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Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 320

Ela negou com a cabeça, e uma nova leva de lágrimas escorreu pelo seu rosto.

— Nada ainda. Só disseram que estão estabilizando ele.

Estabilizando. A palavra soou como um suspiro de esperança e um aviso ao mesmo tempo. Eu me sentei ao lado dela, segurando sua mão fria. Foi quando me lembrei. Milena.

A última vez, com o Douglas... ela tinha se despedaçado. Ela tinha apenas 14 anos. Mas minha irmã tinha que saber que o nosso pai está no hospital.

— Mãe, preciso ligar para a Milena — falei baixinho.

Ela assentiu, esmagando uma lágrima com os dedos.

— Mas fala com jeito, Rafael. Por favor.

Me afastei alguns passos, o suficiente para ter um pouco de privacidade. A ligação tocou uma vez, duas.

— Oi, lindo! Tá com saudades? — sua voz era leve, despreocupada.

— Milena... — minha voz falhou por uma fração de segundo. — É o nosso pai. Ele passou mal e estamos no hospital aqui em Pedra Vermelha.

O silêncio do outro lado foi aterrorizante. Depois, um sussurro quebrado.

— O quê? O que aconteceu? Ele... ele tá...

— Ainda não sabemos. O Genildo apareceu em casa e... perturbou ele. — Tentei manter a calma, mas o nome do meu tio saiu como um veneno.

Ouvi um ruído abafado, como se ela tivesse deixado o celular cair. Depois, a sua voz voltou, fina e determinada.

— Estou indo aí. Já estou saindo.

— Dirige com cuidado, Milena. Por favor — pedi, com o coração apertado. A última coisa que a gente precisava era de outra tragédia.

— Eu vou. — Ela desligou.

Voltei para perto da minha mãe, e mal tinha me sentado quando a porta se abriu e um médico apareceu.

— Família do Senhor Augusto Fonseca?

Nós nos levantamos em um salto.

— Sim. Eu sou o filho, Rafael. Essa é minha mãe, Delma.

— Sou o Doutor Cavalcanti. O senhor Augusto sofreu uma descompensação cardíaca grave. — Ele olhou para nós, seu olhar era franco, mas compassivo. — Como sabem, a overdose de medicamentos que ele sofreu anos atrás causou danos irreversíveis ao miocárdio, o músculo do coração. O que ele tem é uma cardiomiopatia dilatada. O coração dele já estava fraco, significativamente ampliado e com a capacidade de bombear sangue muito reduzida.

Minha mãe segurou meu braço com força e eu conseguia sentir ela tremendo.

— O pico de estresse extremo que ele sofreu hoje — o médico continuou — foi o gatilho. Foi como empurrar um carro que já estava na beira do precipício. O coração dele simplesmente não deu conta da carga.

A raiva contra o Genildo era um gosto de metal e ódio na minha boca. Eu cerrei os punhos, mas respirei fundo. Brigar com o médico não ia ajudar meu pai.

Ela enterrou o rosto no meu ombro, e eu pude sentir o tecido da minha camisa ficar molhado.

— Eu devia ter te contado, Rafael — ela sussurrou com a voz abafada e cheia de culpa. — Ele... ele está se estressando com o Genildo desde o começo do ano. Aquele homem não dá sossego. Usa o nome da sua avó, diz que é por causa da família... e o seu pai... o seu pai pediu para eu não te preocupar. Ele disse que você já tinha problemas demais com a sua empresa. E eu... eu confiei nele. Acreditei que ele poderia lidar com isso.

Ela se afastou o suficiente para olhar para o rosto do meu pai, sua expressão era um misto de amor e de um remorso agonizante.

— Se algo tivesse acontecido com ele... — a voz dela quebrou, e novas lágrimas correram pelo seu rosto marcado pela preocupação.

Eu segurei seus ombros, firme, forçando ela a me olhar.

— Me escuta, mãe. Nada aconteceu. Ele está aqui e vai ficar bem. — Fixei meus olhos nos dela, transmitindo uma certeza que eu mesmo não sentia completamente. — Você não tem culpa de nada, entendeu? A culpa é inteiramente do Genildo. Só dele.

Ela me olhou, procurando por confirmação nos meus olhos, e então acenou lentamente, enxugando as lágrimas com as costas da mão trêmula.

— Eu vou ficar com ele — ela disse, sua voz recuperando um fio de força. — Até a Milena chegar.

— Tudo bem — eu concordei, soltando seus ombros. — Eu... eu preciso fazer umas ligações da empresa.

Ela assentiu, já se virando de volta para a cama, para vigiar o marido.

Eu saí do quarto, fechando a porta com um clique suave. Mas não fiquei no corredor. Caminhei até a saída de emergência, onde o sinal de celular era melhor.

As "ligações da empresa" podiam esperar. Agora, eu tinha uma ligação muito mais importante para fazer.

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