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Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 277

Senti o nervosismo voltar com força, como uma onda que me engolia inteira.

— O que você está fazendo aqui, Alice? — ela perguntou, com a voz firme e carregada de incredulidade. — Quem te chamou?

Abri a boca, pronta pra responder, mas meu pai foi mais rápido. Ele deu um passo à frente, erguendo o queixo com uma firmeza que eu não via nele há anos.

— Eu chamei. — disse, com a voz firme, mesmo embargada pela emoção de antes. — Fui eu quem pediu pra ela vir.

Minha mãe franziu o cenho, mas não disse nada.

— Eu me arrependo de tudo o que fiz com ela e você deveria se arrepender também. Alice nunca teve culpa de ter nascido com a doença. Nós somos os pais dela, devíamos ter sido o seu porto seguro. Mas fomos o pesadelo… fomos só dor.

As lágrimas voltaram a escorrer pelo meu rosto e eu não conseguia segurar. Minha mãe me encarava em silêncio, imóvel.

— E mesmo assim… — meu pai disse, com a voz pesada de arrependimento — mesmo só recebendo desgosto e raiva da nossa parte, ela nunca nos abandonou. Sempre mandou dinheiro, sempre ligava pra saber como estávamos. Nós falhamos miseravelmente com ela.

Minha mãe desviou o olhar. Por um segundo, quase não a reconheci. Ela parecia… envergonhada com os ombros caídos, sem palavras. Depois, simplesmente se virou e saiu, fechando a porta atrás dela sem dizer nada.

Fiquei com o coração disparado, tão forte que parecia que ia rasgar meu peito.

Meu pai respirou fundo e olhou pra mim.

— Ela vai entender, filha. Um dia… ela vai perceber o quanto errou e vai pedir o teu perdão.

Engoli em seco e apenas assenti, sem conseguir responder nada.

Ele me puxou pra mais um abraço apertado e cheio de emoção.

— Eu tô tão feliz por a gente ter resolvido isso, minha filha… tão feliz.

Sorri em meio às lágrimas, apoiando a cabeça no ombro dele.

— E eu também, pai. Muito.

Me afastei um pouco e perguntei, enxugando os olhos.

— Você está precisando de alguma coisa?

Ele balançou a cabeça.

— Não, não… eu me viro. O hospital vai disponibilizar uma ambulância pra me levar pra casa. Vai dar tudo certo.

Suspirei, aliviada.

— Tá bem. Mas eu espero que você ligue mais vezes, viu? Pra me contar como tá, pra gente conversar.

— Eu vou ligar. — ele garantiu, apertando de novo minhas mãos. — E agora daqui pra frente, tudo vai ser diferente.

Meu sorriso saiu cheio de emoção, com as lágrimas ainda manchando meu rosto.

— Esse é um dos momentos mais felizes da minha vida, pai.

Ele me puxou de novo pro abraço.

— Me desculpa mais uma vez, minha filha… mas te prometo, daqui pra frente… só vai ser amor.

***

Assim que cheguei à empresa, tentei manter minha mente focada no trabalho. Ainda estava abalada com tudo que tinha acontecido no hospital, mas não podia deixar isso interferir. Respirei fundo, tomei um café forte e me sentei à mesa para revisar os e-mails e as pendências.

Não demorou muito até o ramal da recepção tocar.

— Alice, você pode descer aqui? — a voz da recepcionista soava nervosa. — Tem um homem insistindo em ver a senhora Larissa. Eu expliquei que ela está de licença, mas ele não quer aceitar… tá sendo difícil de lidar.

Respirei fundo, já me levantando.

— Estou indo.

Desci com passos firmes, ajeitando minha blusa e tentando organizar na mente uma abordagem que fosse profissional, mas também firme. Quando cheguei à recepção, lá estava ele, um homem de terno cinza com uma gravata meio torta e o olhar impaciente.

— A senhora Larissa precisa me atender! — ele exclamava, já erguendo o tom de voz. — Eu não vou sair daqui sem resolver isso!

Me aproximei com calma, mantendo o olhar fixo nele.

— Boa tarde. Eu sou Alice Mendes, assistente pessoal da senhora Larissa. Em que posso ajudar?

Ele me lançou um olhar de cima a baixo, quase desdenhoso.

— Não, não, não… eu não quero falar com assistente. Eu quero falar com ela!

Mantive minha postura, sem me intimidar.

— Infelizmente, a senhora Larissa não está disponível no momento. Ela está de licença e não pode tratar de negócios agora.

— Mas isso é urgente! — ele rebateu, batendo a mão no balcão. — Se ela não resolver logo, esse contrato pode ir pro ralo.

