(Diogo)
Quinta-feira amanheceu clara, com aquele sol suave que não incomodava, só deixava tudo mais bonito. Assim que Alice e eu chegamos ao terreno, senti de cara que havia algo diferente ali. Era amplo, bem localizado, mas ainda assim em um bairro tranquilo, afastado do barulho pesado da cidade. Um lugar que respirava paz e era perfeito para o que a gente tinha em mente.
Victor, meu amigo e dono da imobiliária, já nos esperava perto do portão de ferro. Ele estava encostado no carro, de braços cruzados . Ao lado dele, um homem mais jovem, com uma prancheta na mão, e uma mulher de óculos escuros, elegante, com uma pasta de desenhos.
— Olha só quem resolveu aparecer cedo — Victor brincou, abrindo os braços para me cumprimentar. — Diogo Montenegro em pessoa. — Ele estendeu a mão para Alice com um charme discreto. — E você só pode ser a famosa Alice. Muito prazer.
Alice apertou a mão dele com um sorriso educado.
— Prazer, Victor. Já ouvi falar de você… ele disse que é o melhor em achar terrenos impossíveis.
Victor riu.
— Ele exagera, mas eu aceito o elogio. — Olhou para mim com uma piscadela. — Eu disse que esse aqui era especial.
— E você tinha razão — respondi, passando os olhos pelo espaço. O terreno parecia ainda maior do que eu lembrava pelas fotos. — Tem potencial.
— Potencial é pouco — ele retrucou, animado. — Esse é o tipo de lugar que a gente chama de joia escondida. Boa metragem, documentação limpa, localização perfeita pra algo desse porte.
Ele fez um sinal para o homem com a prancheta.
— Esse aqui é o Cássio, engenheiro civil. E essa é a arquiteta Marina, parceira de longa data. Eles já deram uma olhada preliminar.
Henrique deu um passo à frente, cumprimentando a gente com um aperto de mão firme.
— Diogo, Alice, é um prazer. Eu estive analisando o terreno e, pelas medidas, dá pra construir não só o prédio principal das salas de aula, mas também dormitórios bem estruturados, área de lazer e até um espaço para atividades extracurriculares.
Marina abriu a pasta e mostrou alguns esboços.
— A ideia é aproveitar ao máximo a inclinação natural do terreno pra fazer algo integrado, com bastante iluminação e ventilação. Dá pra criar um ambiente acolhedor, sem aquele ar de instituição fria, sabe?
Alice parecia encantada, seus olhos brilhando enquanto ela olhava os desenhos.
— Eu queria tanto que as crianças tivessem algo diferente… — ela começou, hesitante, como se estivesse medindo as palavras. — Uma sala de cinema, por exemplo. Quando eu era pequena, sonhava em ver filmes no cinema, mas quase nunca podia. Acho que seria incrível dar isso pra eles. Ah, e uma piscina para aulas de natação. É importante. E… se pudesse ter aulas de música… Tem muita criança talentosa que nunca tem oportunidade de mostrar seus dons.
Eu não consegui segurar o sorriso.
— Cinema, piscina e música? Gosto disso. — Cruzei os braços, já imaginando tudo. — Podemos incluir. E quanto aos dormitórios, precisamos pensar em como colocar o máximo de crianças com conforto. Não serão só os alunos do antigo colégio… eu também quero trazer crianças da ONG que eu apoio.
Alice me olhou de lado, surpresa e feliz.
— Diogo… isso é incrível.
Victor sorriu, balançando a cabeça.
— Rapaz, eu admiro demais esse projeto. — Ele bateu no meu ombro. — Pode contar comigo como patrono.
— Patrono? — Alice perguntou, rindo levemente.
— É assim que a gente chama quando um sujeito rico resolve investir em algo que realmente importa. Eu vou ajudar a bancar uma parte disso.
— Victor… — comecei, mas ele ergueu a mão.
— Nem vem. Não aceito não como resposta. Só vou pedir uma coisa, que prepare um evento, um baile, sei lá, pra apresentar esse projeto para outros investidores. Muita gente vai querer participar.
— Um baile, hein? — eu brinquei, fingindo pensar. — Acho que consigo organizar isso.
— Claro que consegue. — Victor piscou e o celular vibrou em seu bolso, ele olhou rapidamente para a tela. — Mas agora eu preciso correr, reunião de última hora.
Ele se virou para Alice.
— Foi um prazer enorme te conhecer, Alice.
— O prazer foi meu, Victor. — ela respondeu, sorrindo de verdade.
Ele me deu mais um tapa amigável no ombro.
— Nos falamos depois, Diogo.
Depois que Victor foi embora, Cássio ajeitou a prancheta e se animou de novo.
— Eu já esbocei uma ideia pro dormitório. — Ele abriu o papel, mostrando linhas e medidas. — O espaço é grande o bastante pra duas alas, com pátio interno. Dá pra fazer algo funcional e bonito.
