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Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 327

Fechei os olhos, parando no meio do lance de escada, sentindo minhas mãos tremendo levemente no corrimão. Eu não conseguia me virar de imediato, mas a sua voz me puxava.

— Eu não quero discutir sobre o meu casamento — falei, antes que ele dissesse qualquer coisa.

— Você é o meu chefe, Rafael. Mas ainda é um estranho pra mim. A gente se conhece há pouco mais de um mês… você não sabe da nada minha vida.

Virei por fim, e o olhar dele me acertou em cheio. Aquele olhar calmo, mas cheio de perguntas.

Ele respirou fundo e deu um passo à frente.

— Você tem razão, eu passei da linha… — disse, sincero. — Não devia ter me envolvido em nada disso.

Dei um passo pra trás por instinto, e senti minhas costas tocarem o corrimão. A dor veio rápida, cortante, me fazendo prender o ar. Tentei disfarçar, mas percebi que ele notou.

Rafael parou imediatamente, com os olhos mudando, como se tivesse entendido alguma coisa. Ele ergueu as mãos, num gesto calmo.

— Eu não vou me aproximar, tudo bem? — disse, sua voz mais baixa. — Só queria pedir desculpas, não devia ter me metido. Não era minha intenção te assustar.

Respirei fundo, tentando controlar o tremor nas mãos.

— Agradeço — falei, desviando o olhar. — Eu gosto do meu trabalho aqui… do ambiente, da equipe. Mas se isso continuar, se você insistir nesse assunto… eu vou sair.

O silêncio entre nós pesou. Por um instante, ele só me observou e eu senti aquele olhar de novo, o mesmo de antes, cheio de algo que eu não sabia explicar.

Ele então suspirou.

— Tudo bem… — murmurou. — Eu entendi.

Por um segundo, achei que a conversa terminaria ali, mas ele deu um passo pro lado e completou:

— Mesmo assim… se um dia você precisar de ajuda, de qualquer coisa… não precisa ser sobre esse assunto, eu quero que saiba que pode me ligar. Eu estou à disposição, tá?

Assenti, com a garganta seca.

— Obrigada.

E antes que o silêncio nos engolisse de novo, comecei a subir os degraus, um por um, tentando não olhar pra trás.

Mas eu ouvia cada passo dele acompanhando os meus, com aquele ritmo constante, calmo, que só deixava o ar mais denso.

O calor parecia pior ali dentro.

Ou talvez fosse só a tensão.

***

Assim que meu celular vibrou sobre a mesa, meu coração gelou. Eu nem precisei olhar direito pra sentir que algo estava errado. Quando li o nome da diretora da escola de Alana na tela, um arrepio atravessou meu corpo inteiro.

— Com licença… — murmurei, tentando manter a voz firme enquanto olhava para Rafael. — É da escola da minha filha.

Ele assentiu imediatamente, com o olhar atento, sério, acompanhando meus movimentos enquanto eu me levantava e saía da sala.

Atendi a ligação ainda no corredor.

— Alô?

— Dona Lorena? Aqui é a diretora Maria, tudo bem? — a voz dela parecia calma, mas havia algo ali, uma tensão contida que me deixou sem ar.

— Sim… aconteceu alguma coisa? — perguntei, sentindo minhas mãos começarem a suar.

— A Alana… sofreu um pequeno acidente agora há pouco. Estava brincando no pátio, acabou tropeçando e caiu. Ela bateu a cabeça, mas a equipe de primeiros socorros já está acompanhando. Estamos levando ela pro hospital pra garantir que está tudo bem.

— O quê? — minha voz saiu trêmula. — Como assim ela bateu a cabeça? Ela… ela tá acordada?

— Sim, está consciente, só está um pouco assustada. É mais por precaução, tá bem?

Mas eu já mal ouvia. O chão parecia fugir dos meus pés.

— Eu… eu já estou indo. — desliguei antes mesmo de ouvir a resposta.

Voltei pra sala quase tropeçando nos próprios passos. Senti todos os olhares sobre mim, mas só conseguia focar em Rafael.

— Minha filha — falei com a voz embargada. — A Alana… ela sofreu um acidente na escola. Estão levando ela pro hospital.

Rafael se levantou na mesma hora, sua expressão mudando completamente.

— A reunião acabou — anunciou firme, olhando pros outros. — Podemos seguir depois.

Ele veio até mim e pousou uma mão leve no meu ombro.

— Eu te levo.

— Não precisa — falei rápido, meio sem saber o que dizer. — Eu… eu vou ligar pro Thales, ele pode ir.

Thales franziu o cenho, mas respondeu rápido:

— Os médicos a levaram pra fazer uma ressonância, pra garantir que está tudo bem. A diretora a acompanhou. Quando cheguei, elas já estavam lá dentro.

Antes que eu pudesse responder, senti sua mão firme segurando meu braço e me puxando para mais perto. Tropecei, quase caindo, e Rafael deu um passo à frente com os olhos duros, pronto para reagir. Eu podia sentir a tensão elétrica entre os dois, como se o ar tivesse pesado de repente.

— Vamos entrar, Thales. — tentei chamar ele, tentando ser calma, mas firme.

— Não. — respondeu, firme, segurando meu braço. — Você nunca me apresentou ao seu chefe.

— Agora não é hora! — minha voz saiu mais alta do que eu queria, tremendo de raiva e medo. — Eu só quero ver a minha filha!

— Lorena… — ele falou devagar, quase sussurrando, mas cada palavra parecia me prender no lugar. — Não vai a lugar algum antes de me apresentar a ele.

Senti um arrepio percorrer minha espinha. O medo misturava-se com a raiva, e eu tremia, tentando me soltar.

De repente, Thales estendeu a mão para Rafael, se aproximando com um tom frio, provocativo, quase desafiador:

— Sou Thales, marido de Lorena?

Rafael não hesitou. Manteve o rosto sério e firme, apertando a mão dele.

— É bom finalmente conhecer o marido dela. — disse, firme, sem deixar o tom intimidante de Thales abalar a postura.

Thales arqueou uma sobrancelha.

— Minha mulher já comentou sobre mim?

Rafael olhou para mim, depois voltou o olhar para ele, mantendo o controle da situação.

— Infelizmente ainda não tivemos a oportunidade de conversar sobre você… Podemos marcar algo um dia.

Thales soltou uma risada baixa, quase um sibilo.

— Seria ótimo.

Senti um arrepio correr pelo meu corpo. A postura dos dois era pura ameaça. Era como se eu estivesse presa entre duas forças que não podiam se cruzar sem explosão.

Cheguei ao meu limite. Puxei meu pulso da mão de Thales e saí correndo para dentro do hospital, sentindo o coração disparado, desesperada para ver Alana.

— Lorena! — ouvi ele gritar atrás de mim, mas eu não olhei para trás. Só queria minha filha, precisava dela agora.

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