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Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 306

Respirei aliviada.

— Ah, que bom! — disse, sorrindo. — Achei que teria que sair com frequência também.

— Nada disso — respondeu ele. — E quando eu estiver fora, você vai cuidar da agenda e receber os clientes, mas apenas para instruí-los a voltar quando eu chegar. Simples assim.

— Certo. Eu dou conta — garanti, tentando mostrar confiança.

Rafael abriu um sorriso sincero.

— Maravilhoso. Então vamos ver como você se sai, porque hoje já temos um teste de fogo.

Franzi a testa.

— Teste de fogo?

— É. — Ele se afastou um pouco e pegou alguns papéis da mesa. — Surgiu uma reunião de última hora. Um cliente está bem insatisfeito e quer mudar tudo.

— Tudo? — perguntei, surpresa.

— Tudo — confirmou, suspirando. — É uma empresa de pet shop. A equipe de audiovisual gravou um vídeo promocional com os animais, mas o cliente odiou o resultado. Disse que o vídeo não transmite a imagem que ele queria e quer refazer tudo antes do prazo final da campanha.

Fiquei boquiaberta.

— Nossa… deve ser um caos gerenciar isso.

— É, e vai ser — ele respondeu com um meio sorriso cansado. — Por isso, preciso que você me ajude a deixar tudo pronto pra essa reunião. Me apoie com os documentos e organize a sala de reuniões, tá bom?

— Pode deixar — respondi, animada, mesmo sentindo aquele friozinho na barriga. — Vou tentar ser o maior apoio possível pra você hoje.

— Eu sei que vai, Sra.Moura — disse, com um olhar encorajador. — Obrigado por isso.

Peguei os papéis que ele me entregou e fiz um aceno.

— Vou deixar a sala pronta agora.

— Perfeito — disse, voltando a se sentar. — Assim que tudo estiver organizado, me avisa.

Saí da sala e caminhei até a sala de reuniões que Sara tinha me mostrado mais cedo. Respirei fundo, tentando colocar a cabeça no lugar e comecei a organizar a mesa com os documentos que ela havia me dado antes. Ajustei as cadeiras, verifiquei o projetor e alinhei as folhas.

Enquanto ajeitava os detalhes, não pude deixar de pensar no quanto aquele dia já estava sendo intenso e que mal tinha começado.

Estava terminando de alinhar os últimos papéis sobre a mesa quando ouvi vozes se aproximando. Eram passos apressados no corredor, misturados a risadas nervosas e aquele típico burburinho de pré-reunião.

Rafael apareceu primeiro, acompanhado de três pessoas da equipe e um homem de terno escuro, com a expressão fechada, possivelmente o cliente, e claramente irritado.

— Lorena, tudo pronto? — perguntou Rafael, lançando-me um olhar rápido.

— Sim

— Perfeito. — Ele abriu espaço, fazendo um gesto cortês para o cliente. — Por favor, seu Paulo, pode entrar.

O homem assentiu, entrando sem sorrir.

— Espero que a gente consiga resolver isso hoje, Rafael, porque o vídeo ficou… — ele respirou fundo, procurando as palavras. — Um desastre.

Rafael manteve a calma, abrindo um leve sorriso.

— A gente vai resolver, Paulo. Prometo. Vamos conversar com calma, entender o que não agradou e ajustar tudo.

Ele se sentou à frente do cliente, com a equipe distribuída pelos lados. Eu fiquei mais ao fundo, tomando notas e observando cada detalhe.

— Então, vamos lá — disse Rafael, cruzando os dedos sobre a mesa. — O que exatamente não funcionou pra você no vídeo?

— Tudo! — respondeu Paulo, frustrado. — Os cachorros pareciam desorganizados, o cenário estava muito claro, e o roteiro… não tem emoção. Eu quero que o público sinta amor, cuidado, confiança! E o vídeo parece um comercial de ração barato!

A sala ficou em silêncio por alguns segundos e eu prendi a respiração.

Rafael, no entanto, apenas assentiu, como se já esperasse aquilo.

— Entendi e você tem razão — respondeu calmamente. — O vídeo perdeu o toque emocional. A ideia inicial era leve e divertida, mas acabou ficando superficial.

O cliente o olhou surpreso.

— Então você concorda?

— Concordo — disse Rafael, firme. — A gente errou o tom. Mas é por isso que estamos aqui, pra corrigir juntos.

