(Lorena)
O caminho todo eu não conseguia parar de sorrir. Ainda parecia mentira o fato de ter sido contratada.
Queria gritar, dançar, ligar pra alguém e contar, mas me segurei. Iria guardar aquele momento só pra mim por uns instantes. Assim que cheguei em casa, tirei as sandálias e deixei a bolsa no aparador, sentindo o alívio do piso frio nos pés cansados.
Mas o sorriso sumiu no mesmo segundo em que meus olhos pararam no uniforme em cima do sofá.
O uniforme dele.
Meu corpo travou.
Um arrepio subiu pela minha nuca e meu coração começou a bater mais rápido. Respirei fundo, tentando me controlar.
Devia estar feliz, ele estava fora há mais de um mês e agora tinha voltado pra casa. Meu marido finalmente estava de volta. Então por que eu sentia esse nó no estômago?
Entrei devagar, olhando pros lados, até encontrá-lo no quarto caído na cama e dormindo pesado. Parecia exausto.
Fiquei ali por alguns segundos, só observando. Tinha algo de estranho em vê-lo tão sereno... era quase como olhar outra pessoa. Balancei a cabeça e fui trocar de roupa sem fazer barulho.
Na cozinha, comecei a preparar o seu prato preferido, lasanha. Só o cheiro já me fazia lembrar os raros dias bons entre nós. Enquanto a massa assava, peguei o seu uniforme e levei até a área de serviço, começando a verificar os bolsos, como sempre fazia, pra ver se ele não tinha esquecido algo importante.
Quando enfiei a mão no bolso da calça, senti um papel. Puxei e vi um contato anotado.
Fiquei olhando para aquele número por um instante, sem entender... ou fingindo que não queria entender. Suspirei e deixei o papel em cima do nicho, fingindo que aquilo não tinha importância. Coloquei a calça na máquina e voltei pra cozinha.
Tentei me distrair, adiantando algumas coisas pra amanhã. Começaria a trabalhar cedo e queria deixar tudo em ordem. Tirei a lasanha do forno, concentrada em não queimar o fundo, quando senti braços fortes me envolvendo pela cintura.
— Ai! — quase deixei a travessa cair, sentindo o calor queimar um pouco minha mão.
— Calma, amor, sou eu — a voz dele veio risonha, perto demais do meu ouvido.
Meu coração deu um salto e virei o rosto, soltando um suspiro nervoso.
— Você me assustou, Thales. Quase derrubei tudo.
Ele só sorriu, daquele jeito meio provocador.
Coloquei a travessa no balcão, mas antes que eu pudesse me afastar, ele me virou e me beijou com força. Um beijo intenso, firme… possessivo que me faltou o ar. Tentei me soltar, mas ele segurava a parte de trás da minha cabeça com uma das mãos, me prendendo ali até finalmente me soltar.
Puxei o ar com força sentindo o coração disparado.
Ele encostou o nariz no meu pescoço e inspirou devagar.
— Estava com saudades.
Por um instante, a tensão deu lugar a um pequeno sorriso.
— Eu também fiquei... você demorou — respondi, abraçando-o.
— Talvez eu ganhe uma promoção — ele disse, ainda com o rosto colado ao meu pescoço —, se tudo der certo, subo de patente.
Me afastei só o suficiente pra olhá-lo, forçando um sorriso.
— Você merece.
— Mereço, né? — ele sorriu de volta, e o olhar dele me fez engolir seco.
Afastei-me um pouco mais, tentando soar natural.
— Senta, vai. Eu vou servir o jantar.
Ele se acomodou na cadeira e eu respirei fundo, tentando esconder o tremor leve nas mãos enquanto servia a lasanha. Eu o amava, de verdade. Mas amar Thales sempre vinha junto com um medo que eu fingia não sentir.
Comecei a colocar os pratos na mesa quando ouvi o barulho da porta se abrindo. Meu coração deu um pequeno pulo, mas logo o som que veio em seguida me arrancou um sorriso.
— Papai!!!
Alana entrou correndo, com o cabelo meio bagunçado e a mochila pendurada em um ombro só. Thales se levantou imediatamente, e o seu rosto se iluminou de um jeito que sempre fazia quando via nossa filha.
