22 de abril- sexta-feira
O relógio marcava 06:25 quando ouvi o ronco de uma moto se aproximando da minha garagem. A moto era preta, imponente, e parou com precisão milimétrica ao lado do portão. O som do motor cessou e o silêncio da manhã tomou conta por alguns segundos, até que Nicolas tirou o capacete.
Ele ergueu o rosto, e por um instante o reflexo do sol nascente bateu no couro da jaqueta.
Nicolas tinha aquele tipo de presença que impõe respeito sem precisar abrir a boca. Alto, devia ter uns 1,89, ombros largos, expressão fechada e olhar direto, calculado. O corte de cabelo rente e a barba por fazer davam a ele um ar ainda mais severo. Era o tipo de cara que você não encara por muito tempo, mesmo sem saber por quê.
— Rafael. — Ele me cumprimentou com aquele tom frio e controlado de sempre.
— Valeu por ter vindo — respondi, cruzando os braços.
Ele assentiu uma vez, sem emoção.
— Não pensei que fosse voltar tão cedo… — disse, deixado o capacete apoiado no guidão da moto. — Mas talvez seja melhor assim.
— Pois é — murmurei. — Eu também não achei que fosse precisar de você tão rápido.
Ele inclinou a cabeça, analisando.
— Qual é o serviço?
Respirei fundo.
— É sobre minha irmã, Milena. Ela acabou de se separar do marido e quer… aproveitar a vida um pouco, digamos assim. Mas a situação ficou perigosa. — Fiz uma pausa, observando o que olhar dele continuava impassível. — A gente recebeu algumas ameaças, tentativas de assassinato, sequestro… Eu preciso de alguém pra ficar de olho nela até finalizar com o que tenha que ser feito. O meu tio, Genildo, está por trás disso em busca de dinheiro por estar devendo um agiota perigoso…
Nicolas ficou em silêncio por um instante, como se estivesse processando cada palavra.
— Quer que eu seja o guarda-costas dela?
— Exato. — Cruzei os braços. — Quero que a proteja e se ela resolver fugir, ir pra algum lugar sem avisar, você vai atrás. Não posso confiar isso a mais ninguém além de você.
Ele me olhou firme, e apenas assentiu. Nicolas nunca foi de falar muito, sempre deixou as ações fazerem o barulho por ele.
— Tenho permissão pra não deixar rastros? — perguntou, seco.
Eu sabia o que ele queria dizer com isso.
Olhei nos seus olhos, sem hesitar. —
Tem. Faça o que for preciso, mas proteja a Milena. E se os meus pais estiverem por perto… protege eles também.
Ele assentiu de novo, sem mudar a expressão.
— Entendido.
Peguei o celular do bolso e fiz a transferência. Alguns segundos depois, o celular dele vibrou. Nicolas olhou o valor, ergueu uma sobrancelha discreta, mas não disse nada.
— Tá justo pra esse serviço? — perguntei.
Ele apenas respondeu com um aceno.
Guardei o celular de volta no bolso e fiz sinal pra ele entrar.
— Então vem. Vou te apresentar pra família.
O som firme das botas dele ecoava no chão, e por um instante pensei no quanto era bom tê-lo de volta, mesmo que o motivo não fosse dos melhores.
Entrei em casa com Nicolas logo atrás. O cheiro de café fresco e pão quente veio do corredor, junto com o som de talheres batendo contra os pratos.
Na mesa, meu pai e minha mãe estavam tomando café da manhã, enquanto Francisca servia o suco e ajeitava umas frutas na travessa. Tudo parecia normal, até o momento em que eles levantaram o olhar e viram Nicolas parado na porta da cozinha.
O ar pareceu ficar mais pesado.
Meu pai largou a xícara de café devagar e me olhou com aquele semblante que dizia tudo sem precisar abrir a boca: o que esse sujeito tá fazendo aqui, Rafael?
Suspirei.
— Pai, mãe… esse é o Nicolas.
Eles continuaram olhando pra ele.
— Ele vai ser o guarda-costas da Milena. Mas também vai protegê-los, caso esteja por perto e… seja preciso.
O rosto do meu pai fechou na hora.
— Guarda-costas? — perguntou, com o tom firme. — A gente não precisa disso, Rafael.
Antes que eu respondesse, minha mãe o cortou.
— Augusto, fica quieto. — Ela pousou a xícara com calma, mas o seu olhar estava sério. Depois, voltou-se pra Nicolas. — Se você veio pra nos proteger, obrigada. As coisas não têm estado muito fáceis ultimamente.
Ela hesitou um pouco, como se não quisesse admitir, mas completou:
— Tenho andado com medo. Esse silêncio do Genildo me preocupa.
Meu pai desviou o olhar, respirou fundo e tocou de leve a mão dela sobre a mesa, um gesto raro, quase envergonhado.
Nicolas ficou em pé, imóvel, como uma sombra.
Depois de alguns segundos, ele apenas assentiu e disse com a voz firme, baixa:
— Eu vou protegê-los com a minha vida.

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Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Tá cada dia pior, os capítulos estão faltando e alguns estão se repetindo....
Gente que absurdo, faltando vários capítulos agora é 319.ainda querem que a gente pague por isso?...
Cadê o capítulo 309?...
Alguém sabe do cap 207?...
Capítulo 293 e de mais tá bloqueado parcialmente sendo que já está entre os gratuitos...
Capítulo 293 tá bloqueado sendo que já está entre os gratuitos...
Quantos capítulos são?...
Não consigo parar de ler é surpreendente, estou virando a noite lendo. É tão gostoso ler durante a madrugada no silêncio enquanto todos dormem. Diego e Alice são perfeitos juntos, assim como Alessandro e Larissa...
Maravilhoso,sem palavras recomendo vale muito apena ler👏🏼👏🏼...
Quem tem a história Completa do Diogo?...