A tensão na sala diminuiu um pouco. Eu observei, admirada, a maneira como ele conduzia tudo sem elevar a voz nem confrontar, mas também sem se encolher. Ele tinha uma presença segura, serena, que passava confiança até para quem estava irritado.

— Pessoal — ele se virou para a equipe —, vamos fazer o seguinte, nós vamos revisar o roteiro agora. Quero ideias novas, rápidas e criativas. Vamos pensar no que desperta emoção, amor, proteção e conexão.

Uma das funcionárias levantou a mão.

— E se a gente mostrar o dono adotando um filhote? Um momento de primeiro encontro?

Rafael sorriu.

— Excelente! Isso já traz empatia. Quem mais?

— Podemos usar uma trilha sonora mais suave, algo com piano — sugeriu outro. — O anterior estava muito acelerado.

— Boa! — respondeu Rafael, animado. — E as cores? Quero algo mais aconchegante. Tons quentes. Nada de branco estourado.

Eu anotava tudo freneticamente, tentando acompanhar o ritmo. A equipe falava, interrompia, criava, descartava ideias e Rafael ia guiando todos com firmeza, mas sem arrogância.

— Vamos testar a nova estrutura até amanhã — disse ele. — E eu quero um novo storyboard pronto até o fim do dia.

— Amanhã? — uma das designers arregalou os olhos. — Mas o prazo da campanha é sexta!

— Justamente por isso — respondeu Rafael, com um meio sorriso. — A gente precisa entregar antes pra revisar com calma.

— É lindo. — Sorri. — Não conhecia esse lugar.

— Pois é, descobri quando voltei de São Paulo. Vim aqui com um colega de equipe, a comida é ótima.

Assenti, mas meu olhar desviou por um instante. Uma mulher loira, de vestido verde, passou por nós indo em direção ao balcão. Notei o olhar de Thales acompanhando o movimento dela, ainda que por segundos. Foi o suficiente pra me fazer prender a respiração e engolir seco.

Fiz o que sempre fazia, sorri, tentando disfarçar e toquei a mão dele sobre a mesa.

— Então… como foi em São Paulo? — perguntei, forçando leveza na voz. — Um mês fora… deve ter sido cansativo, né?

Ele olhou pra mim, como se voltasse à realidade.

— Foi puxado, sim. — Pegou o copo d’água e deu um gole. — Estamos num caso complicado. Mas não posso te contar detalhes, você sabe como é.

— Claro — murmurei, tentando não parecer desapontada. — Segredo de detetive.

Ele soltou um meio sorriso.

— Algo assim. — Encostou-se na cadeira, cruzando os braços. — Mas, olha… esse está dando trabalho, estão sempre um passo a frente da gente.

—Espero que consiga resolver logo e volte pra casa. — Falei, tentando focar no sorriso dele e não no desconforto que ainda latejava no peito. — Alana sente muito a sua falta.

— Eu também sinto, de vocês duas. — Ele esticou a mão e passou o polegar sobre meus dedos. — Ficar longe de casa tanto tempo é horrível.

Sorri de leve, mas não consegui segurar um suspiro.

— Deve ser mesmo.

O garçom chegou e anotou nossos pedidos. O silêncio que ficou depois parecia mais pesado do que o normal. Eu olhei pra janela, tentando me distrair com o movimento da rua, mas o olhar de Thales ainda estava ali firme, estudando cada expressão minha, como se tentasse decifrar o que eu estava pensando.

— Tá tudo bem? — ele perguntou, arqueando uma sobrancelha.

— Tá sim. — Forcei um sorriso. — Só cansada do primeiro dia.

— Imagino. — Ele relaxou um pouco, olhando ao redor. — Mas se você não quiser trabalhar…

Ele começou, mas parou quando seu celular vibrou na mesa. Ele o pegou, lendo algo, quando a sua expressão mudou de repente e seu cenho se fechou, travando o maxilar.

— O que foi? — perguntei, tentando soar natural.

Ele levantou o olhar pra mim, com os olhos duros, como se algo tivesse acendido nele.

— Você já sabia disso, né?

— Sabia o quê? — franzi a testa, confusa.

Ele virou o celular na minha direção, mostrando uma manchete de site policial. “Eduardo Almeida é o novo delegado titular da 4ª DP de Belos Campos.”

Meu irmão…

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