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Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 283

(Diogo)

Alice foi direto pro banho quando chegamos em casa e eu fiquei na cozinha, tentando preparar algo simples para o jantar.

Enquanto cortava alguns legumes, ouvi os passinhos leves vindo da sala. Quando olhei, vi Lucas se aproximando devagar, com aquele jeitinho curioso dele.

— Pai… — ele disse baixinho, meio tímido.

A palavra me pegou de jeito, como sempre. Por mais que ele já tivesse me chamado assim algumas vezes, toda vez parecia a primeira. Olhei pra ele e sorri, sentindo o peito aquecer.

— Gosto quando você me chama assim — falei, sincero. — Pode chamar sempre, tá?

Ele abriu um sorrisinho tímido, mexendo nos dedos.

— Deu certo a surpresa?

Sorri ainda mais, lembrando do brilho nos olhos da Alice quando ajoelhei e fiz o pedido.

— Deu sim. Ela ficou muito feliz e eu também.

Lucas apoiou os cotovelos na mesa e me olhou curioso.

— E quando vai ser o casamento?

Soltei um riso leve.

— Ainda vamos marcar a data. Mas vai ser em breve, prometo.

Ele assentiu, satisfeito e se sentou à mesa. Comecei a colocar os pratos e talheres quando ele disse, com um ar de quem estava orgulhoso demais.

— Eu guardei o segredo direitinho, viu? Igual você pediu.

Sorri, balançando a cabeça.

— E guardou mesmo. Você foi meu cúmplice perfeito.

Foi aí que ouvi uma voz atrás de mim.

— Ah é? Quer dizer que o bonitinho sabia do segredo também?

Me virei e lá estava Alice, de braços cruzados, com o cabelo ainda úmido e uma sobrancelha arqueada num jeito provocante.

Lucas me olhou, arregalou os olhos e deu aquele sorrisinho de quem foi pego em flagrante.

— O pai disse que era segredo e uma coisa boa.

Alice não resistiu e abriu um sorriso doce, se aproximando. Sentou ao lado dele e mostrou a mão, levantando o anel pra ele ver.

— E era mesmo uma coisa boa — disse, com um brilho no olhar. — Olha só, agora eu tô noiva de um bilionário!

Estava bebendo suco quando ela decidiu testar a minha vida.

— Vou fazer dele o velho da lancha.

Engasguei na hora.

— O quê?! — tossi, rindo ao mesmo tempo, enquanto o suco quase saía pelo nariz. — Você não presta, Alice!

Ela me olhou da maneira mais cínica do mundo, com um sorriso convencido no rosto. Já Lucas, coitado, olhava de um pro outro sem entender nada.

— Eu não entendi — ele disse, franzindo a testa. — Que velho da lancha?

Alice se recompôs o suficiente pra dar um sorriso inocente.

— Nada, amor. É só uma piada. — E me olhou de lado, divertida. — Entre adultos.

— Aham, sei — murmurei, ainda rindo. — Você vai me pagar por essa.

Ela piscou.

— Promessas, promessas.

Lucas olhou pra nós dois, balançou a cabeça e soltou um risinho.

— Vocês são engraçados.

Eu o olhei, com o coração leve.

— É… a gente tenta.

Sentei à mesa com eles, depois de deixar o prato de Lucas pronto enquanto ele já olhava curioso pra comida, com aquele jeitinho impaciente de quem estava de fome.

— Quinta-feira a gente vai ter um compromisso — avisei, cortando um pedaço da carne. — Vamos encontrar o engenheiro responsável pela construção do colégio. Pelo visto, o projeto já está bem adiantado.

Alice levantou o olhar surpresa e animada.

— Sério? Já?

— Uhum. — assenti, tomando um gole de suco. — E você vai gostar de ver como ficou.

Lucas me olhou curioso, com os olhos brilhando.

— Eu posso ir também?

— Claro que pode — sorri pra ele. — Você faz parte disso também, sabia?

O sorriso que ele deu foi daqueles que iluminam o rosto inteiro.

— Que massa! Quero ver tudo!

Alice olhou pra ele e riu, balançando a cabeça.

— Já tô vendo quem vai ficar fazendo mil perguntas pro engenheiro.

— É bom perguntar pra aprender. — Lucas disse antes de comer mais um pouco.

Eu ri, orgulhoso.

— E tá certíssimo. Perguntar nunca é demais.

***

Segunda-feira chegou e o ritmo mudou completamente.

Tinha uma reunião importante logo cedo e por mais que eu quisesse ficar em casa, não dava pra adiar. Lucas veio comigo porque não havia ninguém pra ficar com ele hoje, e deixá-lo sozinho não era opção.

A reunião parecia interminável. Os números, relatórios, as discussões sobre contratos… tudo aquilo soava mais pesado do que o normal. Parte porque minha cabeça não estava ali de verdade, estava com o garoto que esperava por mim na minha sala, provavelmente entediado.

