Quando chegamos ao estacionamento subterrâneo, Lucas olhou ao redor com uma expressão confusa. Eu vi o jeito que os olhos dele corriam pelo espaço, como se tentassem entender onde estava.
— Onde a gente tá? — ele perguntou, franzindo a testa. — E… por que a Fernanda não veio com a Bia? E a minha casa… eu já vou embora depois? Ou vou direto pro colégio?
Meu coração disparou e abri a boca pra falar, mas nenhuma palavra saiu.
Alice, percebendo meu nervosismo, deu um passo à frente, com aquele sorriso calmo que sempre consegue desarmar qualquer situação.
— Calma, Lucas — ela disse com a voz suave. — Antes de ir pra qualquer lugar, nós precisamos conversar com você, tá bom? É rapidinho e depois, se você quiser, pode ir. Tudo bem assim?
Lucas olhou pra mim, depois pra ela, meio inseguro.
— Conversar… sobre o quê?
— Sobre algo importante, mas nada ruim, eu prometo. — Alice continuou, inclinando um pouquinho a cabeça. — Pode confiar.
Ele respirou fundo e seus os ombros relaxaram um pouco.
— Tá… tudo bem.
Assenti, sentindo um leve alívio e fiz um gesto em direção ao elevador. O silêncio tomou conta enquanto subíamos. Podia ouvir só o som suave da máquina e meu coração batendo no meu peito.
— Você vai querer comer alguma coisa quando a gente chegar? — Alice perguntou de repente, quebrando a tensão. — Ou prefere tomar um banho primeiro?
Lucas pensou por um segundo.
— Acho que queria tomar banho… se não for incomodar. E tô com um pouco de fome também. — Encolheu os ombros.
Alice sorriu e segurou meu braço com carinho, como se também me desse apoio.
— Ótimo! O Diogo é um ótimo cozinheiro. — Ela se abaixou um pouco pra ficar mais na altura dele. — Porque, se depender de mim… é capaz de eu colocar fogo na cozinha inteira.
Lucas soltou uma risada curta, sincera, que fez algo dentro de mim se soltar também.
— Sério?
— Muito sério! — Alice disse, arregalando os olhos de brincadeira. — Um perigo ambulante com panelas.
Eu não consegui evitar um pequeno sorriso observando os dois. Alice estava tentando deixar o clima mais leve, e estava conseguindo.
As portas do elevador se abriram e entramos na cobertura. Lucas parou assim que passou por elas, com os olhos arregalados.
— Nossa… — ele murmurou. — Vocês… moram aqui?
— Moro — respondi, tentando manter a voz firme. — E aí, gostou?
Ele virou pra mim com um meio sorriso tímido.
— É muito bonito… parece que é mais perto do céu.
Meu peito apertou.
— É, parece mesmo.
Alice se aproximou dele, ainda sorrindo.
— Você vai gostar mais ainda à noite. A vista é incrível, cheia de luzes.
— Sério?
— Sério. — Ela piscou. — Agora, vem comigo que eu vou te mostrar o banheiro pra você tomar seu banho.
Antes de sair, ela virou a cabeça e olhou pra mim.
— Prepara algo bem gostoso pra gente, Diogo.
— Pode deixar — falei, mesmo com a voz um pouco rouca.
Alice e Lucas desapareceram pelo corredor, e a porta do elevador se fechou atrás de nós. Fiquei parado alguns segundos, fechando os olhos. A última vez que eu tinha ficado tão nervoso assim foi quando Alice descobriu a verdade sobre o meu passado… e agora, com Lucas, a sensação era ainda mais intensa.
Passei a mão pelo rosto, respirando fundo, tentando organizar a avalanche de pensamentos. Então fui direto pra cozinha, abrindo a geladeira. Eu precisava preparar algo especial, algo que Lucas gostasse, mas também um prato adaptado pra Alice, por causa da diabetes.
Era o mínimo que eu podia fazer antes da conversa mais importante da minha vida.
Minutos depois, Alice voltou para a cozinha e parou ao meu lado, passando a mão levemente pelo balcão.
— Ele já tá terminando o banho — disse com um pequeno sorriso. — Vamos almoçar primeiro e depois você chama o Lucas pra conversar, tudo bem?
Meu peito apertou e eu assenti, mexendo na panela para disfarçar o nervosismo.
— Você vai estar por perto? — perguntei, sem conseguir esconder a expectativa.
Ela me olhou um pouco surpresa.
— Quer que eu esteja?
— Quero. — A palavra saiu mais baixa do que eu planejava.
Alice respirou fundo e assentiu.
