Ela negou com a cabeça, e uma nova leva de lágrimas escorreu pelo seu rosto.
— Nada ainda. Só disseram que estão estabilizando ele.
Estabilizando. A palavra soou como um suspiro de esperança e um aviso ao mesmo tempo. Eu me sentei ao lado dela, segurando sua mão fria. Foi quando me lembrei. Milena.
A última vez, com o Douglas... ela tinha se despedaçado. Ela tinha apenas 14 anos. Mas minha irmã tinha que saber que o nosso pai está no hospital.
— Mãe, preciso ligar para a Milena — falei baixinho.
Ela assentiu, esmagando uma lágrima com os dedos.
— Mas fala com jeito, Rafael. Por favor.
Me afastei alguns passos, o suficiente para ter um pouco de privacidade. A ligação tocou uma vez, duas.
— Oi, lindo! Tá com saudades? — sua voz era leve, despreocupada.
— Milena... — minha voz falhou por uma fração de segundo. — É o nosso pai. Ele passou mal e estamos no hospital aqui em Pedra Vermelha.
O silêncio do outro lado foi aterrorizante. Depois, um sussurro quebrado.
— O quê? O que aconteceu? Ele... ele tá...
— Ainda não sabemos. O Genildo apareceu em casa e... perturbou ele. — Tentei manter a calma, mas o nome do meu tio saiu como um veneno.
Ouvi um ruído abafado, como se ela tivesse deixado o celular cair. Depois, a sua voz voltou, fina e determinada.
— Estou indo aí. Já estou saindo.
— Dirige com cuidado, Milena. Por favor — pedi, com o coração apertado. A última coisa que a gente precisava era de outra tragédia.
— Eu vou. — Ela desligou.
Voltei para perto da minha mãe, e mal tinha me sentado quando a porta se abriu e um médico apareceu.
— Família do Senhor Augusto Fonseca?
Nós nos levantamos em um salto.
— Sim. Eu sou o filho, Rafael. Essa é minha mãe, Delma.
— Sou o Doutor Cavalcanti. O senhor Augusto sofreu uma descompensação cardíaca grave. — Ele olhou para nós, seu olhar era franco, mas compassivo. — Como sabem, a overdose de medicamentos que ele sofreu anos atrás causou danos irreversíveis ao miocárdio, o músculo do coração. O que ele tem é uma cardiomiopatia dilatada. O coração dele já estava fraco, significativamente ampliado e com a capacidade de bombear sangue muito reduzida.
Minha mãe segurou meu braço com força e eu conseguia sentir ela tremendo.
— O pico de estresse extremo que ele sofreu hoje — o médico continuou — foi o gatilho. Foi como empurrar um carro que já estava na beira do precipício. O coração dele simplesmente não deu conta da carga.
A raiva contra o Genildo era um gosto de metal e ódio na minha boca. Eu cerrei os punhos, mas respirei fundo. Brigar com o médico não ia ajudar meu pai.
Ela enterrou o rosto no meu ombro, e eu pude sentir o tecido da minha camisa ficar molhado.
— Eu devia ter te contado, Rafael — ela sussurrou com a voz abafada e cheia de culpa. — Ele... ele está se estressando com o Genildo desde o começo do ano. Aquele homem não dá sossego. Usa o nome da sua avó, diz que é por causa da família... e o seu pai... o seu pai pediu para eu não te preocupar. Ele disse que você já tinha problemas demais com a sua empresa. E eu... eu confiei nele. Acreditei que ele poderia lidar com isso.
Ela se afastou o suficiente para olhar para o rosto do meu pai, sua expressão era um misto de amor e de um remorso agonizante.
— Se algo tivesse acontecido com ele... — a voz dela quebrou, e novas lágrimas correram pelo seu rosto marcado pela preocupação.
Eu segurei seus ombros, firme, forçando ela a me olhar.
— Me escuta, mãe. Nada aconteceu. Ele está aqui e vai ficar bem. — Fixei meus olhos nos dela, transmitindo uma certeza que eu mesmo não sentia completamente. — Você não tem culpa de nada, entendeu? A culpa é inteiramente do Genildo. Só dele.
Ela me olhou, procurando por confirmação nos meus olhos, e então acenou lentamente, enxugando as lágrimas com as costas da mão trêmula.
— Eu vou ficar com ele — ela disse, sua voz recuperando um fio de força. — Até a Milena chegar.
— Tudo bem — eu concordei, soltando seus ombros. — Eu... eu preciso fazer umas ligações da empresa.
Ela assentiu, já se virando de volta para a cama, para vigiar o marido.
Eu saí do quarto, fechando a porta com um clique suave. Mas não fiquei no corredor. Caminhei até a saída de emergência, onde o sinal de celular era melhor.
As "ligações da empresa" podiam esperar. Agora, eu tinha uma ligação muito mais importante para fazer.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Afff piorou, agora não são dois, é nadaaaa!!!...
Vou fazê-lo novamente!!!! Dois capítulos por dia é um desrespeito!!!...
Ué cadê meu comentário?...
Esse é o terceiro livro, os dois primeiros caminharam bem, mas agora só dois capítulos por dia é muito pouco. Lembre-se de seu compromisso com os leitores...
Cadê o capítulo 319???????? Não tem?????...
Tá cada dia pior, os capítulos estão faltando e alguns estão se repetindo....
Gente que absurdo, faltando vários capítulos agora é 319.ainda querem que a gente pague por isso?...
Cadê o capítulo 309?...
Alguém sabe do cap 207?...
Capítulo 293 e de mais tá bloqueado parcialmente sendo que já está entre os gratuitos...