segurança.

— Senhorita Alice? — ele perguntou com a voz firme, mas educada.

Eu parei, surpresa.

— Sim… sou eu.

— Fui designado para acompanhá-la até o quarto dos seus pais. E para protegê-la, caso seja necessário.

— O Yuri aprontou alguma coisa?

Engoli em seco, sentindo a tensão no ar ficar quase palpável e assenti devagar, sentindo as mãos começarem a tremer.

— Enrique apareceu… — comecei, sentindo um arrepio percorrer meu corpo. — Enrique… irmão da Mádila.

Os dois se entreolharam, confusos.

— Ele descobriu que eu estava namorando um homem rico e quis me chantagear. E… o Yuri… — minha voz falhou, mas eu respirei fundo. — O Yuri estava junto com ele.

— Como assim, junto? — meu pai perguntou, a expressão ficando mais dura.

— Eles me sequestraram, pai. — as palavras saíram quase num sussurro. — Me levaram pra um lugar imundo. Queriam o dinheiro do Diogo e no final… houve um confronto. Enrique… acabou matando o Yuri. Ele só tava usando o Yuri pra chegar até mim.

Minha mãe caiu de joelhos no chão, chorando alto.

— Não… não pode ser verdade… — ela balançava a cabeça, como se pudesse apagar minhas palavras.

Meu pai estava pálido.

— Por que isso não saiu em notícia nenhuma? Por que ninguém falou nada?

Apertei os lábios. Eu sabia que estava escondendo muita coisa, mas era melhor assim. O que aconteceu com Diogo e Mádila… ninguém nunca poderia saber.

— A polícia não foi chamada e ninguém sabe. A casa acabou pegando fogo, eu quase morri também e o Diogo… ele levou um tiro do Enrique, mas está bem.

Minhas mãos tremiam, e eu senti as lágrimas queimando meus olhos.

Minha mãe se levantou, soluçando.

— É tudo culpa sua!

— Não, mãe! — neguei, me aproximando. — Não é culpa minha. Tudo isso é culpa do Yuri. Ele quem fez isso, quem me sequestrou. A escolha foi dele e tudo por dinheiro.

Respirei fundo, tentando me manter firme. Peguei a caixa que trouxe e coloquei na cama.

— Isso aqui… são algumas coisas do Enrique que sobraram. — abri a tampa, mostrando o relógio dele e o escapulário da Virgem Maria. — Achei que vocês talvez quisessem ficar.

Minha mãe pegou a caixa com mãos trêmulas e começou a chorar mais ainda, encostando o escapulário no peito.

— Mas… nós precisamos avisar a polícia… Eu quero justiça para o meu filho! — ela tentou dizer.

— Não. — cortei, firme. — Não pode. Vocês querem o nome do Yuri envolvido nisso tudo? Falam de justiça, mas ele estava envolvido no sequestro da própria irmã. Querem que todos fiquem sabendo disso? O nome dele manchado pra sempre?

Eles se entreolharam, sem palavras e abaixaram a cabeça.

— Foi o melhor que deu pra fazer — continuei. — Tudo já acabou.

Respirei fundo, limpando as lágrimas que já escorriam.

— E tem mais uma coisa que vocês precisam saber. — olhei pro meu pai. — Esse tratamento que você está recebendo… desde o começo… quem tá pagando é o Diogo. Não existe ação voluntária nenhuma. Ele fez isso escondido de mim, só pra que vocês pudessem me deixar em paz.

Histórico de leitura

No history.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra