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Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 273

Olhei para ele por um instante, vendo seus olhos que eram parecidos com os de Mádila.

— Lucas… tem uma coisa que eu preciso te contar. — Minha voz saiu quase num sussurro.

Ele ergueu um pouquinho a cabeça.

— Mádila, sua mãe.… — engoli em seco — ela era minha prima.

Os olhinhos dele se arregalaram em um choque silencioso que me fez apertar de leve a sua mão.

— Prima? — ele repetiu, baixinho, como se tentasse encaixar a palavra em algum lugar.

— É. — Assenti. — Nós crescemos juntas e eu também sei um pouco do que você sente. Tenho diabetes tipo 1 e toda a minha família achava que eu era só um problema… diziam que só servia pra dar trabalho, pra gastar o pouco dinheiro que eles não tinham.

Vi algo diferente nos seus olhos, era um reconhecimento de uma dor conhecida. Ele não falou nada, só continuou me olhando, atento.

— Nunca tive festa de aniversário, mas a sua mãe… a Mádila… sempre dava um jeito de aparecer com um bolinho pequeno. Às vezes era só um pão doce com um palito de fósforo no lugar da vela. A gente cantava parabéns bem baixinho, só nós duas. Ela foi a única pessoa que me amou de verdade quando eu era criança.

Ele mordeu o lábio, apertando mais os joelhos contra o peito.

— E quando eu descobri que o Diogo estava envolvido no que aconteceu com ela… — minha voz falhou um pouco — eu surtei e não queria mais ver ele, nem chegar perto.

Ele franziu a testa, confuso.

— Então… por que você ficou com ele?

Suspirei, olhando para o céu que começava a mudar de cor.

— Porque ele me mostrou que nunca teve culpa. — Falei devagar. — Eu vi as provas, vi como ele tentou se afastar da sua mãe quando percebeu que as coisas estavam ficando perigosas. Mas ela insistia muito.

Lucas ficou em silêncio, absorvendo cada palavra.

— Mádila mudou muito depois que se mudou de cidade, Lucas. Esse lado que o Diogo conheceu… eu não conhecia. No final, entendi que o que aconteceu foi um acidente, uma fatalidade e eu perdoei. Porque, como eu disse, o Diogo é um homem incrível e… — respirei fundo, deixando escapar um sorriso pequeno — eu já estava apaixonada por ele.

Ele abaixou o rosto de novo, olhando fixamente para o chão da varanda.

— Eu… eu tô confuso. — Sua voz era um fio, quase um pedido de ajuda.

Passei a mão com carinho em seus cabelos, sentindo os fios macios sob meus dedos.

— Eu entendo, meu querido. — Disse bem baixinho. — É muita coisa pra você, eu sei. Foi confuso até pra mim, e eu já sou adulta. Imagina pra você, que ainda é uma criança.

Ele respirou fundo, mas não afastou minha mão.

— Mas você é muito esperto, Lucas. Eu sei que, no seu tempo, você vai entender tudo. Não precisa decidir nada agora.

Ele encostou a cabeça no meu braço, ainda calado, mas a tensão nos ombros pareceu diminuir um pouco. Fiquei ali fazendo carinho, oferecendo a única coisa que eu podia naquele momento, minha presença, paciência e um afeto que ele nunca deveria ter duvidado que merecia.

Diogo se aproximou devagar pelo caminho de madeira que levava até a beira da piscina. Ele parecia hesitante, como se cada passo fosse pesado demais. Quando nossos olhares se cruzaram, eu apenas assenti, dando um pequeno sinal para que ele viesse. Lucas, que estava sentado ao meu lado na espreguiçadeira, ergueu os olhos rapidamente um pouco tenso, como se não soubesse bem o que esperar.

Diogo parou a poucos passos, respirou fundo e, por um instante, achei que ele fosse recuar. Mas ele continuou, sentando-se na espreguiçadeira de frente para nós e passou a mão pelo rosto, com os ombros levemente caídos.

— Lucas… eu queria te pedir perdão.

O garoto franziu a testa, mas ficou em silêncio.

— Sei que preciso ter paciência — Diogo continuou, encarando o chão por um segundo. — Paciência para que você possa decidir o que quer… Mas preciso que você saiba que eu sempre te amei. Sempre. Mesmo sem te conhecer direito, ficava horas olhando aquelas fotos, imaginando como seria você aqui, comigo.

Lucas mordeu o canto do lábio, ainda sem tirar os olhos de Diogo.

— Então… por que você não foi me ver? — a pergunta saiu num fio de voz, quase um sussurro.

Diogo respirou fundo, como se aquelas palavras tivessem atravessado direto o peito dele.

— Eu tive medo. — Ele ergueu os olhos, agora brilhando. — Medo de encarar a verdade, de não ser um bom pai. De tirar você de algo que, na minha cabeça, era estável.

Ele fez uma pausa, sua voz ficando um pouco mais trêmula.

— Também tinha medo de você me rejeitar e… ainda tenho. Medo de você não querer me ver, não querer saber de mim. Mas vou esperar o tempo que for preciso. Eu só quero que você saiba que eu sempre te amei e agora, conhecendo você melhor… eu te amo ainda mais. E tenho muito orgulho do garoto que você é.

Lucas ficou olhando para ele por alguns segundos que pareceram uma eternidade. Depois, desviou o olhar, mexendo nos dedos, meio tímido. O peito de Diogo subiu e desceu num suspiro quase silencioso.

Senti um calor subir pelo peito e sorri, tentando quebrar um pouco daquele peso.

— Sabe, Lucas… eu também tenho muito orgulho de você. — Ele me olhou de lado, desconfiado. — Vou sair por aí dizendo que conheço um garoto de oito anos que sabe tudo sobre o mar, tira as melhores notas da escola e é, de longe, a pessoa mais forte que eu já conheci.

Ele corou, baixando os olhos para o chão.

— Você não precisa mentir… — murmurou.

Cap.0112 - Alice 1

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