Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 342

12 de Junho - Domingo

O tempo passou voando e quase não percebi os dias indo embora, um atrás do outro, como se o relógio tivesse decidido correr pra me deixar pra trás. Desde o atentado, se passaram pouco mais de um mês e… nada.

Nenhum sinal do Genildo e isso, sinceramente, é o que mais me deixa com a pulga atrás da orelha. Aquele cara não é de sumir assim, principalmente depois de tudo o que aconteceu. O silêncio dele é o que mais me incomoda. É como o som de algo prestes a explodir, calmo demais pra ser seguro.

Tentei não pensar nisso, ocupar minha cabeça e as viagens da empresa ajudaram. Passei quase todo mês fora, três dias em uma cidade, dois em outra. Qualquer reunião que aparecia, eu aceitava. Qualquer brecha, eu embarcava. O importante era não ficar parado e não pensar em Lorena.

Meus pais voltaram pra casa, levaram os seguranças junto, e Milena… bom, Milena finalmente se mudou pro apartamento dela. Mas, claro, com o pobre do Nicolas colado nela. E o coitado sofre. A minha irmã é uma força da natureza, e ele… um cara que ainda carrega o peso de ter perdido a única mulher que se permitiu amar e se culpa por isso. Coitada dela, não sabe onde tá se metendo.

E eu… eu resolvi focar em Sophia. Ela estava mais estável, menos caótica, e sempre tinha um tempo pra mim.

Com Lorena, as coisas ficaram… complicadas. Depois daquele incidente no corredor, eu entendi que outro momento daquele tipo poderia sair do controle. E eu sabia que estava sentindo algo que não devia. Então, cortei o mal pela raiz. As viagens ajudaram nisso também. Era mais fácil pensar menos nela quando eu estava a quilômetros de distância.

Hoje é 12 de junho, dia dos namorados. Irônico, né? Eu nunca dei bola pra essa data, mas aqui estou, segurando uma caixa de chocolates e um buquê de rosas.

— Você é impossível — a voz de Sophia me fez levantar o olhar. Ela apareceu na porta da sala, com um sorriso curioso. — Nós nem somos namorados.

Sorri de leve, entregando as flores e o chocolate.

— Eu sei. Mas é só um jeito de agradecer.

— Agradecer? — ela arqueou uma sobrancelha, colocando as mãos na cintura.

— É — dei de ombros, rindo. — Não só pelo sexo, que é ótimo, aliás… mas também por você me ouvir.

Sophia soltou uma risada leve, balançando a cabeça.

— Você é um caso perdido.

Ela colocou as flores num jarro sobre o balcão, depois pegou duas taças de vinho e voltou pra perto de mim.

Estendeu uma delas.

— Então… ainda sente alguma coisa pela sua assistente? — perguntou, com aquele olhar provocante.

Suspirei, passando a mão pelo rosto.

— Nem sei. Pra ser sincero, não tem nem como eu saber. Praticamente não a vi nesse último mês e a conversa entre a gente é sempre rápida, profissional… e, sinceramente, é melhor assim. Pra nós dois.

Sophia assentiu devagar, se aproximando e se sentou no meu colo com a taça ainda na mão.

— Talvez seja mesmo. — Ela levou o copo à minha boca, me fazendo beber um gole antes de tirar a taça e lamber meus lábios, provocando.

Um gemido baixo escapou de mim sem que eu conseguisse segurar. Minhas mãos foram direto pra sua cintura, puxando-a mais pra perto.

— Relaxa, Rafael… — ela sussurrou, com um meio sorriso. — É bem provável que ela esteja com o maridinho dela agora.

Senti um arrepio subir pela nuca. Aquele nome, marido, sempre me causava um incômodo estranho. Eu sabia que ela tinha razão. O cara tinha voltado, e o pior é que isso fazia sentido.

Da última vez, Lorena apareceu com uma blusa de alça longa, coisa que ela só usava quando queria esconder a realidade do seu casamento.

Balancei a cabeça, tentando afastar o pensamento.

Encostei a testa no ombro de Sophia, soltando o ar devagar, como quem tenta convencer a si mesmo.

Mas no fundo, a verdade era outra: por mais que eu tentasse, por mais que eu viajasse, por mais que eu me distraísse com Sophia… Lorena ainda aparecia, às vezes, no meio do silêncio.

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