(Visão de Lorena)
Assim que o carro parou em frente ao prédio, senti um peso familiar cair sobre os ombros. De fora, o lugar parecia o mesmo de sempre com o hall limpo, as plantas na portaria, o porteiro acenando com aquele sorriso simpático mas, por dentro, algo já não encaixava mais.
Meu pai desceu primeiro, olhou ao redor e soltou um suspiro pesado.
— Tem certeza disso, filha? — perguntou, apoiando as mãos nos bolsos. — Ainda dá tempo de ficar mais uns dias lá com a gente.
Balancei a cabeça, forçando um sorriso.
— Tenho sim, pai. Eu preciso voltar pra rotina, pro trabalho... e Alana já vai começar as aulas.
Ele assentiu devagar, como quem não estava totalmente convencido, mas respeitava. Se aproximou, segurou meu rosto com carinho e beijou minha bochecha.
— Tudo bem. Mas qualquer coisa, você me liga, tá? Eu venho correndo, do jeito que for.
Senti um nó se formar na garganta.
— Eu sei, pai. Obrigada. — O abracei com força, tentando esconder a vontade de pedir pra ele ficar mais um pouco.
Fiquei parada na porta, vendo ele se afastar pelo corredor até sumir no elevador. O silêncio que veio depois me atingiu em cheio. Entramos e olhei ao redor, sentindo uma mistura de sentimentos.
— Mãããe! — ouvi a voz de Alana do quarto. — Eu estava com saudades do meu quarto!
Sorri sozinha.
— Ainda bem que alguém tava.
Mas eu… não.
Não senti falta daquele apartamento, nem do cheiro dele, nem da sensação fria que ficou quando Thales foi embora pra São Paulo.
Suspirei e fui levando as malas pro quarto. Comecei a desfazer tudo, dobrando as roupas limpas que minha mãe tinha lavado tudo antes de eu voltar, então pelo menos isso estava resolvido.
Enquanto pendurava uma blusa no guarda-roupa, minha cabeça fugia de novo pro mesmo lugar.
O beijo e Rafael.
Fechei os olhos por um instante. Foi rápido, mas ficou.
A forma como ele me olhou antes... o toque suave na minha pele...
E o pior, eu tinha correspondido.
Balancei a cabeça, tentando espantar a lembrança.
“Não, Lorena. Não começa.”
Fui até a cozinha pra me ocupar com alguma coisa. Abri a despensa e vi que estava intocada e cheia.
Pacotes de bolacha, arroz, café… Thales devia ter feito pedidos enquanto estava aqui, provavelmente tentando manter as aparências.
Apertei os lábios, sentindo o incômodo voltar. Tomara que ele não volte por agora.
O apartamento inteiro parecia suspirar com esse pensamento.
Mas, lá no fundo, eu sabia… ele ia voltar. E, quando voltasse, nada seria simples.
***
A segunda-feira chegou mais rápido do que eu esperava. Acordei cedo, antes mesmo do despertador, e fiquei alguns segundos olhando o teto, tentando convencer a mim mesma de que estava pronta para voltar à rotina.
O som de passinhos no corredor me tirou dos pensamentos. Alana apareceu sonolenta, com o cabelo desgrenhado e o uniforme amassado.
— Mãe... hoje tem aula de artes, posso levar meu estojo novo? — perguntou, esfregando os olhos.
— Pode sim, meu amor. — sorri, puxando-a para perto e ajeitando o colarinho da camisa. — Mas primeiro, vamos tomar café.
Enquanto ela comia, eu arrumava a lancheira, conferia a mochila e tentava ignorar o frio na barriga que crescia cada vez mais. Não era só por causa da consulta. Era o retorno. A volta para o trabalho, para o ambiente e a grande possibilidade de encontrá-lo.
Depois de deixá-la na escola, com o beijo rápido na testa e o habitual “te amo, mamãe” que sempre me desmontava, segui para o consultório médico.
O médico me recebeu com um sorriso tranquilo.
— Lorena! Que bom vê-la em pé e sorrindo. Como tem se sentido?
— Melhor... — respondi, ajeitando a bolsa no colo. — Às vezes ainda sinto um pouco de cansaço, mas nada demais.
Ele fez algumas perguntas, conferiu os resultados dos exames e anotou no prontuário.
— Está tudo dentro do esperado. Você reagiu muito bem à cirurgia e pode retomar suas atividades normais. Só tente não se sobrecarregar logo de início, combinado?
Assenti, aliviada.
— Pode deixar, doutor. Eu prometo pegar leve.
— Está liberada e parabéns por ter se recuperado tão bem.
— Obrigada — respondi, sorrindo.
Saí dali com um misto de leveza e ansiedade. No carro, fiquei alguns minutos parada, respirando fundo antes de ligar o motor. O caminho até a empresa parecia mais curto do que antes ou talvez fosse a saudade apertando o peito.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Tá cada dia pior, os capítulos estão faltando e alguns estão se repetindo....
Gente que absurdo, faltando vários capítulos agora é 319.ainda querem que a gente pague por isso?...
Cadê o capítulo 309?...
Alguém sabe do cap 207?...
Capítulo 293 e de mais tá bloqueado parcialmente sendo que já está entre os gratuitos...
Capítulo 293 tá bloqueado sendo que já está entre os gratuitos...
Quantos capítulos são?...
Não consigo parar de ler é surpreendente, estou virando a noite lendo. É tão gostoso ler durante a madrugada no silêncio enquanto todos dormem. Diego e Alice são perfeitos juntos, assim como Alessandro e Larissa...
Maravilhoso,sem palavras recomendo vale muito apena ler👏🏼👏🏼...
Quem tem a história Completa do Diogo?...