(Diogo)
Alice foi direto pro banho quando chegamos em casa e eu fiquei na cozinha, tentando preparar algo simples para o jantar.
Enquanto cortava alguns legumes, ouvi os passinhos leves vindo da sala. Quando olhei, vi Lucas se aproximando devagar, com aquele jeitinho curioso dele.
— Pai… — ele disse baixinho, meio tímido.
A palavra me pegou de jeito, como sempre. Por mais que ele já tivesse me chamado assim algumas vezes, toda vez parecia a primeira. Olhei pra ele e sorri, sentindo o peito aquecer.
— Gosto quando você me chama assim — falei, sincero. — Pode chamar sempre, tá?
Ele abriu um sorrisinho tímido, mexendo nos dedos.
— Deu certo a surpresa?
Sorri ainda mais, lembrando do brilho nos olhos da Alice quando ajoelhei e fiz o pedido.
— Deu sim. Ela ficou muito feliz e eu também.
Lucas apoiou os cotovelos na mesa e me olhou curioso.
— E quando vai ser o casamento?
Soltei um riso leve.
— Ainda vamos marcar a data. Mas vai ser em breve, prometo.
Ele assentiu, satisfeito e se sentou à mesa. Comecei a colocar os pratos e talheres quando ele disse, com um ar de quem estava orgulhoso demais.
— Eu guardei o segredo direitinho, viu? Igual você pediu.
Sorri, balançando a cabeça.
— E guardou mesmo. Você foi meu cúmplice perfeito.
Foi aí que ouvi uma voz atrás de mim.
— Ah é? Quer dizer que o bonitinho sabia do segredo também?
Me virei e lá estava Alice, de braços cruzados, com o cabelo ainda úmido e uma sobrancelha arqueada num jeito provocante.
Lucas me olhou, arregalou os olhos e deu aquele sorrisinho de quem foi pego em flagrante.
— O pai disse que era segredo e uma coisa boa.
Alice não resistiu e abriu um sorriso doce, se aproximando. Sentou ao lado dele e mostrou a mão, levantando o anel pra ele ver.
— E era mesmo uma coisa boa — disse, com um brilho no olhar. — Olha só, agora eu tô noiva de um bilionário!
Estava bebendo suco quando ela decidiu testar a minha vida.
— Vou fazer dele o velho da lancha.
Engasguei na hora.
— O quê?! — tossi, rindo ao mesmo tempo, enquanto o suco quase saía pelo nariz. — Você não presta, Alice!
Ela me olhou da maneira mais cínica do mundo, com um sorriso convencido no rosto. Já Lucas, coitado, olhava de um pro outro sem entender nada.
— Eu não entendi — ele disse, franzindo a testa. — Que velho da lancha?
Alice se recompôs o suficiente pra dar um sorriso inocente.
— Nada, amor. É só uma piada. — E me olhou de lado, divertida. — Entre adultos.
— Aham, sei — murmurei, ainda rindo. — Você vai me pagar por essa.
Ela piscou.
— Promessas, promessas.
Lucas olhou pra nós dois, balançou a cabeça e soltou um risinho.
— Vocês são engraçados.
Eu o olhei, com o coração leve.
— É… a gente tenta.
Sentei à mesa com eles, depois de deixar o prato de Lucas pronto enquanto ele já olhava curioso pra comida, com aquele jeitinho impaciente de quem estava de fome.
— Quinta-feira a gente vai ter um compromisso — avisei, cortando um pedaço da carne. — Vamos encontrar o engenheiro responsável pela construção do colégio. Pelo visto, o projeto já está bem adiantado.
Alice levantou o olhar surpresa e animada.
— Sério? Já?
— Uhum. — assenti, tomando um gole de suco. — E você vai gostar de ver como ficou.
Lucas me olhou curioso, com os olhos brilhando.
— Eu posso ir também?
— Claro que pode — sorri pra ele. — Você faz parte disso também, sabia?
O sorriso que ele deu foi daqueles que iluminam o rosto inteiro.
— Que massa! Quero ver tudo!
Alice olhou pra ele e riu, balançando a cabeça.
— Já tô vendo quem vai ficar fazendo mil perguntas pro engenheiro.
— É bom perguntar pra aprender. — Lucas disse antes de comer mais um pouco.
Eu ri, orgulhoso.
— E tá certíssimo. Perguntar nunca é demais.
***
Segunda-feira chegou e o ritmo mudou completamente.
Tinha uma reunião importante logo cedo e por mais que eu quisesse ficar em casa, não dava pra adiar. Lucas veio comigo porque não havia ninguém pra ficar com ele hoje, e deixá-lo sozinho não era opção.
A reunião parecia interminável. Os números, relatórios, as discussões sobre contratos… tudo aquilo soava mais pesado do que o normal. Parte porque minha cabeça não estava ali de verdade, estava com o garoto que esperava por mim na minha sala, provavelmente entediado.
E foi nesse meio tempo, ouvindo um dos diretores repetir o mesmo argumento pela terceira vez, que uma ideia me veio: por que não criar um espaço aqui na empresa para as crianças?
Um lugar onde os filhos dos funcionários pudessem ficar quando não tivessem com quem deixá-los.
Não só resolveria situações como essa, mas mostraria que a empresa realmente se importava com quem trabalhava nela.
Assenti mentalmente, já imaginando o projeto tomando forma.
