Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 287

(Alice)

Diogo andava de um lado pro outro, todo tenso, com as mãos nos bolsos e o olhar perdido. Eu o observava dali, sentada no sofá e deixei baixinho escapar.

Lucas já estava dormindo, encolhidinho ao meu lado com o rostinho sereno e Helena sentada na poltrona, lutando contra o sono.

Olhei pros dois e me levantei devagar, tentando não fazer barulho.

— Diogo… — chamei baixinho. — Leva o Lucas pro quarto. Ele já apagou aqui.

Ele olhou pro menino, depois pra mim e apenas assentiu. Vi quando se aproximou, pegou Lucas no colo com cuidado, seu jeito com o Lucas sempre me derretia, e subiu as escadas em silêncio.

Fiquei ali um momento, vendo Helena ajeitar o corpo, visivelmente cansada. Me aproximei devagar.

— Dona Helena, a senhora devia ir descansar um pouco… — sugeri com suavidade.

Ela deu um pequeno sorriso cansado e balançou a cabeça.

— Eu vou esperar o Caleb chegar, querida. Só quero ver com meus próprios olhos que ele está bem.

Assenti, sem insistir. Me sentei de novo, tentando disfarçar a tensão que crescia no ar.

O som do relógio parecia ecoar pela sala, até que ouvimos o barulho de um carro se aproximando.

Helena se endireitou imediatamente, com os olhos brilhando de ansiedade.

— É ele… — sussurrou, levantando-se.

Diogo estava descendo as escadas no mesmo instante em que a porta se abriu e Caleb entrou. Ele parou na entrada, observando todos nós o esperando e soltou um suspiro pesado.

O clima ficou silencioso por alguns segundos. Diogo deu uns passos à frente, visivelmente emocionado, mas Caleb ergueu a mão, pedindo pra ele parar.

— Espera, Diogo. — disse, com a voz firme.

Diogo ficou imóvel e Caleb o encarou com um olhar sério, mas calmo.

— A Fernanda me contou tudo — começou. — Eu sei que você só queria me proteger… não me contando que ela se aproximou por causa do Enrique.

Vi Diogo fechar os olhos por um instante, respirando fundo, visivelmente constrangido.

Mas Caleb continuou…

— Só que eu preciso que você me escute agora. — a voz dele era tranquila, mas cheia de peso. — Eu já sou um homem, Diogo. Já passei por muita coisa nessa vida… e ainda passo. A paraplegia me deixou vulnerável em alguns momentos, é verdade, mas isso não quer dizer que eu não saiba lidar com as minhas próprias escolhas.

Helena cobriu a boca com a mão, emocionada. Eu sentia vontade de chorar também.

— Consigo enfrentar minhas batalhas — ele prosseguiu. — E sou muito grato a você por tudo o que já fez por mim. Por ter me protegido, cuidado de mim quando eu não pude. Mas… — ele fez uma pausa, respirando fundo — eu só te peço uma coisa, não me esconda mais nada. Mesmo que seja algo difícil. Mesmo que vá me machucar, eu preciso ter a confiança de que o meu irmão sempre vai ser honesto comigo.

Diogo ficou parado por um instante com os olhos marejados. Depois, deu um passo à frente e assentiu devagar.

— Você tem razão… — sua voz saiu rouca. — Eu errei. Só quis evitar que você sofresse de novo, mas… acabei errando do mesmo jeito. Me desculpa, Caleb.

Caleb apenas assentiu, e os dois se abraçaram forte. Foi um daqueles abraços que a gente sente a emoção só de olhar.

— Como foi com a Fernanda? — Diogo perguntou, depois de um tempo, ainda com o braço no ombro do irmão.

Caleb sorriu, aquele sorriso pequeno, mas sincero.

— Foi bom. Ela me contou tudo. E… obrigada, irmão, por ter cuidado dela e da irmã dela. Elas estão num lugar bom e seguro agora.

Diogo devolveu o sorriso, visivelmente aliviado.

— Que bom, cara. Fico feliz de saber.

— E a gente tá bem — completou Caleb.

Não me aguentei e bati palmas, rindo.

— Ah, finalmente! — falei, animada. — Vocês dois são um casal lindo, meu Deus!

Helena riu baixinho, enxugando uma lágrima e Diogo olhou pra mim com aquele olhar de quem tentava disfarçar o sorriso, mas não conseguia.

A tensão da casa pareceu se dissolver naquele instante.

***

Quarta, 07 de Dezembro

Acordamos bem cedo, porque tínhamos dormido na casa da dona Helena e eu precisava dar um jeito de passar na cobertura, tomar banho e ainda chegar no trabalho a tempo.

Estava escovando os dentes no banheiro quando me virei e vi Diogo sentado na cama, mexendo no celular, todo concentrado.

— Ai, dona Helena, a senhora vai me deixar mal-acostumada desse jeito.

— É pra isso mesmo — ela respondeu, piscando.

Enquanto eu saboreava o café, o som do elevador chamou nossa atenção. Logo vimos Caleb entrando, empurrando a cadeira, com Lucas ao lado. O menino vinha tagarelando empolgado, como sempre.

— Olha só quem acordou cedo! — falei, brincando.

— Lucas me arrastou da cama, literalmente — Caleb respondeu, rindo. — Disse que queria tomar logo o café da avó dele.

Helena riu e abriu os braços.

— Claro que é, meu amor. Vem cá, senta.

Os dois se acomodaram à mesa, e por alguns instantes ficou aquele clima tranquilo, quase de cena de filme. A casa cheirava a café, todo mundo junto, rindo… fazia tempo que eu não via tanta leveza num só lugar.

Helena olhou pra todos nós e suspirou, visivelmente emocionada.

— Eu tô tão feliz… — disse baixinho. — Essa casa finalmente tá ganhando vida de novo.

Diogo segurou a mão dela por cima da mesa, sorrindo.

Ela então completou, animada:

— Quero fazer um almoço depois! Caleb, chama a Fernanda e a irmãzinha dela pra virem também. Quero essa casa ainda mais cheia.

— Pode deixar, mãe — Caleb respondeu.

Lucas, com a boca suja de geleia, olhou animado pra ele.

— E a Bia vai vir também?

Caleb riu.

— Vai sim, campeão.

Diogo deu um leve sorriso ao ver a alegria do irmão e do menino e eu senti meu coração se apertar de carinho.

Era simples, mas era perfeito.