— Minha princesa! — ele abriu os braços e ela praticamente pulou nele, rindo alto.
Fiquei ali parada por um instante, observando a cena. Ele a levantou com facilidade e girou no ar, enquanto ela gargalhava. Eu amava ver os dois juntos. Por mais complicada que fosse a nossa vida, nada aquecia mais meu peito do que o jeito como Alana se derretia pelo pai.
— Tava com tanta saudade de você, papai — ela disse, segurando o rosto dele entre as mãozinhas.
— Eu também, meu amor. Muita saudade. — Thales respondeu, beijando a bochecha dela.
— E aí, mocinha — eu perguntei, sorrindo —, como foi a aula hoje?
Ela virou pra mim toda empolgada.
— Foi muito boa, mãe! Eu quero continuar!
— Quer mesmo? — perguntei, tentando conter o riso.
— Quero! Eu aprendi um golpe que derruba o menino grandão da turma! — ela fez um gesto com o braço, tentando imitar o movimento.
Thales riu.
— Se ela quer, ela vai continuar. — disse com firmeza, olhando pra mim.
O ar pareceu mudar na mesma hora. O rosto dele se fechou, e até Alana parou de balançar as perninhas, olhando pra gente em silêncio.
— Lorena... — ele começou devagar, respirando fundo. — Eu já falei que você não precisa trabalhar. Você pode ficar em casa, cuidando da Alana. Eu dou conta de tudo. Não entendo por que diabos você insiste nisso.
Suspirei, tentando manter a calma.
— Sei que você dá conta, Thales. Você sempre deu. Mas... eu não consigo ficar o tempo todo sem fazer nada. A Alana estuda em período integral, três vezes na semana tem natação, agora jiu-jitsu... Eu fico sozinha o dia todo e gosto de trabalhar, me sinto bem com isso.
Ele olhou pra Alana, e seu tom da voz mudou.
— Alana, vai pro quarto agora.
Ela o olhou confusa, depois virou o olhar pra mim, insegura.
— Mas, pai, eu...
— Eu mandei ir pro quarto, Alana! — ele aumentou o tom, fazendo minha filha se encolher.
— Vai, filha... — murmurei, tentando sorrir pra ela.
Ela abaixou a cabeça e saiu devagar, olhando pra mim uma última vez antes de desaparecer no corredor. Meu coração apertou.
Thales se levantou e eu fiz o mesmo por instinto. Ele parou a centímetros de mim, a voz mais baixa, mas firme.
— Você não precisa trabalhar.
Suspirei, cruzando os braços pra disfarçar o tremor nas mãos.
— A gente já conversou sobre isso... Você viu o que aconteceu da outra vez. Eu quase entrei em depressão trancada dentro de casa.
— Eu pago psiquiatra, terapeuta, o que for preciso! — ele rebateu com o tom impaciente.
— A própria terapeuta disse que eu devia voltar a trabalhar. — respondi, tentando controlar a voz.
Ele passou as mãos pela cabeça, andou de um lado pro outro da cozinha.
— Eu não gosto dessa ideia... Onde é esse trabalho, hein?
— Na Nexarte — respondi rápido. — É uma empresa na área digital, bem tranquila. Eu entro às oito, tenho duas horas e meia de almoço e saio às cinco e meia.
Ele me olhou de lado, estreitando os olhos.
— E o chefe? É homem ou mulher?

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Tá cada dia pior, os capítulos estão faltando e alguns estão se repetindo....
Gente que absurdo, faltando vários capítulos agora é 319.ainda querem que a gente pague por isso?...
Cadê o capítulo 309?...
Alguém sabe do cap 207?...
Capítulo 293 e de mais tá bloqueado parcialmente sendo que já está entre os gratuitos...
Capítulo 293 tá bloqueado sendo que já está entre os gratuitos...
Quantos capítulos são?...
Não consigo parar de ler é surpreendente, estou virando a noite lendo. É tão gostoso ler durante a madrugada no silêncio enquanto todos dormem. Diego e Alice são perfeitos juntos, assim como Alessandro e Larissa...
Maravilhoso,sem palavras recomendo vale muito apena ler👏🏼👏🏼...
Quem tem a história Completa do Diogo?...