A reunião enfim terminou.
Soltei o ar, afrouxando a gravata enquanto saía da sala. Linda, sempre impecável, vinha ao meu lado, segurando o tablet e tentando me atualizar sobre os próximos compromissos.
— O senhor fez o certo, Diogo — ela dizia. — O Sr. Amarantos vai entender que cortar as relações com a Fix’s foi necessário.
Suspirei, passando a mão pelos cabelos.
— Espero que entenda mesmo. Ele é um bom investidor e perder um cliente como o Amarantos não é pouca coisa.
Paramos em frente à minha sala.
— Marca uma reunião com a equipe financeira e o RH ainda hoje — pedi. — Quero discutir uma ideia nova.
— Certo. — ela assentiu e foi se sentar à mesa dela.
Empurrei a porta e entrei.
A primeira coisa que vi foi Lucas, sentado no sofá com um livro nas mãos. Reconheci de cara “O Menino que Descobriu o Vento”. Era um dos meus favoritos.
Ele levantou o olhar, um pouco sem graça.
— Eu vi esse livro ali e comecei a ler… espero que não tenha problema.
Sorri, apoiando as mãos no bolso.
— Nenhum problema. Pode ler à vontade e se quiser, leva pra casa pra terminar.
Assenti, respirei fundo e fui até o quarto de Lucas. Bati de leve na porta antes de abrir.
O quarto estava uma bagunça boa com brinquedos espalhados pelo tapete, carrinhos e bonecos de heróis. Lucas estava sentado no chão todo concentrado, mas quando me viu, sorriu.
— Oi— falei, me aproximando. — Está com sono ou com fome?
Ele negou com a cabeça, sorrindo.
— Um pouquinho de sono só…
Assenti, e entrei, me sentando na beira da cama e fazendo um sinal pra ele se aproximar.
— Vem cá um pouquinho.
Lucas hesitou por um segundo, mas se levantou e veio, sentando ao meu lado. Fiquei um instante calado, tentando achar as palavras certas.
— Sabe… — comecei, passando a mão nos cabelos. — Eu queria te apresentar pra minha mãe e pro meu irmão. Eles estão muito ansiosos pra te conhecer.
Ele me olhou, meio curioso, mas sem dizer nada.
— Minha mãe é uma mulher incrível — continuei. — A melhor mãe do mundo e está louca pra conhecer o neto. Ela manda mensagem todo dia, pede fotos, quer saber o que você tá fazendo… E o Caleb, meu irmão, também tá animado. Vive perguntando quando vai poder te ver.
Lucas abaixou o olhar pro tapete, brincando com os dedos. Eu entendi o silêncio dele e completei…
— Sei que é tudo novo e eu prometi que não ia te forçar a nada. Se você achar que ainda não é hora, tudo bem. Eles esperam mais um pouquinho.
Ele levantou o olhar devagar, com um sorrisinho pequeno.
— Tudo bem… eu quero conhecer eles sim.
Senti um alívio tão grande que ri baixinho e o puxei pra um abraço apertado.
— Obrigado, campeão. Você não sabe o quanto isso vai deixar eles felizes… e eu também.
— Pode ser amanhã? — perguntei, ainda abraçado com ele. — Um jantar lá?
Lucas assentiu.
— Pode ser.
O abracei de novo, com vontade. Era incrível como aquele garoto já fazia parte da minha vida de um jeito que eu nem imaginava possível.
— Quer ajuda pra arrumar o quarto? — perguntei, olhando a bagunça.
Ele deu um risinho e balançou a cabeça.
— Eu arrumo sozinho.
Assenti, me levantando.
— Tudo bem, mas escova os dentes e usa o fio dental antes de dormir, hein?
— Tá bom — respondeu, sorrindo.
— Boa noite, Lucas.
— Boa noite, pai.
Essas duas palavrinhas me acertaram em cheio no peito, do melhor jeito possível. Sorri largo, acenei e saí do quarto.
Quando voltei pro nosso quarto, Alice estava deitada, mexendo no celular. Assim que me viu, ergueu o olhar.
— E aí, como foi?
Me sentei ao lado dela, ainda sorrindo.
— Amanhã a gente vai jantar na casa da minha mãe.
Os olhos dela brilharam.
— Eu sabia que ele ia topar! Lucas é uma criança incrível.
Assenti, passando o braço pelos ombros dela e a puxando pra perto.
— É… ele é. — Dei um beijo de leve em sua testa. — Acho que amanhã vai ser uma noite especial pra todos nós.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Tá cada dia pior, os capítulos estão faltando e alguns estão se repetindo....
Gente que absurdo, faltando vários capítulos agora é 319.ainda querem que a gente pague por isso?...
Cadê o capítulo 309?...
Alguém sabe do cap 207?...
Capítulo 293 e de mais tá bloqueado parcialmente sendo que já está entre os gratuitos...
Capítulo 293 tá bloqueado sendo que já está entre os gratuitos...
Quantos capítulos são?...
Não consigo parar de ler é surpreendente, estou virando a noite lendo. É tão gostoso ler durante a madrugada no silêncio enquanto todos dormem. Diego e Alice são perfeitos juntos, assim como Alessandro e Larissa...
Maravilhoso,sem palavras recomendo vale muito apena ler👏🏼👏🏼...
Quem tem a história Completa do Diogo?...