Senti o nervosismo voltar com força, como uma onda que me engolia inteira.
— O que você está fazendo aqui, Alice? — ela perguntou, com a voz firme e carregada de incredulidade. — Quem te chamou?
Abri a boca, pronta pra responder, mas meu pai foi mais rápido. Ele deu um passo à frente, erguendo o queixo com uma firmeza que eu não via nele há anos.
— Eu chamei. — disse, com a voz firme, mesmo embargada pela emoção de antes. — Fui eu quem pediu pra ela vir.
Minha mãe franziu o cenho, mas não disse nada.
— Eu me arrependo de tudo o que fiz com ela e você deveria se arrepender também. Alice nunca teve culpa de ter nascido com a doença. Nós somos os pais dela, devíamos ter sido o seu porto seguro. Mas fomos o pesadelo… fomos só dor.
As lágrimas voltaram a escorrer pelo meu rosto e eu não conseguia segurar. Minha mãe me encarava em silêncio, imóvel.
— E mesmo assim… — meu pai disse, com a voz pesada de arrependimento — mesmo só recebendo desgosto e raiva da nossa parte, ela nunca nos abandonou. Sempre mandou dinheiro, sempre ligava pra saber como estávamos. Nós falhamos miseravelmente com ela.
Minha mãe desviou o olhar. Por um segundo, quase não a reconheci. Ela parecia… envergonhada com os ombros caídos, sem palavras. Depois, simplesmente se virou e saiu, fechando a porta atrás dela sem dizer nada.
Fiquei com o coração disparado, tão forte que parecia que ia rasgar meu peito.
Meu pai respirou fundo e olhou pra mim.
— Ela vai entender, filha. Um dia… ela vai perceber o quanto errou e vai pedir o teu perdão.
Engoli em seco e apenas assenti, sem conseguir responder nada.
Ele me puxou pra mais um abraço apertado e cheio de emoção.
— Eu tô tão feliz por a gente ter resolvido isso, minha filha… tão feliz.
Sorri em meio às lágrimas, apoiando a cabeça no ombro dele.
— E eu também, pai. Muito.
Me afastei um pouco e perguntei, enxugando os olhos.
— Você está precisando de alguma coisa?
Ele balançou a cabeça.
— Não, não… eu me viro. O hospital vai disponibilizar uma ambulância pra me levar pra casa. Vai dar tudo certo.
Suspirei, aliviada.
— Tá bem. Mas eu espero que você ligue mais vezes, viu? Pra me contar como tá, pra gente conversar.
— Eu vou ligar. — ele garantiu, apertando de novo minhas mãos. — E agora daqui pra frente, tudo vai ser diferente.
Meu sorriso saiu cheio de emoção, com as lágrimas ainda manchando meu rosto.
— Esse é um dos momentos mais felizes da minha vida, pai.
Ele me puxou de novo pro abraço.
— Me desculpa mais uma vez, minha filha… mas te prometo, daqui pra frente… só vai ser amor.
***
Assim que cheguei à empresa, tentei manter minha mente focada no trabalho. Ainda estava abalada com tudo que tinha acontecido no hospital, mas não podia deixar isso interferir. Respirei fundo, tomei um café forte e me sentei à mesa para revisar os e-mails e as pendências.
Não demorou muito até o ramal da recepção tocar.
— Alice, você pode descer aqui? — a voz da recepcionista soava nervosa. — Tem um homem insistindo em ver a senhora Larissa. Eu expliquei que ela está de licença, mas ele não quer aceitar… tá sendo difícil de lidar.
Respirei fundo, já me levantando.
— Estou indo.
Desci com passos firmes, ajeitando minha blusa e tentando organizar na mente uma abordagem que fosse profissional, mas também firme. Quando cheguei à recepção, lá estava ele, um homem de terno cinza com uma gravata meio torta e o olhar impaciente.
— A senhora Larissa precisa me atender! — ele exclamava, já erguendo o tom de voz. — Eu não vou sair daqui sem resolver isso!
Me aproximei com calma, mantendo o olhar fixo nele.
— Boa tarde. Eu sou Alice Mendes, assistente pessoal da senhora Larissa. Em que posso ajudar?
Ele me lançou um olhar de cima a baixo, quase desdenhoso.
— Não, não, não… eu não quero falar com assistente. Eu quero falar com ela!
Mantive minha postura, sem me intimidar.
— Infelizmente, a senhora Larissa não está disponível no momento. Ela está de licença e não pode tratar de negócios agora.
— Mas isso é urgente! — ele rebateu, batendo a mão no balcão. — Se ela não resolver logo, esse contrato pode ir pro ralo.
Respirei fundo, segurando a vontade de revirar os olhos.
— Eu entendo a urgência, senhor… — fiz uma breve pausa, mantendo a voz firme — mas levantar a voz aqui não vai acelerar nada. O que podemos fazer é o seguinte, o senhor me passa os detalhes, eu registro tudo e garanto que a diretoria esteja ciente. Qualquer decisão que dependa exclusivamente dela, será analisada assim que ela retornar.