E foi nesse meio tempo, ouvindo um dos diretores repetir o mesmo argumento pela terceira vez, que uma ideia me veio: por que não criar um espaço aqui na empresa para as crianças?

Um lugar onde os filhos dos funcionários pudessem ficar quando não tivessem com quem deixá-los.

Não só resolveria situações como essa, mas mostraria que a empresa realmente se importava com quem trabalhava nela.

Assenti mentalmente, já imaginando o projeto tomando forma.

A reunião enfim terminou.

Soltei o ar, afrouxando a gravata enquanto saía da sala. Linda, sempre impecável, vinha ao meu lado, segurando o tablet e tentando me atualizar sobre os próximos compromissos.

— O senhor fez o certo, Diogo — ela dizia. — O Sr. Amarantos vai entender que cortar as relações com a Fix’s foi necessário.

Suspirei, passando a mão pelos cabelos.

— Espero que entenda mesmo. Ele é um bom investidor e perder um cliente como o Amarantos não é pouca coisa.

Paramos em frente à minha sala.

— Marca uma reunião com a equipe financeira e o RH ainda hoje — pedi. — Quero discutir uma ideia nova.

— Certo. — ela assentiu e foi se sentar à mesa dela.

Empurrei a porta e entrei.

A primeira coisa que vi foi Lucas, sentado no sofá com um livro nas mãos. Reconheci de cara “O Menino que Descobriu o Vento”. Era um dos meus favoritos.

Ele levantou o olhar, um pouco sem graça.

— Eu vi esse livro ali e comecei a ler… espero que não tenha problema.

Sorri, apoiando as mãos no bolso.

— Nenhum problema. Pode ler à vontade e se quiser, leva pra casa pra terminar.

Assenti, respirei fundo e fui até o quarto de Lucas. Bati de leve na porta antes de abrir.

O quarto estava uma bagunça boa com brinquedos espalhados pelo tapete, carrinhos e bonecos de heróis. Lucas estava sentado no chão todo concentrado, mas quando me viu, sorriu.

— Oi— falei, me aproximando. — Está com sono ou com fome?

Ele negou com a cabeça, sorrindo.

— Um pouquinho de sono só…

Assenti, e entrei, me sentando na beira da cama e fazendo um sinal pra ele se aproximar.

— Vem cá um pouquinho.

Lucas hesitou por um segundo, mas se levantou e veio, sentando ao meu lado. Fiquei um instante calado, tentando achar as palavras certas.

— Sabe… — comecei, passando a mão nos cabelos. — Eu queria te apresentar pra minha mãe e pro meu irmão. Eles estão muito ansiosos pra te conhecer.

Ele me olhou, meio curioso, mas sem dizer nada.

— Minha mãe é uma mulher incrível — continuei. — A melhor mãe do mundo e está louca pra conhecer o neto. Ela manda mensagem todo dia, pede fotos, quer saber o que você tá fazendo… E o Caleb, meu irmão, também tá animado. Vive perguntando quando vai poder te ver.

Lucas abaixou o olhar pro tapete, brincando com os dedos. Eu entendi o silêncio dele e completei…

— Sei que é tudo novo e eu prometi que não ia te forçar a nada. Se você achar que ainda não é hora, tudo bem. Eles esperam mais um pouquinho.

Ele levantou o olhar devagar, com um sorrisinho pequeno.

— Tudo bem… eu quero conhecer eles sim.

Senti um alívio tão grande que ri baixinho e o puxei pra um abraço apertado.

— Obrigado, campeão. Você não sabe o quanto isso vai deixar eles felizes… e eu também.

— Pode ser amanhã? — perguntei, ainda abraçado com ele. — Um jantar lá?

Lucas assentiu.

— Pode ser.

O abracei de novo, com vontade. Era incrível como aquele garoto já fazia parte da minha vida de um jeito que eu nem imaginava possível.

— Quer ajuda pra arrumar o quarto? — perguntei, olhando a bagunça.

Ele deu um risinho e balançou a cabeça.

— Eu arrumo sozinho.

Assenti, me levantando.

— Tudo bem, mas escova os dentes e usa o fio dental antes de dormir, hein?

— Tá bom — respondeu, sorrindo.

— Boa noite, Lucas.

— Boa noite, pai.

Essas duas palavrinhas me acertaram em cheio no peito, do melhor jeito possível. Sorri largo, acenei e saí do quarto.

Quando voltei pro nosso quarto, Alice estava deitada, mexendo no celular. Assim que me viu, ergueu o olhar.

— E aí, como foi?

Me sentei ao lado dela, ainda sorrindo.

— Amanhã a gente vai jantar na casa da minha mãe.

Os olhos dela brilharam.

— Eu sabia que ele ia topar! Lucas é uma criança incrível.

Assenti, passando o braço pelos ombros dela e a puxando pra perto.

— É… ele é. — Dei um beijo de leve em sua testa. — Acho que amanhã vai ser uma noite especial pra todos nós.

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