A primeira coisa que fiz quando cheguei em casa foi largar as chaves na mesa da sala e respirar fundo. Desde cedo eu estava com a cabeça presa no escritório… mais especificamente, presa nela.
A imagem de Lorena mexendo nas coisas, toda concentrada, ainda grudava no meu cérebro. Mas o que realmente me fez respirar um pouco mais leve foi a confirmação de algo que eu vinha torcendo pra ver, o dedo dela estava limpo.
Nenhuma aliança.
Um alívio estranho me percorreu. Não que eu quisesse comemorar o fim de qualquer coisa que ela tivesse vivido… mas sim porque parecia que, enfim, algo podia andar pra frente. Que eu podia me aproximar dela sem sentir que estava atravessando uma linha.
Eu só precisava cuidar dela. E garantir que aquele desgraçado não tivesse outra chance de machucá-la.
O celular tocou, tirando meus pensamentos do rumo. Ruan.
Atendi na hora.
— Fala.
— Estamos monitorando todo o movimento, — ele disse direto, como sempre.
A tensão no meu peito voltou.
— Toma cuidado, Ruan.
— Eu sei. Amanhã eu passo aí pra te mostrar o que já temos.
Assenti sozinho, olhando pro chão como se aquilo fosse ajudar a controlar a ansiedade ridícula crescendo dentro de mim.
— Beleza. Te espero.
Desligamos.
As informações dele rodavam na minha cabeça.
Ruan tinha ido no sábado tentar encontrar Genildo no depósito… mas o velho não apareceu. Só que o lugar era, sim, um ponto de armazenamento das armas do grupo do Tom.
Eu nunca quis ter nada a ver com esse cara. Ninguém quer.
Mas no domingo, Ruan voltou lá e encontrou Genildo, acompanhado de quatro homens. Ele não ficou sozinho nem por um mísero minuto. Sua mão estava enfaixada, e eu não conseguia parar de pensar no que poderia ter acontecido.
Ruan deixou claro:
— Não mexe enquanto ele estiver no território do Tom.
E por mais que me corroesse por dentro, eu sabia que ele estava certo. Mexer com Genildo ali seria pedir pra morrer.
Agora era questão de esperar.
Esperar por um vacilo, um minuto de distração. Os homens de Ruan estavam todos lá, monitorando cada passo.
Mas esperar é um inferno. Minha perna não parava de balançar. A impressão era de que meu corpo inteiro queria resolver aquilo logo, com as próprias mãos.
Passos leves soaram no corredor e Francisca apareceu na porta.
— Rafael, estou indo.
Levantei o olhar.
— Obrigado, Francisca.
Ela sorriu de volta, fechando a porta atrás de si.
E o silêncio tomou conta da casa. Minha família ainda estava no centro de treinamento, então não havia mais barulho, nem conversas…
Só eu, a tensão, e o desejo quase irracional de proteger quem não saía mais da minha mente.
Lorena.
Eu tinha que ser paciente e fazer tudo direito.
Mesmo que esperar me deixasse maluco.
***
Terça-feira, 5 de julho.
Amanheceu com aquela sensação de que o dia seria puxado e eu nem estava errado.
Cheguei cedo à empresa, ainda pensando em Lorena. Pensei em ir falar com ela, mas quando passei pela porta, vi que estava no telefone, toda concentrada, anotando alguma coisa.
Ela levantou o olhar, nossos olhos se encontraram, e eu só consegui dar um aceno rápido, fingindo naturalidade.
Passei direto pra minha sala antes que entregasse minha cara de idiota apaixonado.
Sentei, abri um dos documentos que precisava revisar e tentei me enfiar ali. Mas metade do meu cérebro ainda estava na imagem dela apoiando o telefone no ombro, mordendo a tampa da caneta enquanto escrevia.
Foi quando meu celular vibrou na mesa.
Olhei a tela. “Markus Schäfer.”, um parceiro alemão.
Estranhei na hora, ele nunca me ligava assim, do nada.
Atendi.
— Bom dia, Markus. O que houve?
Sua voz veio acelerada, nervosa mesmo:
— Rafael, temos um problema grande.
Meu estômago afundou. Outro???
— Fala.
— O seu antigo sócio voltou.
Fechei os olhos por um segundo.
— Klaus?
— Ele mesmo. E não é só isso, ele está alegando que quer falar com você pessoalmente. Tentou entrar à força na sede hoje cedo. Tivemos quase que chamar a polícia.
Meu corpo ficou rígido na cadeira. Klaus Richter. A única pessoa que conseguiu fazer eu perder completamente o controle anos atrás.
Markus continuou, ainda mais tenso:
— E… Rafael… acredito que tem alguém dentro do escritório que está passando informações internas.
Pronto.
Meu coração desceu pro estômago.
— Quem? — perguntei, já sabendo que Markus não teria essa resposta.
— Não sabemos. Mas ele disse que só conversa com você.
Eu respirei fundo, apoiando o cotovelo na mesa.
O passado tinha voltado pra bater na porta e logo agora, quando eu já estava com mil coisas acontecendo no Brasil.
Klaus era um psicopata calculado. O processo judicial contra ele anos atrás tinha sido um inferno. Desvio de dinheiro, ameaças, chantagem… tudo enquanto eu tentava consertar os pedaços da empresa que construímos juntos.
Achava que aquilo tinha acabado. Que a distância e a nova empresa no Brasil tinham me libertado dele.
Mas não.
E pra completar, ele agora estava rondando o escritório em Hamburgo, onde ainda tinha funcionários da equipe original.
Massageei a nuca, já sentindo a dor de cabeça nascendo.
— Markus… Eu vou ter que ir.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Tá cada dia pior, os capítulos estão faltando e alguns estão se repetindo....
Gente que absurdo, faltando vários capítulos agora é 319.ainda querem que a gente pague por isso?...
Cadê o capítulo 309?...
Alguém sabe do cap 207?...
Capítulo 293 e de mais tá bloqueado parcialmente sendo que já está entre os gratuitos...
Capítulo 293 tá bloqueado sendo que já está entre os gratuitos...
Quantos capítulos são?...
Não consigo parar de ler é surpreendente, estou virando a noite lendo. É tão gostoso ler durante a madrugada no silêncio enquanto todos dormem. Diego e Alice são perfeitos juntos, assim como Alessandro e Larissa...
Maravilhoso,sem palavras recomendo vale muito apena ler👏🏼👏🏼...
Quem tem a história Completa do Diogo?...