— Tudo bem… mas eu não vou dizer nada. Quem precisa contar é você. — Ela forçou um sorriso que não escondeu a tensão. — Depois… a gente vê como ele reage.
— Certo… — murmurei, tentando não pensar demais no “depois”.
Ela ficou em silêncio por um instante, lavando algumas louças antes de se virar um pouco para mim.
— Sabe… eu estava pensando no caminho pra cá… eu sou prima dele. De segundo grau, mas sou.
Levantei as sobrancelhas.
— Nem tinha pensado nisso.
Alice deu um sorrisinho pequeno, enxugando um prato.
— Eu também não. Aconteceu tanta coisa e ficou difícil pensar com clareza.
— É, eu sei bem. — Acenei, voltando a focar no tempero.
Trabalhamos juntos em silêncio por alguns minutos e enquanto eu finalizava o almoço, ela lavava as últimas peças e colocava outras na lava-louça.
Logo ouvi passos no corredor e Lucas apareceu com o cabelo úmido. Ele se aproximou meio tímido, mas com os olhos curiosos. Seus olhos então pousaram em Alice.
— Deixei a bolsa no quarto… como você falou.
— Perfeito — Alice respondeu, abrindo um sorriso caloroso. — Vem, senta aqui. — Ela puxou uma cadeira pra ele. — Eu vou te servir.
Lucas se aproximou devagar, ainda acanhado e sentou. Ele olhou para a mesa, os pratos e depois para mim.
— Foi você que fez tudo isso?
Assenti, sentindo um orgulho bobo crescer no peito.
— Foi sim.
— Parece estar muito gostoso.
As palavras simples dele me acertaram em cheio. Era bom demais ouvir aquilo saindo da boca do meu filho. Respirei fundo, tentando disfarçar a emoção, mas não conseguia tirar os olhos dele. Lucas… aqui, na minha casa… comendo uma comida que eu fiz.
— Diogo? — Alice chamou, rindo baixinho. — Vem, senta também.
— Tô indo. — Peguei meu prato e me servi, tentando parecer normal.
Começamos a almoçar e Alice foi a primeira a puxar conversa.
— E aí, Lucas, me conta… o que você mais gostou da viagem?
Ele pensou um segundo, mastigando com calma.
— Acho que… o aquário. — Seus olhos brilharam. — Eu sempre gostei do mar.
Alice se mostrou surpresa.
— Sério? Que legal. O que você mais gosta? Os peixes, tubarões…?
Lucas apoiou os cotovelos na mesa, animado.
— Gosto de tudo. Mas o que mais me impressiona é como cada animal do mar tem um jeito de sobreviver diferente. Tipo as águas-vivas, que não têm cérebro, mas ainda assim sabem se defender. E as tartarugas, que viajam milhares de quilômetros e depois voltam pro mesmo lugar pra botar ovos. E as baleias… elas cantam debaixo d’água, tipo… como se fosse música, pra se encontrar.
Eu fiquei parado, só observando e completamente fascinado. Ele falava com brilho nos olhos, usando as mãos pra explicar, como se estivesse dando uma aula.
— Você sabe bastante coisa, hein — comentei, sorrindo sem conseguir esconder o orgulho.
Lucas deu de ombros, meio tímido, mas ainda animado.
— Eu leio muito sobre isso e vejo documentários também quando meus irmãos deixavam usar o computador dele. Queria um dia poder mergulhar de verdade, sabe? Ver tudo de perto.
Alice apoiou o queixo na mão, encantada.
— Nossa, eu nunca ia adivinhar que você sabe tanta coisa do mar. É incrível. Quem sabe esse sonho seu não se realiza?
Ele olhou surpreso e animado.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Quantos capítulos são?...
Não consigo parar de ler é surpreendente, estou virando a noite lendo. É tão gostoso ler durante a madrugada no silêncio enquanto todos dormem. Diego e Alice são perfeitos juntos, assim como Alessandro e Larissa...
Maravilhoso,sem palavras recomendo vale muito apena ler👏🏼👏🏼...
Quem tem a história Completa do Diogo?...
Gostaria de dizer que plágio é crime. Essa história é minha e não está autorizada a ser respostada aqui. Irei entrar com uma ação, tanto para quem está lançando a história como quem está lendo....
Linda história. Adorando ler...
Muito linda a história Estou gostando muito de ler Só estou esperando desbloquear e liberar os outros que estão faltando pra mim terminar de ler...
Muito boa a história, mas tem alguns capítulos que enrolam o desfecho. Ela já tá ficando repetitiva com o motivo da mágoa...
História maravilhosa. Qual o nome da história do Diogo?...
Não consigo parar de ler, cada capítulo uma emoção....