Fiquei muda por alguns segundos, com coração batendo mais rápido. Aquela velha mistura de medo e raiva.
Respirei fundo antes de responder:
— Tudo bem, Thales. Pode ficar tranquilo.
Ele ficou em silêncio por um momento.
— Tá. Boa noite.
— Boa noite.
Desliguei.
Fiquei um tempo ali, olhando pro nada, com o celular ainda na mão.
Por mais absurdo que fosse, um alívio estranho tomou conta de mim. Pelo menos, por alguns dias, eu teria paz.
Sem gritos, sem tensão, sem precisar medir cada palavra.
Encostei a cabeça no sofá, soltando o ar devagar.
— Pelo menos isso… — murmurei pra mim mesma.
20 de Abril, quarta
Estava na recepção, pegando uns documentos que o carteiro deixou, quando Rafael apareceu na porta da empresa. Meu coração me deu aquele velho salto idiota que eu jurei que não ia mais sentir. Com aquele sorriso tranquilo de quem voltou de viagem em boa companhia.
Boa companhia tipo Sophia, por exemplo.
Era para ele ter vindo embora ontem pela manhã, mas ele teve que sair com Sophia, por isso só veio a noite. Eu tinha visto as fotos que enviaram no grupo dos dois juntos no gelo da Suécia, rindo, abraçados, ela com aquele casaco branco perfeito, ele com o braço em volta da sua cintura como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo. E talvez fosse.
— Bom dia, pessoal. — ele disse quando entrou, a voz dele soando firme, familiar.
Me olhou por um segundo.
— Lorena. — cumprimentou.
Forcei um sorriso educado.
— Bom dia, Rafael. — respondi, tentando soar casual, profissional… qualquer coisa que não denunciasse a bagunça que minha cabeça virou.
Ele só assentiu e entrou no elevador.
E pronto. A rotina voltou, o barulho dos teclados, o cheiro de café… e eu tentando ignorar o aperto no peito.
Subi para a minha sala e quando sentei, meu celular começou a notificar com mensagens. O peguei, vendo que era o grupo dos funcionários da empresa.
Carla: “Gente, viram o chefinho hoje? Tá todo sorridente!”
Bruna: “Certeza que ele reatou com a Sophia 😍”
Léo: “Rafael + Sophia = casal global, hahahaha.”
Revirei os olhos e larguei o celular na mesa.
“Idiotas”, pensei, mordendo o lábio e focando na tela do computador. Focar no trabalho. É isso. Trabalhar. Não pensar em Suécia, em Sophia, em sorriso nenhum.
Mas claro que o destino adora testar minha paciência.
Um leve toque na porta me fez levantar o olhar. Era ele.
Rafael abriu, ele estava com as mangas dobradas e aquele ar despreocupado que usava quando queria pedir alguma coisa.
— Tem um minuto? — perguntou.
— Claro. — falei, tentando parecer natural.
Ele entrou mais um passo, apoiando a mão na moldura da porta.
— Preciso que me acompanhe num almoço hoje. — disse. — Com uns investidores novos. Um deles é viciado em comida tailandesa, então marquei lá no Thai Lotus.
— Ah… — assenti, surpresa. — Tudo bem, sem problema.
— Mas olha — ele levantou o dedo, meio sorrindo — só come o que eu te der, tá? Eles adoram pimenta, e se você for pedir por conta própria, vai sair de lá chorando e sem sentir a língua.
Não consegui evitar uma risadinha.
— Tá bom, eu confio em você pra me salvar da pimenta.
— Sempre salvo. — ele respondeu, olhando pra mim de um jeito que me fez esquecer como se respira por dois segundos.
Mas logo desviou o olhar, como se nada tivesse acontecido.
— Saímos às 12h30. Se organiza aí.
— Pode deixar.
Quando ele saiu, fiquei ali parada, encarando a porta fechada, o eco da voz dele ainda rodando na minha cabeça. Uma sensação ruim de culpa me consumia por dentro… o que estava acontecendo?
***
Quando chegamos ao restaurante, o cheiro já me fez suspeitar que Rafael não estava brincando sobre a pimenta. O ambiente era bonito, todo cheio de luzes suaves e um aroma de especiarias que parecia querer entrar no nariz e nunca mais sair.
Os investidores já estavam lá, dois homens bem-humorados, de terno leve, um deles com um sotaque puxado, de quem provavelmente viajava o mundo fechando negócios. Cumprimentamos os dois, e Rafael, sempre impecável, conduziu tudo com aquele charme natural.
— Essa é a Lorena, minha assistente — ele disse, me apresentando.
— Prazer, Lorena — o mais falante respondeu, sorrindo. — Hoje você vai provar o melhor curry tailandês da cidade.
“Melhor” foi o jeito delicado de dizer “mais apimentado”, eu percebi logo na primeira garfada. Rafael me olhou quando experimentei, tentando conter o riso.
— Eu avisei — murmurou, se inclinando um pouco pra perto.
— É… eu devia ter te escutado — respondi entre tosses e um gole rápido de água.

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Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Tá cada dia pior, os capítulos estão faltando e alguns estão se repetindo....
Gente que absurdo, faltando vários capítulos agora é 319.ainda querem que a gente pague por isso?...
Cadê o capítulo 309?...
Alguém sabe do cap 207?...
Capítulo 293 e de mais tá bloqueado parcialmente sendo que já está entre os gratuitos...
Capítulo 293 tá bloqueado sendo que já está entre os gratuitos...
Quantos capítulos são?...
Não consigo parar de ler é surpreendente, estou virando a noite lendo. É tão gostoso ler durante a madrugada no silêncio enquanto todos dormem. Diego e Alice são perfeitos juntos, assim como Alessandro e Larissa...
Maravilhoso,sem palavras recomendo vale muito apena ler👏🏼👏🏼...
Quem tem a história Completa do Diogo?...