— Não é nada, sério — tentei disfarçar, dando de ombros. — Só uns problemas chatos na empresa, você sabe como é.
Ela não pareceu convencida, seus olhos estreitando-se um pouco.
— Hmm.
— Relaxa, mãezona — eu brinquei, forçando uma risada. — Tá tudo sob controle.
A porta da sala se abriu e Alessandro apareceu. Seus olhos encontraram os de Larissa primeiro, e um sorriso genuíno, daqueles raros que só ela conseguia arrancar dele, iluminou seu rosto. Gabriel se debateu no meu colo e correu para o pai, que o pegou no ar com facilidade.
— Ei, filhão.
Ele então se aproximou de Larissa, colocou a mão livre na sua nuca e a puxou para um beijo suave e demorado. Era uma cena tão íntima, tão cheia de amor reconstruído, que quase doía de assistir. Eles tinham enfrentado o inferno e, de alguma forma, encontraram o paraíso do outro lado.
— Vamos sentar — Larissa disse, rompendo o beijo e nos guiando para a sala. — Alessandro, vai tomar banho para o jantar, amor.
Ele assentiu e subiu as escadas com Gabriel ainda no colo.
Larissa se acomodou no sofá e eu me sentei na poltrona em frente.
— Então, me conta — ela começou, apoiando as mãos na barriga. — Como vão as coisas na empresa? Você sumiu esses dias.
Finalmente consegui sorrir de verdade. Aquela era uma âncora, algo concreto e bom.
— Na verdade, estão incríveis — disse, me inclinando para a frente. — Fechamos uma parceria com um grupo de investidores de São Paulo. É a maior da história da empresa. Se tudo der certo, Larissa, a gente vai dar um salto. Um salto que eu nem imaginava possível há um ano atrás.
Os olhos dela brilharam.
— Sério, Rafael? Que maravilha! Eu sabia que era capaz. Você construiu tudo isso do zero. — Ela balançou a cabeça, impressionada. — E o seu pai? Ele… já sabe?
— Ainda não — admiti. — Quero ter certeza de que está tudo 100% assinado e encaminhado antes de contar. Você conhece ele. Ia querer se meter em tudo, dar palpite, e eu... eu preciso que isso seja meu, entende?
— Entendo perfeitamente — ela concordou com um sorriso compreensivo. — Mas ele vai ficar orgulhoso, no fundo. Mesmo que não demonstre da maneira que você gostaria.
Eu sabia que ela tinha razão, mas aquela era uma ponte que eu cruzaria mais tarde.
O jantar foi barulhento, descontraído e exatamente o que eu precisava. A cozinha grande da casa deles estava cheia do cheiro de lasanha, a "especial da Larissa", segundo Gabriel, que contou todos os ingredientes com um orgulho enorme.
O garoto não parava quieto, contando todas as novidades da escola, e eu ouvi, genuinamente interessado, rindo das suas histórias.
Larissa comandava a mesa com uma autoridade doce, garantindo que todos estivessem servidos e felizes. E o Alessandro... era estranho ver aquele lado dele. Ele cortava a comida do Gabriel, ouvia as histórias com um meio sorriso no rosto e, de vez em quando, sua mão encontrava a de Larissa sobre a mesa, num toque rápido, mas que dizia tudo.
Era uma cena doméstica, normal, e por isso mesmo, profundamente poderosa. Era o que eu, no fundo, sempre quis e nunca realmente tive.
— Mais lasanha, Rafa? — Larissa ofereceu, com a travessa na mão.
— Tô ótimo, para mim chega — agradeci, me sentindo cheio. — Tá incrível, como sempre.
— Ela está treinando para alimentar um exército — Alessandro comentou secamente, mas o olhar que ele dirigiu a ela era pura adoração.
— Vai ser necessário, com esse daí — ela respondeu, cutucando Gabriel com o cotovelo. — Ele come como se não houvesse amanhã.
— Porque a sua comida é a melhor, mãe! — Gabriel declarou com a boca cheia, e todos rimos.
— Problemas familiares são uma distração que você não pode ter agora — ele declarou, sua voz fria e prática. — E essa mulher... a Lorena. Ela está se tornando uma distração também.
Eu não respondi, porque não podia negar.
— Você precisa focar, Rafael. O Genildo está por aí, escondido, e agora sabemos que ele tem o apoio de uma facção. Eles não vão parar no primeiro fracasso. — Ele se inclinou para a frente. — Você aumentou a segurança na sua casa como eu falei?
— Tripliquei. E o Ruan está de olho nos dois presos e também… chamei o Nicolas para cuidar da Milena, porque sei que ela não vai sossegar.
— Nicolas? Tem certeza?
Suspirei, assentindo e olhei em direção a janela por um momento.
— Nicolas passou por um momento difícil, mas já tem 2 anos que aconteceu e eu não vejo outro capaz de conseguir proteger minha irmã como ele.
— Entendo, se você acredita que ele é a pessoa, então tudo bem. Não o vi depois do que aconteceu, mas espero que você esteja certo sobre ele. Já mandei uns homens meus também para ficarem de olho em sua casa e na empresa.
— Obrigado por isso.
— Não me agradeça. Só garanta que essa parceria de São Paulo dê certo. É o seu futuro. É a sua saída limpa de toda essa bagunça. — Seus olhos escuros me perfuraram. — Não deixe nada e ninguém atrapalhar isso. Entendido?
"Ninguém". Ele não disse o nome, mas eu sabia exatamente a quem ele se referia. A imagem de Lorena, ajoelhada no chão comigo, invadiu minha mente mais uma vez.
— Entendido — eu respondi, a palavra soando mais como uma promessa a mim mesmo do que a ele.
Era uma ordem. E eu precisava segui-la, por mais difícil que fosse.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Afff piorou, agora não são dois, é nadaaaa!!!...
Vou fazê-lo novamente!!!! Dois capítulos por dia é um desrespeito!!!...
Ué cadê meu comentário?...
Esse é o terceiro livro, os dois primeiros caminharam bem, mas agora só dois capítulos por dia é muito pouco. Lembre-se de seu compromisso com os leitores...
Cadê o capítulo 319???????? Não tem?????...
Tá cada dia pior, os capítulos estão faltando e alguns estão se repetindo....
Gente que absurdo, faltando vários capítulos agora é 319.ainda querem que a gente pague por isso?...
Cadê o capítulo 309?...
Alguém sabe do cap 207?...
Capítulo 293 e de mais tá bloqueado parcialmente sendo que já está entre os gratuitos...