Ele bufou, impaciente.
— Não é suficiente!
Cruzei os braços, erguendo o queixo levemente.
— É o que temos neste momento. Eu sei que o senhor está preocupado com o contrato, mas posso lhe garantir que não é do interesse da nossa empresa perder nenhum parceiro de negócios. Vamos manter os trâmites em ordem até a volta dela. Se o senhor quiser, marcamos já uma pré-reunião para a semana seguinte ao retorno dela, e eu mesma acompanho o andamento.
Houve um silêncio breve. Ele me encarou, como se testasse a firmeza das minhas palavras. Eu apenas o encarei de volta, sem vacilar.
Por fim, ele soltou um suspiro pesado e assentiu.
— Está bem. Eu não gosto disso, mas… eu aceito a pré-reunião.
Dei um leve sorriso profissional.
— Ótimo. Vou registrar imediatamente e lhe enviaremos a confirmação por e-mail ainda hoje.
Ele pegou a pasta que estava sobre o balcão, ajeitou a gravata e resmungou algo baixo antes de se virar e sair.
Assim que ele atravessou a porta de vidro, soltei o ar que nem percebi que estava prendendo. A recepcionista me olhou com olhos arregalados.
— Eu não conseguiria… você foi incrível.
Sorri de lado, tentando disfarçar o nervosismo que só agora me alcançava.
O carro estava silencioso por alguns minutos, só o som do motor preenchendo o espaço. Observava Lucas pelo retrovisor, ele parecia completamente hipnotizado pelo relógio.
Foi quando Diogo quebrou o silêncio.
— E aí, como foi com seu pai? — ele perguntou, virando a cabeça rapidamente na minha direção, antes de voltar os olhos pra estrada.
— Olha… foi melhor do que eu imaginava. Não deu para contar tudo a você por mensagem. — soltei uma risadinha baixa. — Ele ficou meio sem jeito quando me viu, mas… então me pediu perdão, conversou e eu senti que era de verdade…
Diogo arqueou a sobrancelha, curioso.
— Você o perdoou?
Assenti, olhando pela janela.
— Sim… não quero criar meu filho sem que ele conheça a família e meu pai disse que quer isso também. Espero de coração que seja tudo verdadeiro, porque no menor sinal de ele ser com meu filho o que foi comigo, já corto a relação de uma vez.
— E você? — ele perguntou, a voz mais suave agora. — Como se sentiu lá?
Pensei um pouco antes de responder.
— Estranho. Parte de mim queria abraçá-lo e esquecer tudo… outra parte queria virar as costas e ir embora. Mas quando ele perguntou se eu estava bem… — pausei, engoli seco. — Eu vi sinceridade nos olhos dele. Isso me deu esperança.
Senti a mão de Diogo procurar a minha sobre o banco e apertar de leve.
— Você merece isso, Alice. — ele murmurou. — Merece ter paz com eles.
— É… — soltei um sorriso pequeno. — Eu só espero que não seja tarde demais.
— Nunca é tarde demais quando há amor. — ele disse firme, com aquela convicção que parecia vir da alma.
Olhei pra ele e sorri sentindo meu peito aquecendo.
— Você fala como se tivesse certeza absoluta.
Ele riu baixinho.
— Eu tenho. Principalmente porque eu sei que você ainda ama sua família. E, sinceramente… se eles te perderam uma vez, não vão cometer o mesmo erro de novo.
O silêncio tomou conta de novo, mas dessa vez era leve, confortável. Lucas então ergueu o relógio todo animado.
— Alice, olha! Ele brilha no escuro?
Diogo riu, desviando um segundo os olhos e eu me virei um pouco para ele, sorrindo.
. — Brilha sim, meu amor.
— Sério? Uau… — Lucas abriu um sorrisão, encantado.
A cena arrancou uma risada minha, e eu apertei de leve a mão de Diogo.
— Você não faz ideia do quanto ele te admira.
— Eu sei… — ele murmurou, sem disfarçar o orgulho na voz. — E eu quero estar à altura disso.
Olhei de novo pela janela, mas o sorriso permaneceu nos meus lábios.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Tá cada dia pior, os capítulos estão faltando e alguns estão se repetindo....
Gente que absurdo, faltando vários capítulos agora é 319.ainda querem que a gente pague por isso?...
Cadê o capítulo 309?...
Alguém sabe do cap 207?...
Capítulo 293 e de mais tá bloqueado parcialmente sendo que já está entre os gratuitos...
Capítulo 293 tá bloqueado sendo que já está entre os gratuitos...
Quantos capítulos são?...
Não consigo parar de ler é surpreendente, estou virando a noite lendo. É tão gostoso ler durante a madrugada no silêncio enquanto todos dormem. Diego e Alice são perfeitos juntos, assim como Alessandro e Larissa...
Maravilhoso,sem palavras recomendo vale muito apena ler👏🏼👏🏼...
Quem tem a história Completa do Diogo?...