Respirei fundo, segurando a vontade de revirar os olhos.

— Eu entendo a urgência, senhor… — fiz uma breve pausa, mantendo a voz firme — mas levantar a voz aqui não vai acelerar nada. O que podemos fazer é o seguinte, o senhor me passa os detalhes, eu registro tudo e garanto que a diretoria esteja ciente. Qualquer decisão que dependa exclusivamente dela, será analisada assim que ela retornar.

Ele bufou, impaciente.

— Não é suficiente!

Cruzei os braços, erguendo o queixo levemente.

— É o que temos neste momento. Eu sei que o senhor está preocupado com o contrato, mas posso lhe garantir que não é do interesse da nossa empresa perder nenhum parceiro de negócios. Vamos manter os trâmites em ordem até a volta dela. Se o senhor quiser, marcamos já uma pré-reunião para a semana seguinte ao retorno dela, e eu mesma acompanho o andamento.

Houve um silêncio breve. Ele me encarou, como se testasse a firmeza das minhas palavras. Eu apenas o encarei de volta, sem vacilar.

Por fim, ele soltou um suspiro pesado e assentiu.

— Está bem. Eu não gosto disso, mas… eu aceito a pré-reunião.

Dei um leve sorriso profissional.

— Ótimo. Vou registrar imediatamente e lhe enviaremos a confirmação por e-mail ainda hoje.

Ele pegou a pasta que estava sobre o balcão, ajeitou a gravata e resmungou algo baixo antes de se virar e sair.

Assim que ele atravessou a porta de vidro, soltei o ar que nem percebi que estava prendendo. A recepcionista me olhou com olhos arregalados.

— Eu não conseguiria… você foi incrível.

Sorri de lado, tentando disfarçar o nervosismo que só agora me alcançava.

O carro estava silencioso por alguns minutos, só o som do motor preenchendo o espaço. Observava Lucas pelo retrovisor, ele parecia completamente hipnotizado pelo relógio.

Foi quando Diogo quebrou o silêncio.

— E aí, como foi com seu pai? — ele perguntou, virando a cabeça rapidamente na minha direção, antes de voltar os olhos pra estrada.

Sorri de canto, lembrando da cena.

— Olha… foi melhor do que eu imaginava. Não deu para contar tudo a você por mensagem. — soltei uma risadinha baixa. — Ele ficou meio sem jeito quando me viu, mas… então me pediu perdão, conversou e eu senti que era de verdade…

Diogo arqueou a sobrancelha, curioso.

— Você o perdoou?

Assenti, olhando pela janela.

— Sim… não quero criar meu filho sem que ele conheça a família e meu pai disse que quer isso também. Espero de coração que seja tudo verdadeiro, porque no menor sinal de ele ser com meu filho o que foi comigo, já corto a relação de uma vez.

— E você? — ele perguntou, a voz mais suave agora. — Como se sentiu lá?

Pensei um pouco antes de responder.

— Estranho. Parte de mim queria abraçá-lo e esquecer tudo… outra parte queria virar as costas e ir embora. Mas quando ele perguntou se eu estava bem… — pausei, engoli seco. — Eu vi sinceridade nos olhos dele. Isso me deu esperança.

Senti a mão de Diogo procurar a minha sobre o banco e apertar de leve.

— Você merece isso, Alice. — ele murmurou. — Merece ter paz com eles.

— É… — soltei um sorriso pequeno. — Eu só espero que não seja tarde demais.

— Nunca é tarde demais quando há amor. — ele disse firme, com aquela convicção que parecia vir da alma.

Olhei pra ele e sorri sentindo meu peito aquecendo.

— Você fala como se tivesse certeza absoluta.

Ele riu baixinho.

— Eu tenho. Principalmente porque eu sei que você ainda ama sua família. E, sinceramente… se eles te perderam uma vez, não vão cometer o mesmo erro de novo.

O silêncio tomou conta de novo, mas dessa vez era leve, confortável. Lucas então ergueu o relógio todo animado.

— Alice, olha! Ele brilha no escuro?

Diogo riu, desviando um segundo os olhos e eu me virei um pouco para ele, sorrindo.

. — Brilha sim, meu amor.

— Sério? Uau… — Lucas abriu um sorrisão, encantado.

A cena arrancou uma risada minha, e eu apertei de leve a mão de Diogo.

— Você não faz ideia do quanto ele te admira.

— Eu sei… — ele murmurou, sem disfarçar o orgulho na voz. — E eu quero estar à altura disso.

Olhei de novo pela janela, mas o sorriso permaneceu nos meus lábios.

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