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Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 371

Passei a mão no queixo, respirando devagar. O ar ali dentro era pesado, mas me fazia bem. Me lembrava quem eu era quando não tinha que fingir pra sociedade.

Ouvi passos lentos e calculados. Reconheci o ritmo antes mesmo da sombra aparecer.

Tom.

Ele surgiu do corredor, com a postura rígida, olhar submisso, e nem precisou abrir a boca pra eu sentir o clima mudar.

Ele chegou perto e abaixou a cabeça num gesto rápido.

— Eclipse.

Meu título, minha verdadeira pele.

— Achei que não ia vir, senhor.

O mundo virou silêncio por um segundo.

E eu sorri.

Lento e controlado.

Porque ali, naquele galpão esquecido, o policial era só um disfarce.

E todos sabiam exatamente quem mandava.

Tom se aproximou primeiro, a sombra dele se arrastando pelo chão antes mesmo de eu ver o rosto. Ele sempre vinha assim, devagar, como se estivesse medindo o ambiente inteiro antes de dar um passo. Não por medo.

Por hábito e treino.

Ele parou a dois metros de mim e manteve a cabeça baixa, uma obediência que qualquer policial acharia esquisita demais em um bandido daquele calibre.

— Eclipse — disse outra vez em voz baixa, quase ritualística. — Trouxe quem o senhor pediu.

E atrás dele, veio Genildo.

A primeira impressão do cara era… pesada. O corpo largo, ombros tensos, barba malfeita, olhos de quem já viu coisa que não queria ver. Ele parecia o tipo de homem que faria qualquer coisa para livrar a pele, sem princípios ou orgulho.

Mas quando os seus olhos bateram na minha máscara…

Eu senti o medo.

Claro, nítido, pulsando na sua garganta.

Ele tentou disfarçar com arrogância.

— Então você é o policial que o Tom vive falando? — provocou, dando um meio sorriso torto. — Tava esperando mais. Achei que fosse grandão, cheio de pose. Mas… é só isso aí?

Tom fechou o semblante na hora e deu um passo no sentido dele, mas eu ergui a mão, mandando que ele parasse.

— Deixa. — Minha voz saiu firme, controlada.

Genildo respirou fundo, achando que tinha ganhado alguma moral. Idiota.

Ele não fazia ideia de onde estava se metendo.

Cheguei um passo mais perto dele.

A máscara preta refletiu só um fiapo da luz quebrada do galpão. Eu pude ver o arrepio subir no seu pescoço e ele engolir em seco, bem alto.

— Você fala demais pra alguém que não sabe com quem tá lidando — respondi tranquilo, quase suave.

O seu olhar tremeu por meio segundo.

— Só tô falando o que todo mundo pensa — rosnou. — Um policial metido a fodão achando que manda em tudo…

Tom riu baixo. Não de humor, mas de aviso.

— Genildo… — Ele quase sussurrou. — Eu, no seu lugar, escolheria melhor as palavras.

— Ah, para, Tom — Genildo bufou. — Tu me chamou aqui pra quê? Pra ficar com medo de um cara mascarado?

Tom virou a cabeça lentamente para mim, esperando a ordem. Sua postura era submissa, respeitosa, como eu havia ensinado direito.

Dei apenas um passo para o lado, invadindo de vez o espaço de Genildo.

Agora ele estava respirando rápido.

Rápido demais.

— Eu uso máscara por um motivo — expliquei, minha voz baixa, arranhando o ar. — Você não precisa saber como é meu rosto, muito menos o meu nome. Só precisa saber como me tratar. Porque no dia que você errar de novo… eu não vou avisar duas vezes.

O silêncio pesou tanto que deu pra ouvir uma gota escorregar em algum canto do telhado.

Genildo abriu a boca pra retrucar, talvez por orgulho ou por burrice, mas Tom encostou a mão no ombro dele e apertou com força.

— Não testa o Eclipse — Tom murmurou, firme. — Nem eu faço isso.

A primeira rachadura no disfarce.

A primeira faísca de dúvida.

Genildo finalmente calou a boca, mas não porque entendeu.

Porque sentiu.

Fiz um gesto para que Raimundo fechasse a porta atrás deles.

Tom estava rígido demais, quase reverente e Genildo, inquieto, como um animal preso num canto escuro tentando parecer maior do que é.

Cruzei os braços devagar.

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