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Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 304

(Lorena)

O caminho todo eu não conseguia parar de sorrir. Ainda parecia mentira o fato de ter sido contratada.

Queria gritar, dançar, ligar pra alguém e contar, mas me segurei. Iria guardar aquele momento só pra mim por uns instantes. Assim que cheguei em casa, tirei as sandálias e deixei a bolsa no aparador, sentindo o alívio do piso frio nos pés cansados.

Mas o sorriso sumiu no mesmo segundo em que meus olhos pararam no uniforme em cima do sofá.

O uniforme dele.

Meu corpo travou.

Um arrepio subiu pela minha nuca e meu coração começou a bater mais rápido. Respirei fundo, tentando me controlar.

Devia estar feliz, ele estava fora há mais de um mês e agora tinha voltado pra casa. Meu marido finalmente estava de volta. Então por que eu sentia esse nó no estômago?

Entrei devagar, olhando pros lados, até encontrá-lo no quarto caído na cama e dormindo pesado. Parecia exausto.

Fiquei ali por alguns segundos, só observando. Tinha algo de estranho em vê-lo tão sereno... era quase como olhar outra pessoa. Balancei a cabeça e fui trocar de roupa sem fazer barulho.

Na cozinha, comecei a preparar o seu prato preferido, lasanha. Só o cheiro já me fazia lembrar os raros dias bons entre nós. Enquanto a massa assava, peguei o seu uniforme e levei até a área de serviço, começando a verificar os bolsos, como sempre fazia, pra ver se ele não tinha esquecido algo importante.

Quando enfiei a mão no bolso da calça, senti um papel. Puxei e vi um contato anotado.

Fiquei olhando para aquele número por um instante, sem entender... ou fingindo que não queria entender. Suspirei e deixei o papel em cima do nicho, fingindo que aquilo não tinha importância. Coloquei a calça na máquina e voltei pra cozinha.

Tentei me distrair, adiantando algumas coisas pra amanhã. Começaria a trabalhar cedo e queria deixar tudo em ordem. Tirei a lasanha do forno, concentrada em não queimar o fundo, quando senti braços fortes me envolvendo pela cintura.

— Ai! — quase deixei a travessa cair, sentindo o calor queimar um pouco minha mão.

— Calma, amor, sou eu — a voz dele veio risonha, perto demais do meu ouvido.

Meu coração deu um salto e virei o rosto, soltando um suspiro nervoso.

— Você me assustou, Thales. Quase derrubei tudo.

Ele só sorriu, daquele jeito meio provocador.

Coloquei a travessa no balcão, mas antes que eu pudesse me afastar, ele me virou e me beijou com força. Um beijo intenso, firme… possessivo que me faltou o ar. Tentei me soltar, mas ele segurava a parte de trás da minha cabeça com uma das mãos, me prendendo ali até finalmente me soltar.

Puxei o ar com força sentindo o coração disparado.

Ele encostou o nariz no meu pescoço e inspirou devagar.

— Estava com saudades.

Por um instante, a tensão deu lugar a um pequeno sorriso.

— Eu também fiquei... você demorou — respondi, abraçando-o.

— Talvez eu ganhe uma promoção — ele disse, ainda com o rosto colado ao meu pescoço —, se tudo der certo, subo de patente.

Me afastei só o suficiente pra olhá-lo, forçando um sorriso.

— Você merece.

— Mereço, né? — ele sorriu de volta, e o olhar dele me fez engolir seco.

Afastei-me um pouco mais, tentando soar natural.

— Senta, vai. Eu vou servir o jantar.

Ele se acomodou na cadeira e eu respirei fundo, tentando esconder o tremor leve nas mãos enquanto servia a lasanha. Eu o amava, de verdade. Mas amar Thales sempre vinha junto com um medo que eu fingia não sentir.

Comecei a colocar os pratos na mesa quando ouvi o barulho da porta se abrindo. Meu coração deu um pequeno pulo, mas logo o som que veio em seguida me arrancou um sorriso.

— Papai!!!

Alana entrou correndo, com o cabelo meio bagunçado e a mochila pendurada em um ombro só. Thales se levantou imediatamente, e o seu rosto se iluminou de um jeito que sempre fazia quando via nossa filha.

— Minha princesa! — ele abriu os braços e ela praticamente pulou nele, rindo alto.

Fiquei ali parada por um instante, observando a cena. Ele a levantou com facilidade e girou no ar, enquanto ela gargalhava. Eu amava ver os dois juntos. Por mais complicada que fosse a nossa vida, nada aquecia mais meu peito do que o jeito como Alana se derretia pelo pai.

— Tava com tanta saudade de você, papai — ela disse, segurando o rosto dele entre as mãozinhas.

— Eu também, meu amor. Muita saudade. — Thales respondeu, beijando a bochecha dela.

— E aí, mocinha — eu perguntei, sorrindo —, como foi a aula hoje?

Ela virou pra mim toda empolgada.

— Foi muito boa, mãe! Eu quero continuar!

— Quer mesmo? — perguntei, tentando conter o riso.

— Quero! Eu aprendi um golpe que derruba o menino grandão da turma! — ela fez um gesto com o braço, tentando imitar o movimento.

Thales riu.

— Se ela quer, ela vai continuar. — disse com firmeza, olhando pra mim.

O ar pareceu mudar na mesma hora. O rosto dele se fechou, e até Alana parou de balançar as perninhas, olhando pra gente em silêncio.

— Lorena... — ele começou devagar, respirando fundo. — Eu já falei que você não precisa trabalhar. Você pode ficar em casa, cuidando da Alana. Eu dou conta de tudo. Não entendo por que diabos você insiste nisso.

Suspirei, tentando manter a calma.

— Sei que você dá conta, Thales. Você sempre deu. Mas... eu não consigo ficar o tempo todo sem fazer nada. A Alana estuda em período integral, três vezes na semana tem natação, agora jiu-jitsu... Eu fico sozinha o dia todo e gosto de trabalhar, me sinto bem com isso.

Ele olhou pra Alana, e seu tom da voz mudou.

— Alana, vai pro quarto agora.

Ela o olhou confusa, depois virou o olhar pra mim, insegura.

— Mas, pai, eu...

— Eu mandei ir pro quarto, Alana! — ele aumentou o tom, fazendo minha filha se encolher.

— Vai, filha... — murmurei, tentando sorrir pra ela.

Ela abaixou a cabeça e saiu devagar, olhando pra mim uma última vez antes de desaparecer no corredor. Meu coração apertou.

Thales se levantou e eu fiz o mesmo por instinto. Ele parou a centímetros de mim, a voz mais baixa, mas firme.

— Você não precisa trabalhar.

Suspirei, cruzando os braços pra disfarçar o tremor nas mãos.

— A gente já conversou sobre isso... Você viu o que aconteceu da outra vez. Eu quase entrei em depressão trancada dentro de casa.

— Eu pago psiquiatra, terapeuta, o que for preciso! — ele rebateu com o tom impaciente.

— A própria terapeuta disse que eu devia voltar a trabalhar. — respondi, tentando controlar a voz.

Ele passou as mãos pela cabeça, andou de um lado pro outro da cozinha.

— Eu não gosto dessa ideia... Onde é esse trabalho, hein?

— Na Nexarte — respondi rápido. — É uma empresa na área digital, bem tranquila. Eu entro às oito, tenho duas horas e meia de almoço e saio às cinco e meia.

Ele me olhou de lado, estreitando os olhos.

— E o chefe? É homem ou mulher?

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