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Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 298

(Alice)

Estava sentada na minha sala de diretora, recostada na cadeira, tentando absorver tudo o que estava acontecendo. Cada dia era uma descoberta nova e, honestamente, percebi que nem tudo era tão complicado quanto eu tinha imaginado.

Minha barriga estava enorme e eu sentia cada peso dela como um lembrete constante de que a vida estava prestes a mudar de vez.

Flávia, minha vice-diretora, entrou trazendo uma salada de frutas. Ela sempre sabia quando eu precisava de alguma coisa sem precisar perguntar.

— Olá, chefe. Trouxe isso pra você — disse ela, colocando a tigela na minha mesa.

— Obrigada, Flávia. — Suspirei e me recostei na cadeira, pegando uma colher. — Você não precisava…

Ela olhou pra minha barriga e não conseguiu segurar o sorriso.

— Ai, Alice… tô vendo a hora dessa criança nascer aqui na escola mesmo, viu.

Eu ri, balançando a cabeça.

— Relaxa, quando o momento chegar corro pro hospital. Mas, você sabia que ajudei ou fiz o parto de uma amiga em um carro?

Ela arregalou os olhos, chocada.

— Espera… você fez o quê? No carro? — perguntou, incrédula.

— Sim… — dei de ombros, tentando parecer tranquila. — Mas deu tudo certo. Foi só um pouco assustador. Eu fiquei com medo de acontecer algo com ela ou com a bebê, mas graças a Deus, tá tudo bem.

Flávia respirou fundo aliviada e se encostou na mesa.

— Ai, menos mal… ainda bem que correu tudo bem.

— Pois é. — Sorri, mas senti uma pontada nas costas, lembrando das últimas horas. — As contrações de Braxton Hicks começaram já faz uns dias… e hoje acordei com uma dorzinha fina nas costas.

Ela franziu a testa, olhando pra mim com aquele jeito que só ela tinha de se preocupar de verdade.

— Alice, você precisa começar a ficar em casa a partir de hoje.

Neguei com a cabeça, sorrindo.

— Não… eu tô bem. Dá pra segurar mais um pouco.

Ela suspirou, pegando sua garrafa de água e bebendo devagar, antes de soltar outro suspiro pesado.

— Tá, mas pelo menos promete que não vai exagerar, hein? Quero você inteira e essa criança também.

— Prometo… — disse, sorrindo pra ela, sentindo meu coração se aquecer com aquele cuidado todo.

***

O intervalo finalmente chegou, e eu me levantei da cadeira, sentindo minhas costas reclamarem de imediato. As contrações pareciam aumentar, como se quisessem me avisar que a bebê estava se preparando para chegar mais cedo. Apoiei as mãos na mesa e puxei o ar com força quando uma contração mais forte me atingiu e um gemido baixo escapou dos meus lábios.

Passei a mão pelo pé da barriga, sentindo mais firme e suspirei, tentando soltar a respiração devagar. Sorri, meio entre a dor e a ternura.

— Ei, pequena… tá na hora de vir mesmo?

Nesse instante, a porta se abriu com um rangido e Lucas entrou correndo, cheio de energia com os olhos brilhando.

— Mãe, os meus irmãos podem almoçar hoje com a gente?

Sorri pra ele, tentando esconder qualquer sinal da dor que ainda apertava minhas costas.

— Claro, Lucas! Podem sim.

Ele sorriu todo empolgado e se virou pra sair, mas outro gemido meu o fez parar no meio do caminho. Ele se virou com os olhos arregalados e preocupados.

— Mãe? Tá tudo bem? — perguntou, com a voz cheia de cuidado. Mesmo com só oito anos, ele sabia perceber quando algo não estava certo.

Forcei um sorriso, tentando tranquilizá-lo, mas outra contração veio e eu não pude evitar. Me curvei um pouco sobre a mesa, fechando os olhos e deixei escapar mais um gemido.

Lucas arregalou os olhos de novo, aproximando-se devagar, quase com cuidado.

— A minha irmanzinha…vai nascer ? — perguntou, com a voz cheia de expectativa e preocupação.

Respirei fundo, colocando uma mão sobre a dele e sorrindo, tentando acalmá-lo:

— Calma, meu querido… ainda não. Mas a bebê tá quase chegando, e tá tudo bem, tá?

— Mas você tá com dor! — disse ele, franzindo a testa.

— Eu sei, amor… — disse, acariciando a barriga devagar. — Mas a dorzinha faz parte, e a mamãe consegue segurar um pouquinho.

(Diogo)

O cliente japonês não parava de falar, e eu já conhecia cada palavra do que ele dizia. Pesquisei a empresa dele à exaustão antes da reunião, mas não podia interromper porque o contrato era importante demais.

Olhei no relógio e suspirei, não daria tempo de almoçar com a Alice e o Lucas.

Me inclinei brevemente para Linda, que estava ao meu lado.

— Linda, avisa a Alice que eu não vou conseguir almoçar com eles hoje, tá?

Ela assentiu, pegando o celular para mandar a mensagem. Foi então que o meu próprio celular começou a vibrar no bolso. Franzi a testa, peguei o aparelho e vi o número da Alice.

— Desculpe… — murmurei para o cliente, — só um instante.

Atendi.

— Agora não dá, Lucas. Espera só um pouquinho.

— Tá bom… — ele disse, meio contrariado, mas sorriu.

Corri pra recepção, falei o nome da Alice, e a moça apontou o caminho. Em minutos, eu já tava de touca, máscara e roupa esterilizada. Minhas mãos suavam, e eu só conseguia pensar nela.

Quando entrei na sala, ouvi seus gemidos, não eram gritos desesperados, mas dava pra sentir a dor em cada som.

— Alice… — chamei, e ela me olhou. Seus olhos estavam cheios de lágrimas, mas quando me viu, tentou sorrir.

Ela estava apoiada na maca e a enfermeira massageava suas costas.

— Deixa que eu faço — falei, me aproximando.

A enfermeira assentiu e se afastou, e eu comecei a fazer o que aprendi nos cursos que a gente fez juntos. Ela relaxou um pouco, mas logo gemeu de novo, curvando o corpo.

— Ai, Diogo… — murmurou, com os olhos fechados. — Tá doendo muito…

— Eu sei, amor, eu sei… respira comigo — disse, segurando a mão dela.

Depois de um tempo, a doutora Heloísa apareceu.

— Vamos ver como estamos? — disse ela, com aquele tom calmo de quem já viu tudo mil vezes.

Alice me olhou e apertou ainda mais minha mão.

— Tô com medo, Diogo…

— Eu tô aqui, meu amor — respondi, tentando parecer tranquilo.

Ela se deitou na maca e a médica fez o toque.

— Seis centímetros — disse. — Tá indo bem, mas ainda precisa de mais um pouco.

— Seis? Só isso? — Alice gemeu, exausta. — Tá doendo tanto…

— É assim mesmo, querida. Fica na bola, depois volta pra banheira, ajuda bastante. Daqui a pouco eu volto, tá?

A médica saiu, e Alice respirou fundo, mas logo se curvou de novo. Eu fiquei sem saber o que fazer, só passei a mão no cabelo dela e fiquei ali, respirando junto.

— Não aguento mais, Diogo… — ela sussurrou.

— Aguenta sim — respondi, encostando a testa na dela. — Você é a mulher mais forte que eu conheço.

Ela chorou baixinho e eu senti o nó subir na garganta. Tudo que eu queria era tirar a dor dela, mas tudo que eu podia fazer era segurar sua mão e não soltar por nada.

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