— Você precisa se comportar, Lorena. — Ela elevou o queixo. — Ser uma boa esposa. Ele te sustentou, cuidou de você e assumiu sua filha. Você tem a obrigação de ficar quieta e aceitar tudo.
Um riso amargo escapou mesmo.
— Ele tinha a obrigação de assumir a filha, dona Célia, não fiz a criança sozinha. E cuidar? Ele deu casa e comida. Mas amor? Respeito? Você sabe tão bem quanto eu que isso nunca existiu.
O rosto dela se contorceu, ficando vermelho de raiva.
— Você é uma imprestável. — Ela me olhou de cima a baixo, com desprezo puro. — Quem iria querer você, minha filha? Se olha. Acabada desse jeito. Só o Thales mesmo pra aceitar.
“Só o Thales?”
Uma imagem queimou dentro de mim, o olhar do Rafael, cheio de desejo, cheio de vontade.
O jeito como ele segurou meu rosto.
O beijo.
O calor.
Meu peito se encheu de uma coragem nova, até estranha.
— Pois saiba que eu quero, sim, me divorciar do seu filho — disse firme. — E não vai ser você nem ninguém que vai me impedir.
Ela apontou o dedo na minha cara, a raiva era pura em sua voz e a ponta da sua unha comprida tocando minha bochecha. O ódio borbulhava dentro de mim.
— Você não vai pedir divórcio! — ela cuspiu, aproximando o rosto do meu. — Vai fazer a Alana sofrer! É isso que você quer? Sabe o que ela falou do coleguinha da escola? Os pais separados, todo mundo zombando dele… ela contou pra mim. Mas não contou pra você, né?
Senti meu coração vacilar. Fiquei muda e esse silêncio pareceu dar ainda mais força para ela.
— Conversa com a sua filha antes de tomar essa decisão ridícula. — Ela se afastou, ajeitando a bolsa no ombro. — Nenhum homem vai querer você. Nunca. Só o Thales tem paciência pra aturar seu jeito.
Ela entrou no quarto e Joyce ficou na sala me olhando… com os olhos arregalados, sem entender o que tinha acabado de acontecer, então veio devagar até mim.
— Ei… — ela sussurrou. — Não escuta essa velha, pelo amor de Deus. Você merece muito mais. Segue seu coração, Lorena.
Alana gritou chamando por Joyce, ela forçou um sorriso e foi para o quarto.
Já eu, fui direto para o meu.
Entrei no banheiro ainda sentindo o peso de tudo. Me despi devagar, como se cada peça de roupa estivesse grudada na minha pele por causa de tudo o que eu estava tentando carregar sozinha. Assim que a água quente caiu sobre mim, senti meu corpo finalmente desabar.
Apoiei as mãos na parede fria, deixei a água escorrer pelo rosto, pela nuca… e fechei os olhos. Era impossível não pensar nele.
Rafael.
A forma como ele segurou minha mão. Como me olhou. Como me fez sentir… vista. Segura. Como se eu não estivesse sozinha no meio de um furacão. Bastava lembrar disso que meu peito dava um nó ainda mais apertado, porque ao mesmo tempo que ele me trazia paz, me puxava de volta pra um caos que eu mesma não conseguia controlar.
Porque a verdade bateu forte na minha cara ali, misturada ao vapor quente: eu ainda era casada com Thales.
Soltei um suspiro trêmulo e deixei a água levar, mas não levou. A culpa continuava ali, agarrada em mim como se tivesse unhas. E junto dela, o medo. O medo de dar o próximo passo. O medo de acabar magoando alguém que não tinha nada a ver com isso.
— A Alana… — murmurei baixinho, como se falar o nome dela deixasse tudo ainda mais real.
A imagem da minha filha me atravessou inteira. O sorriso dela. A gargalhada fácil. A forma como ela me abraçava depois da escola com aquele jeito todo desengonçado. E então veio uma lembrança, mais antiga.
Minha amiga da escola, que desabou depois que os pais se separaram, que parou de comer, parou de falar, parou de ter brilho no olhar.
A que entrou em depressão tão nova que ninguém sabia como ajudar.
Eu nunca esqueci aquilo.
E sempre tive pavor de ver minha filha passar por algo assim. Pavor de ser eu mesma a responsável por esse tipo de dor.
— E se eu não conseguir? — sussurrei, sentindo a garganta arder mais que os olhos. — E se der tudo errado?
Nunca me achei fraca. Mas naquele momento… eu me senti pequena. Incerta. Dividida entre o que eu precisava fazer e o que eu temia causar.
A água continuava caindo, quente, insistente, mas parecia que nada conseguia me aquecer direito. Eu tinha medo de ir embora, medo de ficar presa, medo de fazer a escolha errada… medo de tudo.
Mas aí… como se fosse uma memória entrando devagar, o rosto de Rafael voltou à minha mente. A calma que ele me transmitiu. O jeito como ele me olhou sem exigir nada. Como se dissesse, sem palavras, que eu tinha valor. Que merecia mais. Que era capaz.
E isso trouxe um pequeno fio de coragem, tão frágil que parecia que podia se partir com um sopro… mas ainda assim era coragem.
Mesmo assim… minha maior preocupação continuava sendo Alana.
Sempre seria. Era por ela que eu hesitava. Por ela que eu tremia.
Passei as mãos no rosto, tirei o excesso de água dos olhos, ou das lágrimas, já nem dava pra saber e respirei fundo.
Eu sabia que precisava decidir. Sabia que não podia continuar assim para sempre. Mas naquele instante… eu só queria conseguir respirar sem sentir culpa.
E queria ter certeza de que, quando eu finalmente tomasse coragem, minha filha não seria a mais machucada de tudo isso.
***

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Tá cada dia pior, os capítulos estão faltando e alguns estão se repetindo....
Gente que absurdo, faltando vários capítulos agora é 319.ainda querem que a gente pague por isso?...
Cadê o capítulo 309?...
Alguém sabe do cap 207?...
Capítulo 293 e de mais tá bloqueado parcialmente sendo que já está entre os gratuitos...
Capítulo 293 tá bloqueado sendo que já está entre os gratuitos...
Quantos capítulos são?...
Não consigo parar de ler é surpreendente, estou virando a noite lendo. É tão gostoso ler durante a madrugada no silêncio enquanto todos dormem. Diego e Alice são perfeitos juntos, assim como Alessandro e Larissa...
Maravilhoso,sem palavras recomendo vale muito apena ler👏🏼👏🏼...
Quem tem a história Completa do Diogo?...