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Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 345

(Visão de Rafael)

Bati o punho na parede com tanta força que o som ecoou pelo escritório. Senti a dor subir pelo braço, mas pouco me importei. “Assalto?”, repeti pra mim mesmo, respirando pesado. “Agredida na rua?” Nunca, nem ferrando.

Abri o computador e puxei o acesso das câmeras da rua dela novamente. Fiquei vasculhando cada segundo do dia anterior, com os olhos ardendo de tanto encarar a tela. Mas nada. Nenhuma imagem dela saindo de casa. Só aquele desgraçado chegando… e depois, horas mais tarde, saindo com o carro como um maluco, acelerando feito um possuído.

Aquela cena me queimou por dentro. Apertei o maxilar até sentir o músculo latejar. Será que aquilo podia ser usado como prova? Se eu levasse pro quartel, talvez… Mas que droga! Ele devia ter mexido nos arquivos, apagado o resto.

“Quatro semanas de atestado.” As palavras ecoavam na minha cabeça. Quatro semanas. Que tipo de agressão faz uma pessoa precisar de tudo isso? Como ela estava, de verdade?

Passei a mão no rosto, frustrado, tentando afastar o nó que apertava minha garganta. Era raiva. Raiva e impotência.

O toque do celular me arrancou dos pensamentos. Olhei pra tela vendo que ela Nícolas e um nervoso me atingiu, ele não ligaria se não fosse uma emergência.

— Sim?

Do outro lado, o silêncio veio primeiro, e depois a voz dele, fria e séria.

— Sua irmã bebeu muito e está… bêbada e não para de chorar. Devo levá-la ao médico?

Fechei os olhos e quase ri.

— Ah, não… — murmurei, encostando na cadeira. — Ela tá mal mesmo?

— Parece que sim…

Um riso escapou antes que eu pudesse conter. Nicolas nunca foi de sentimentos e a forma dele de mostrar que se importava com alguém era apenas acabando com os inimigos daquela pessoa. Conversar? Nunca!

— Mas e aí, o que eu faço?

— Pega um pote de sorvete — falei, rindo. — Deve ter um no freezer. Entrega pra ela, coloca Titanic, e só concorda com tudo que ela disser sobre o ex. “É, ele era um lixo”, “você merece coisa melhor”, essas paradas.

Silêncio.

— …Titanic? — ele perguntou, incrédulo.

— É, cara. Funciona.

Outro silêncio, e então a linha ficou muda. Ele tinha desligado na minha cara.

— Só a Milena pra te fazer perder a pose desse jeito, Nicolas — murmurei, ainda rindo baixo.

Mas o riso morreu rápido e a raiva voltou, rastejando. Caminhei até a mesa e encarei os papéis espalhados. Eu tinha que viajar essa semana, mas antes… precisava resolver a questão da Lorena. Arrumar alguém pra cobrir ela, ver se o RH já tava sabendo de tudo.

Peguei o celular de novo. A mão tremia de leve, mas era pura tensão. Eu precisava descobrir quando aquele desgraçado do Thales ia viajar de novo. Precisava saber quando ele ia dar um passo fora daquela cidade.

Porque no momento em que ele saísse… eu ia descobrir o que, de fato, ele fez com ela.

(Visão de Lorena)

O carro parou em frente à casa dos meus pais e, por um instante, senti o peito aliviar. Só de ver aquele portão velho e o quintal cheio de flores que minha mãe insistia em cuidar, parecia que o mundo ficava menos pesado. Meu pai veio até a porta e me ajudou a descer com cuidado.

— Devagar, filha — ele disse, me segurando pelo braço.

Soltei um gemido baixo quando o movimento fez minha costela protestar, mas tentei disfarçar. Não queria deixá-los ainda mais preocupados.

Assim que coloquei os pés no chão, vi minha mãe vindo da varanda. O passo era lento e o corpo cansado, mas o olhar… aquele olhar me desmontou.

— Minha menina… — ela murmurou, abrindo os braços.

Tentei sorrir, mesmo sentindo o rosto doer com o esforço.

— Oi, mãe.

Alana segurava firme na minha mão, como se tivesse medo de que eu me machucasse novamente.

— Cuidado, mamãe… vai devagar. — A sua voz era doce, cheia de preocupação.

— Eu tô bem, meu amor. — acariciei o rostinho dela e sorri. — Você é minha enfermeira agora, né?

Ela assentiu com um sorriso fofo e caminhamos até o quarto, onde meu pai me ajudou a me deitar. Assim que encostei na cama, soltei um suspiro de alívio.

— Obrigada, pai. — murmurei.

Ele ajeitou o travesseiro atrás de mim e me olhou com aquele sorriso manso de sempre.

— Eu que agradeço, filha. Faz tempo que eu queria poder cuidar de você de novo.

Senti os olhos marejarem, mas apenas forcei um sorriso.

— Também estou feliz por estar aqui.

Ele se inclinou e beijou minha testa.

— Descansa. O almoço já tá quase pronto. — E saiu devagar, fechando a porta atrás de si.

Fiquei olhando pro teto, tentando processar o silêncio. Era estranho… pela primeira vez em tanto tempo, o silêncio não me assustava.

— O que foi que aconteceu com você, hein? — ouvi uma voz vinda da janela e quase pulei de susto.

Capítulo 44 - Rafael/Lorena 1

Capítulo 44 - Rafael/Lorena 2

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