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Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 334

(Visão de Rafael)

O carro mal encostou na calçada do pronto-socorro e eu já estava com a porta aberta. O motor ainda estava desligando quando eu dei o primeiro passo em direção às portas de vidro automáticas. Cada segundo era um soco no peito. *Baleado*. A palavra ecoava na minha cabeça, como um tambor marcando cada batida do meu coração.

A recepção era um caos de gente assustada, vozes baixas e o cheiro forte de álcool. Ignorei a fila e fui direto para o balcão, onde uma mulher com olheiras profundas digitava em um computador lentíssimo.

— Quero saber sobre o paciente, Augusto Fonseca — disse, minha voz saindo mais áspera do que eu gostaria. — Ele foi baleado e o trouxeram agora para cá.

Ela me olhou, e pela primeira vez eu vi um lampejo de algo que não fosse exaustão no seu rosto. Compaixão? Ou era só o reflexo do meu próprio desespero?

— O senhor Fonseca já está na sala de emergência, e o doutor Tavares está com ele. Não posso deixar ninguém entrar agora. Enquanto isso, você pode aguardar na sala ali — ela apontou para um corredor à esquerda.

Aguardar.

A palavra mais impotente do dicionário. Eu não queria aguardar, eu queria arrombar a porta, ver com meus próprios olhos e garantir que ele estava... bem? Nem sei qual era a expectativa. Vivo. Que ele estivesse vivo.

Meu celular vibrou no bolso e vi que era Milena.

— Rafa, meu Deus! O que houve? Onde você está? A mãe ligou desesperada!

— No pronto-socorro municipal. — falei, tentando manter a voz estável. — Vem. Ainda não sei de nada.

— Já tô a caminho.

Desliguei e afundei as costas contra a parede fria do corredor. O tempo parecia não passar e cada minuto era uma eternidade. Dez minutos depois, ouvi os saltos altos da minha irmã ecoando no corredor.

Ela vinha correndo, com o rosto pálido, a maquiagem levemente manchada.

— O que aconteceu? — perguntou, segurando meu braço com força.

Eu respirei fundo, puxando-a para um canto mais reservado.

— Tudo indica que foi um atentado, Mili. Dois caras tentaram e o Ryan reagiu, impedindo o pior. Ele está com a polícia agora.

Os olhos dela se arregalaram.

— Meu Deus... Por quê? Quem faria isso com o nosso pai?

Eu cerrei os maxilares.

— Vou ter que falar com o Ryan para ter todos os detalhes. Mas... — baixei a voz, — já mandei o pessoal verificar as câmeras da rua antes da polícia pegá-las. Não quero que sumam com a prova.

Milena estudou meu rosto, a inteligência prática dela superando o susto por um instante.

— Você acha... que foi o tio Genildo, não é?

Eu não hesitei.

— Tenho certeza. O homem está desesperado por dinheiro, Milena. Mais desesperado do que eu imaginava.

Me aproximei mais, minha voz quase um sussurro.

— Ele pegou um empréstimo pesado com um agiota perigoso e o cara agora está atrás dele. Com juros altíssimos.

Ela arregalou os olhos, incredulidade e raiva se misturando.

— E você sabia disso e não me contou? Rafael, pelo amor de Deus!

— Não queria assustar vocês — justifiquei, segurando seus ombros. — Aumentei a segurança do pai, coloquei mais dois homens no esquema. Só não imaginei que o Genildo fosse ser tão estúpido a ponto de agir tão rápido, depois do que eu fiz com o carro de luxo dele. Deve ter sido a gota d'água.

Milena pareceu fraquejar por um segundo. Ela se deixou levar até uma fileira de cadeiras de plástico e se sentou, com as mãos tremendo levemente. Eu sentei ao lado dela.

— Escuta, você precisa ficar calma.Vou contratar um guarda-costas para você a partir de hoje.

Ela franziu o cenho, com a teimosia familiar voltando ao seu rosto.

— Não quero um guarda-costas, Rafael. Eu sei me proteger, tenho minha própria arma.

— Isso não está em discussão, Milena. — minha voz não deixou espaço para argumentos. — Ou você aceita, ou eu te tranco no apartamento com dez seguranças. Escolhe.

Ela suspirou, frustrada, e apoiou a cabeça nas mãos.

— Tá bom. — murmurou, derrotada. Então, ela levantou o olhar para mim, uma suspeita nascendo em seus olhos. — Como você descobriu sobre o agiota?

Segurei seu olhar. Não havia sentido em mentir agora.

Capítulo 33 - Rafael 1

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