(Caleb)
Fiquei parado ali, em frente ao portão do condomínio, com as mãos trêmulas sobre o aro da cadeira. O vento da noite batia leve, mas parecia frio demais pro calor que subia pelo meu peito.
Aquele era o prédio onde Diogo tinha o apartamento. E agora… também era onde ela estava.
Fernanda.
Nunca teria imaginado que meu irmão esconderia algo assim de mim. Ele sempre foi o tipo de homem que fazia o impossível pra me proteger, mas esconder a Fernanda? Depois de tudo que a gente viveu? Depois do jeito que ela sumiu da minha vida?
Meu peito apertou.
Por um segundo, eu quis acreditar que era algum mal-entendido. Que ele tinha um bom motivo. Mas quanto mais eu pensava, mais parecia doer. Ela tinha estado tão perto esse tempo todo.
Peguei o celular no bolso da jaqueta. Olhei pra tela por alguns segundos. O número dela ainda estava ali, gravado e bloqueado. Engoli seco e desbloqueei.
Meu dedo pairou sobre o botão de ligar. Droga… o que eu tava fazendo?
Mesmo assim, apertei.
O toque ecoou alto no meu ouvido.
Uma vez.
Duas.
Três.
Quando eu já achava que ia cair na caixa postal, a voz dela veio suave, um pouco hesitante, mas tão familiar que meu coração deu um pulo.
— Alô?
Por um momento, fiquei mudo. Aquela voz... era como ouvir um pedaço do passado que eu jurei que tinha enterrado.
Ela chamou meu nome, surpresa.
— …Caleb?
Fechei os olhos e respirei fundo, sentindo o peito apertar.
— Sou eu — respondi, com a voz meio rouca. — Eu… tô aqui embaixo.
Houve um silêncio do outro lado, quase podia imaginar a expressão dela, confusa, sem saber o que dizer.
— Aqui embaixo? — ela repetiu, meio sem acreditar. — Você… quer subir?
— Não. — falei rápido demais. — Prefiro que você venha aqui fora. Só pra conversar um pouco.
Ela hesitou por uns segundos, e eu ouvi o som leve da sua respiração pelo telefone. Depois, finalmente, respondeu.
— Tá bem… eu já tô descendo.
— Tá. — murmurei. — Eu espero.
Desligamos.
Guardei o celular no bolso e respirei fundo, tentando acalmar o coração, que batia tão forte que parecia que ia sair do peito.
Rolei a cadeira até uma pequena área externa ao lado da portaria, um lugar com algumas plantas, um banco de madeira e o reflexo amarelado das luzes do condomínio. Fiquei ali, olhando pro portão, sentindo o frio da noite misturado com o calor da ansiedade.
Minhas mãos estavam suadas e o tempo parecia não passar.
Ouvi meu nome ser chamado, bem baixinho e me virei. Ela vinha caminhando em minha direção, com o mesmo jeito de andar delicado, meio apressado, meio tímido.
E, por um segundo, o tempo pareceu parar.
Era ela. Fernanda.
Continuava linda, talvez até mais do que nas lembranças que eu tentei apagar. Foi pouco tempo longe, se for contar os dias, mas pra mim… pareceu uma eternidade.
E o que mais me desarmou foi o casaco. Aquele casaco era meu. Ela adorava usar, mesmo quando eu dizia que ficava enorme nela.
Ver aquele tecido no corpo dela me atingiu como um soco no peito.
— Oi… — ela disse, com um sorriso meio sem jeito.
Assenti, sem conseguir responder direito. Ela se sentou no banco à minha frente, e o silêncio se arrastou por longos segundos.
O barulho distante dos carros, o vento entre as folhas… e o coração batendo tão alto que parecia querer fugir de dentro de mim.
Até que ela falou:
— Você… descobriu tudo, não foi?
Engoli em seco, mantendo o olhar fixo nela.
— Descobri que você tá aqui. No apartamento do meu irmão, que viajou com o Lucas e a Bia. — falei baixo, tentando conter a raiva e o medo. — Então, me explica… o que tá acontecendo, Fernanda?
Ela piscou algumas vezes, surpresa.
— O Diogo não contou?
Desviei o olhar, respirando fundo.
— Não esperei ele contar. — respondi. — Eu quero ouvir de você toda a verdade.
Ela abaixou a cabeça, mexendo nas mãos, e eu reconheci aquele gesto. Ela sempre fazia isso quando estava nervosa.
Demorou um pouco, mas finalmente respirou fundo e começou:
— Caleb… você sabe que o meu tio sempre foi um homem ruim.
Assenti, tenso.
— Sei.
Os olhos dela começaram a brilhar com lágrimas.
— Eu me arrependo do motivo… mas não me arrependo de ter conhecido você.
Eu franzi o cenho, confuso.
— Como assim, do motivo?
Ela respirou fundo, tentando segurar o choro, mas a voz saiu trêmula:
— O Enrique descobriu que eu estudava na mesma turma que você. Ele convenceu o meu tio a me obrigar a me aproximar de você… ou então ele continuaria maltratando a Bia. Mantendo ela naquele colégio horrível, passando fome. Eu… eu fui obrigada a isso, Caleb.
Meu corpo inteiro gelou. Por um instante, tudo dentro de mim pareceu parar. As palavras dela me atingiram como lâminas.
Afastei um pouco a cadeira, sem conseguir encará-la.
— Então… — sussurrei, com a garganta seca — você se aproximou de mim por causa de uma chantagem?
Ela se levantou rapidamente com os olhos marejados e veio até mim.
— No início, sim! — disse, desesperada. — Mas depois… depois eu aprendi a te amar. Você foi o primeiro homem que me tratou com respeito, que me ouviu, que me fez rir. Eu quis contar tudo, Caleb, juro! Mas o meu tio machucou a Bia só pra me provar que eu não podia fazer isso.
As lágrimas caíam no rosto dela, e ela se ajoelhou à minha frente, segurando minhas mãos com força.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Quantos capítulos são?...
Não consigo parar de ler é surpreendente, estou virando a noite lendo. É tão gostoso ler durante a madrugada no silêncio enquanto todos dormem. Diego e Alice são perfeitos juntos, assim como Alessandro e Larissa...
Maravilhoso,sem palavras recomendo vale muito apena ler👏🏼👏🏼...
Quem tem a história Completa do Diogo?...
Gostaria de dizer que plágio é crime. Essa história é minha e não está autorizada a ser respostada aqui. Irei entrar com uma ação, tanto para quem está lançando a história como quem está lendo....
Linda história. Adorando ler...
Muito linda a história Estou gostando muito de ler Só estou esperando desbloquear e liberar os outros que estão faltando pra mim terminar de ler...
Muito boa a história, mas tem alguns capítulos que enrolam o desfecho. Ela já tá ficando repetitiva com o motivo da mágoa...
História maravilhosa. Qual o nome da história do Diogo?...
Não consigo parar de ler, cada capítulo uma emoção....