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Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 326

Enchi a panela de água, mas percebi que minhas mãos tremiam tanto que algumas gotas caíram no chão.

A dor nas costas pulsava, e meu pescoço ardia cada vez que eu engolia em seco. Tentei respirar fundo, mas o peito doía mais do que eu queria admitir.

— Mãe… — a voz suave me fez estremecer.

Virei devagar.

Alana estava parada na porta, segurando o pano de prato que sempre ficava pendurado perto da pia.

O olhar dela era calmo, mas… atento demais pra uma criança de sete anos.

— O que foi, meu amor? — tentei sorrir, virando de costas pra esconder o rosto. — Vai tomar banho, daqui a pouco o jantar fica pronto.

Ela ficou em silêncio por um instante, depois se aproximou um pouco.

— Quer que eu te ajude?

Meu coração apertou. Aquela inocência era a única coisa que ainda me mantinha de pé.

— Não precisa, eu dou conta.

— Mas eu quero — insistiu, subindo na cadeirinha ao meu lado. — Posso mexer o arroz.

Suspirei, entregando a colher a ela.

— Tá bom… mas cuidado pra não espirrar.

Ela sorriu, um sorriso que iluminava tudo ao redor, mesmo no meio do caos. Por alguns minutos, o som do arroz estalando na panela e o cheirinho do alho fritando preencheram o espaço.

Era quase normal.

Mas quando me abaixei pra pegar o sal, sentindo as costas doer.

Soltei um gemido baixinho, tentando disfarçar.

— Mãe… — ela me olhou de lado — tá doendo?

Meu corpo congelou e virei de novo o rosto pra panela.

— Não, amor. É só… dor nas costas. Fiquei o dia todo sentada.

Ela me observou por alguns segundos, depois abaixou a cabeça, mexendo o arroz com cuidado. E foi nesse silêncio que percebi, ela sabia. Não tudo, mas o suficiente pra entender que alguma coisa estava errada.

Apertei os olhos, sentindo a garganta arder. Não podia deixar que ela visse isso e nem deixar que ela carregasse o que era meu.

Quando Thales apareceu na porta, com o mesmo sorriso falso de antes, meu corpo inteiro enrijeceu. Ele olhou pra nós duas, cruzou os braços e disse, com aquele tom manso que sempre vinha depois da tempestade:

— Que cena bonita. As duas na cozinha… parece até comercial de margarina.

Alana se encolheu um pouco, mas continuou mexendo a panela. Eu apenas concordei com a cabeça, sem coragem de olhar pra ele.

— O jantar vai sair rápido — murmurei.

Ele assentiu e se afastou, e só quando ouvi o som da TV na sala eu consegui respirar de novo.

Encostei na pia, sentindo o corpo cansado, e sussurrei baixinho, mais pra mim do que pra ela:

— Tá tudo bem, meu amor… tá tudo bem.

Mas por dentro, eu sabia que não estava. E que, de algum jeito, Rafael tinha percebido isso antes mesmo de eu admitir pra mim mesma.

***

Thales dirigia com uma calma que me deixava mais nervosa do que se ele tivesse gritado comigo. A mão dele segurava firme o volante, e eu via o maxilar travado, os olhos fixos na estrada. Ninguém falava nada.

Apenas o barulho do motor e o som abafado da minha respiração tentando se manter estável.

Quando ele estacionou em frente à empresa, o sol já estava queimando forte. Eu ajeitei a gola alta da blusa e estiquei as mangas, sentindo o tecido colar na pele.

Parecia que o calor vinha de dentro, talvez porque eu sabia que o pior ainda podia acontecer. Saí do carro e Thales saiu junto, parando ao meu lado na calçada da empresa.

— Venho te buscar para o almoço. — ele comentou, sem olhar pra mim.

Assenti, forçando um sorriso.

— Tudo bem, eu te aviso quando estiver para sair.

Ele virou o rosto devagar.

— Espero que você se comporte no trabalho hoje.

— Sempre me comporto, Tha….

Capítulo 25 - Lorena 1

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