Marina apontou para um detalhe no desenho.
— E podemos trabalhar com madeira e vidro pra trazer um ar mais acolhedor. Eu quero que as crianças sintam que esse lugar é um lar, não só uma escola.
Eu respirei fundo, olhando o terreno mais uma vez. O vento batia leve, trazendo o cheiro de terra e grama recém-cortada.
Naquele momento, tive certeza de que estávamos no caminho certo.
Olhei para Alice.
— Acho que encontramos nosso lugar — falei, em voz baixa.
Ela assentiu, com os olhos brilhando.
— Acho que sim.
***
Sexta-feira chegou com aquele ar de expectativa que eu não conseguia disfarçar. O sol ainda estava baixo quando Alice e eu entramos no carro, um pouco antes das oito da manhã, a cidade começando a ganhar vida lá fora. O caminho até o hospital parecia mais curto do que da última vez.
Eu sentia uma mistura de ansiedade e alívio, hoje não era só dia de revisão, era o dia em que, depois, a gente ia ver nosso bebê de novo.
Alice estava ao meu lado, com aquele jeito calmo que sempre me ajudava a ficar mais tranquilo.
— Dormiu bem? — ela perguntou, quebrando o silêncio enquanto dirigia.
— Mais ou menos… — admiti, olhando para a janela. — Fiquei pensando na consulta, se o médico vai liberar logo as muletas.
— Eu também fiquei pensando nisso. — Ela lançou um sorriso rápido. — Mas olha, tua recuperação foi muito rápida. Tenho certeza que ele vai dizer que tá tudo ótimo.
— Isso eu não duvido.
Já no estacionamento, o ar da manhã parecia diferente, mais leve. Eu abri a porta do carro e deixei escapar um suspiro que misturava alívio e uma nova ansiedade.
Alice percebeu na hora.
— O que foi?
— Agora é a parte que realmente me deixa nervoso. — confessei, passando a mão pelos cabelos. — Vamos ver como nosso bebê tá.
Ela me olhou com aqueles olhos brilhando, segurando minha mão.
— Vai estar perfeito, Diogo. Eu sinto.
— Tomara… — apertei os dedos dela, sentindo o coração acelerar.
Chegamos à clínica e eu já sentia a mão de Alice suando na minha. O lugar era calmo, com aquele cheiro típico de consultório médico misturado a um leve perfume de flores artificiais, mas ela parecia estar em uma final de campeonato.
Sentamos lado a lado na sala de espera.
— Você está mais nervosa que eu quando fechei meu primeiro contrato internacional — comentei, tentando arrancar um sorriso.
Ela virou o rosto devagar, com os olhos arregalados.
— Diogo… e se não tiver batimento? E se eu tiver feito algo errado sem saber? E se…
— Ei, ei… — apertei de leve seus dedos. — Respira. Vai ficar tudo bem, nosso bebê está bem.
— Como você pode ter tanta certeza? — ela rebateu, a voz quase um sussurro. — Eu não sinto nada, só… sei lá, enjoo, cansaço…
— Isso é sentir, Alice. — sorri, tentando manter o tom leve. — E, convenhamos, você ter sobrevivido a essas últimas semanas já prova que esse bebê é mais forte do que nós dois juntos.
Ela me olhou de um jeito entre bravo e desesperado.
— Você consegue brincar numa hora dessas?
— Consigo. — dei de ombros. — Alguém precisa manter a calma.
Alice respirou fundo, fechou os olhos e encostou a cabeça no meu ombro, mas eu sentia a tensão ainda percorrendo o seu corpo.
— Diogo… se eu chorar lá dentro, você promete que não vai rir?
— Prometo. — pausei, fingindo pensar. — Mas não posso prometer que não vou chorar também.
Ela soltou um riso nervoso, finalmente, e eu aproveitei para apertar sua mão mais uma vez.
Antes que ela pudesse formular mais uma pergunta de pânico, a porta se abriu e uma mulher de jaleco branco, cabelo castanho preso em um coque elegante, apareceu com um sorriso caloroso.
— Alice Mendes?

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Tá cada dia pior, os capítulos estão faltando e alguns estão se repetindo....
Gente que absurdo, faltando vários capítulos agora é 319.ainda querem que a gente pague por isso?...
Cadê o capítulo 309?...
Alguém sabe do cap 207?...
Capítulo 293 e de mais tá bloqueado parcialmente sendo que já está entre os gratuitos...
Capítulo 293 tá bloqueado sendo que já está entre os gratuitos...
Quantos capítulos são?...
Não consigo parar de ler é surpreendente, estou virando a noite lendo. É tão gostoso ler durante a madrugada no silêncio enquanto todos dormem. Diego e Alice são perfeitos juntos, assim como Alessandro e Larissa...
Maravilhoso,sem palavras recomendo vale muito apena ler👏🏼👏🏼...
Quem tem a história Completa do Diogo?...