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Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 323

Quando cheguei em casa, já passava das oito. O silêncio do lugar parecia me engolir inteiro. Tirei os sapatos no corredor, larguei as chaves no aparador e fui direto pro banheiro.

A água quente caiu sobre mim e, por alguns minutos, deixei que ela levasse toda a tensão, a raiva, o medo. Mas não adiantou muito. Quando fechei o chuveiro, o nó no peito ainda estava ali, firme.

Vesti uma camiseta qualquer e desci pra cozinha. Abri a geladeira sem muita expectativa, mas acabei sorrindo ao ver uma travessa coberta com papel alumínio. Francisca. Era óbvio. Ela sempre deixava algo pronto quando achava que eu ia chegar tarde.

Puxei a lasanha e coloquei um pedaço pra esquentar. O cheiro começou a preencher o ambiente, e por um instante me senti... normal. Sentado na bancada, com um prato de lasanha e o celular na mão.

Só que eu sabia que tinha algo a fazer… eram 21h32. Será que já era tarde pra ligar para Lorena? Seria indelicado, antiprofissional?

Fiquei olhando pro número, indeciso. Pensei em deixar pra amanhã. Pensei em mandar só uma mensagem. Pensei em não fazer nada. Além de ter que me desculpar, ainda tinha que informar sobre amanhã, que o aniversário de Milena foi adiado, mesmo que eu acreditasse que ela não iria.

Suspirei, encostei o cotovelo na bancada e apertei o botão de chamada.

Cada toque do outro lado fazia meu coração bater mais forte. Um, dois, três… nada. Minha respiração ficou pesada, e eu comecei a pensar que ia cair na caixa postal. Talvez fosse melhor assim.

Mas então, a ligação foi atendida.

— Alô? — a voz dela soou do outro lado, surpresa e confusa.

E eu congelei, sem saber o que dizer primeiro.

(Lorena)

Quando vi o nome dele aparecendo na tela do celular, por um instante achei que estava sonhando.

Meu coração deu um pulo, desses que a gente tenta disfarçar respirando fundo, mas não adianta. Atendi meio confusa.

— Alô?

Do outro lado, silêncio. Eu quase achei que a ligação tinha caído, mas vi que ele só parecia hesitar um pouco.

— Rafael? Tá tudo bem? — perguntei, tentando soar calma, embora o nervosismo estivesse me apertando o peito.

— Tá sim… — ele respondeu com a voz mais baixa do que o normal. — Eu só… eu liguei pra pedir desculpas.

Fiquei quieta, surpresa.

— Por como eu te tratei mais cedo — ele continuou. — Aconteceram umas coisas e eu acabei perdendo a cabeça. Sei que você só estava tentando acalmar o garoto, e… — ele respirou fundo. — Você é o tipo de pessoa que eu quero na empresa. Aquilo que fez mostra empatia, e eu… eu sinto muito pelo jeito que falei com você.

Por um momento, não consegui dizer nada. Eu não esperava ouvir aquilo dele, especialmente com aquele tom tão... sincero.

Suspirei, tentando aliviar o clima.

— Tudo bem, Rafael. Eu entendo. Só achei um pouco estranho, sabe? Porque você sempre foi tranquilo, e hoje parecia outra pessoa.

Do outro lado, ouvi um riso leve, meio sem graça.

— É… eu realmente não sou daquele jeito.

O silêncio que veio depois foi estranho. Nem desconfortável, nem tranquilo. Só… cheio.

Aí ele pigarreou.

— Ah… eu também liguei pra avisar que o aniversário da Milena foi adiado. Ela resolveu ficar com nossos pais esse fim de semana.

— Ah… — soltei, meio surpresa. Eu nem lembrava direito da festa, mas mesmo assim, o gesto de ele ter me avisado me fez sorrir. — Obrigada por avisar.

— Imagina — ele respondeu. — E… bom final de semana, tá?

— Pra você também, Rafael.

Quando a ligação terminou, fiquei olhando pro celular por alguns segundos, ainda sentindo o coração acelerado.

No sábado de manhã, decidi que precisava sair um pouco da cidade. A semana tinha sido longa demais, e depois daquela ligação com o Rafael, eu sentia como se tudo ainda estivesse meio fora do lugar. Então, peguei o carro e fui pra Bela Flor ver meus pais.

O caminho até lá sempre me acalmava, as estradas cercadas de verde, o cheiro de terra úmida e o céu aberto. Quando estacionei na frente da casa, Thor veio correndo, abanando o rabo, como se eu tivesse ficado anos sem aparecer.

Alana desceu do carro animada, rindo, e logo começou a brincar com ele.

Peguei as sacolas da feira e fui direto pra cozinha. O cheiro de café fresco me recebeu antes mesmo de ver minha mãe. Ela estava ali, de costas, enchendo a garrafa térmica.

— Bom dia, mãe. — Falei, encostando a sacola na bancada.

Ela se virou e sorriu, um daqueles sorrisos cansados, mas sinceros.

— Bom dia, filha. Chegou cedo hoje.

— Resolvi vir matar a saudade — respondi, me aproximando pra dar um beijo nela. — Trouxe umas coisas da feira, olha.

Ela olhou as sacolas e fez aquele olhar que sempre faz quando acha que eu gastei demais.

— Você não precisava, Lorena.

— Eu sei, mas eu quis — falei, rindo. — E o pai, tá por aí?

— Tá sim, foi lá pra roça cedo. Disse que ia ver umas cercas — ela respondeu, servindo café pra mim também.

Peguei a xícara e sentei um pouco. Ver minha mãe um pouco melhor me deu uma paz difícil de descrever. Depois de ajudar a dar uma geral na casa, estender umas roupas e organizar umas coisas, resolvi dar um pulo na casa da Tatiane.

Ela estava no quintal estendendo roupa, e quando me viu, abriu aquele sorrisão.

— Olha só quem resolveu aparecer! — ela disse, limpando as mãos no pano e me abraçando.

— Pois é, vim respirar um pouco de ar puro — falei, rindo.

Fomos pra debaixo do pé de manga, onde sempre tinha sombra boa e aquela mesa de madeira antiga que meu pai tinha feito. Sentamos nos bancos e ficamos um tempo só ouvindo os passarinhos.

Capítulo 23 - Rafael/Lorena 1

Capítulo 23 - Rafael/Lorena 2

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