Meu peito estava tão apertado que por um instante pensei que não conseguiria respirar. O som da voz dele me fez estremecer, mas dessa vez não foi saudade, foi medo.
— Thales, você quase me matou — sussurrei, sentindo minha própria voz tremer. — E agora vem aqui como se fosse só um desentendimento de casal?
Ele franziu o cenho, dando um passo em minha direção, mas eu recuei. Não porque quisesse parecer fraca, e sim porque já sabia o que aquele olhar dele podia esconder.
— Eu não quero mais isso — continuei, tentando manter a firmeza. — Não quero viver com medo.
O silêncio caiu pesado entre nós. O vento balançava as cortinas da varanda e só o som distante dos grilos preenchia o espaço entre as nossas respirações. Ele me olhou por alguns segundos, e o sorriso forçado apareceu.
— Você tá confusa — disse, com a voz calma demais pra ser sincera. — Todos aqui estão te enchendo a cabeça, né?
Eu o encarei, firme, o peito subindo e descendo rápido.
— Não precisa culpar ninguém, Thales. A culpa é exclusivamente sua. E pra deixar claro... o que eu quero agora é distância de você.
O sorriso dele desapareceu, e a confusão atravessou o olhar.
— Do que você tá falando, Lorena?
— Que é bom você ir pra São Paulo. — As palavras saíram duras, frias. — Pra sua amante. Fique lá o tempo que quiser. Um ano, dois, não importa. Você não precisa mais voltar.
O rosto dele se contraiu, o choque se transformando em raiva.
— Lorena, você tá acusando de...
— Não me faça de idiota — interrompi, com a voz firme, mesmo sentindo as mãos trêmulas.
Thales deu mais um passo, e eu automaticamente recuei.
— Não precisa ter medo dela, eu não a amo — disse ele, tentando soar convincente, mas a tensão no maxilar o traía.
Soltei uma risada amarga.
— Eu não tenho medo de mulher nenhuma, Thales. Só tô cansada de você. Cansada das mentiras, das desculpas e desse ciclo. Eu só quero que você vá embora e me deixe em paz.
Por um momento, o silêncio pareceu mais perigoso do que qualquer grito. Ele me olhou, respirando fundo, as veias do pescoço saltando enquanto tentava conter o impulso. Eu sabia o que viria se ele perdesse o controle ali, na frente da minha família.
Antes que ele dissesse qualquer coisa, ouvi o som firme dos passos do meu pai se aproximando pela varanda.
— Acho que ela foi bem clara, Thales — disse ele, com a voz baixa, porém carregada de autoridade. — Vá embora.
Thales virou-se lentamente para ele, e então de volta pra mim, com os olhos ardendo de raiva.
— Eu não vou aceitar isso. Você não vai acabar esse relacionamento, Lorena.
Ergui o queixo, sentindo o coração martelar no peito, mas sem desviar o olhar.
— Quem acabou foi você. Eu só tô aceitando o que você fez.
Ele ficou ali por alguns segundos, me encarando, como se esperasse que eu voltasse atrás. Mas eu não disse nada.
Sem conseguir controlar a raiva, ele virou, desceu os degraus com passos pesados e entrou no carro. A porta bateu com força, e o som do motor rugindo ecoou pelo terreiro. A poeira subiu, turvando a estrada e o ar, enquanto eu continuava parada, com o coração em frangalhos e a cabeça erguida.
Meu pai se aproximou devagar, o olhar dele cheio de preocupação. Eu ainda olhava para a estrada, tentando entender o que tinha acabado de acontecer, tentando convencer meu coração a desacelerar.
— Você tá bem, filha? — ele perguntou, com a voz calma, mas tensa, como se tivesse medo da minha resposta.
Respirei fundo, sem saber exatamente o que responder.
— Eu… não sei, pai. — Minha voz saiu num sussurro cansado. — Acho que fiz o certo, mas... fico preocupada com a Alana.
Ele assentiu devagar, se aproximando até me puxar num abraço firme, protetor, daquele jeito que só ele conseguia dar.
— Não se preocupa com isso agora — disse, passando a mão pelas minhas costas. — A Alana já tá grandinha, vai entender. E se não entender agora, um dia vai.
Fechei os olhos, respirando o cheiro familiar de casa, de segurança, e senti as lágrimas escaparem antes que eu pudesse impedir.
— Eu só quero que ela fique bem — murmurei contra o peito dele. — Que ela não sofra por causa disso.
— Ela vai ficar, Lorena — ele respondeu com convicção. — Vamos cuidar disso juntos, você não tá sozinha.
Assenti em silêncio, deixando que o abraço dele me envolvesse. Eu sabia, lá no fundo, que tinha feito o que precisava ser feito. Que encerrar aquele ciclo era a única forma de proteger a mim mesma e à minha filha.
Mas mesmo com as palavras firmes e o carinho do meu pai, o medo ainda estava ali, latejando dentro do peito. Porque eu conhecia Thales… e sabia que ele não era o tipo de homem que aceitava perder.
(Visão de Rafael)


Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Tá cada dia pior, os capítulos estão faltando e alguns estão se repetindo....
Gente que absurdo, faltando vários capítulos agora é 319.ainda querem que a gente pague por isso?...
Cadê o capítulo 309?...
Alguém sabe do cap 207?...
Capítulo 293 e de mais tá bloqueado parcialmente sendo que já está entre os gratuitos...
Capítulo 293 tá bloqueado sendo que já está entre os gratuitos...
Quantos capítulos são?...
Não consigo parar de ler é surpreendente, estou virando a noite lendo. É tão gostoso ler durante a madrugada no silêncio enquanto todos dormem. Diego e Alice são perfeitos juntos, assim como Alessandro e Larissa...
Maravilhoso,sem palavras recomendo vale muito apena ler👏🏼👏🏼...
Quem tem a história Completa do Diogo?...