(Visão de Rafael)
O barulho constante do aeroporto nunca me pareceu tão agradável quanto agora. Cada anúncio no alto-falante, cada mala rolando pelo chão ou risada apressada das pessoas ao redor… tudo parecia me empurrar pra um único pensamento: eu tô voltando pra casa.
Finalmente.
Depois de semanas longe, a sensação de embarcar no voo de volta me deixava quase… leve. Peguei o celular no bolso só pra conferir, pela quinta vez, a mensagem que tinha mandado mais cedo pra minha mãe avisando que chegaria naquela noite. Mas Lorena… ah, eu queria guardar a expressão dela quando me visse entrando na empresa de surpresa na quarta-feira de manhã.
Só de imaginar, meu peito já abria um sorriso.
Encostei a cabeça no encosto da cadeira da sala de embarque, tentando relaxar, mas a ansiedade batia forte. Era engraçado: eu, que enfrentava reunião infernal sem suar, ficava nervoso só de pensar em ver a Lorena de novo.
Suspirei, observando pela janela o avião estacionado na pista.
Tá perto. Falta pouco.
— Senhor Rafael? — chamou a funcionária da companhia aérea. — Seu embarque começa em dez minutos.
Assenti, levantando.
(Visão de Lorena)
Acordei com a cabeça latejando, como se alguém estivesse batucando por dentro do meu crânio. Demorei uns segundos pra lembrar onde estava… Alana se mexeu na cama, dormindo encolhidinha perto de mim.
Mesmo triste e frágil… ela parecia em paz. Isso me deu um aperto no peito absurdo.
— Mamãe… — ela murmurou baixinho, sem abrir os olhos. — Por que agora o papai dorme separado?
Engoli seco.
— Porque… — respirei fundo, escolhendo as palavras como quem pisa em cacos de vidro — a mamãe e o papai não estão muito bem, meu amor. Mas você não precisa se preocupar com isso, tá?
Ela não entendeu, claro. Mas ainda assim sorriu daquele jeito de criança..
Levantei devagar, com a sensação de que meu corpo inteiro pesava o dobro. Fui pro banheiro e deixei a água quente cair na cabeça, tentando lavar a confusão que estava dentro de mim, mas não adiantou muito.
Eu pensava em Rafael. Se eu devia mandar mensagem, explicar ou pedir pra ele esperar.
Ou se era errado até pensar nisso agora.
“Ele vai entender?”, me perguntei pela décima vez.
A verdade é que eu mesma não sabia explicar o que estava fazendo. Eu só… estava sobrevivendo.
Desliguei o chuveiro, escovei os dentes, passei o secador correndo. Depois a maquiagem leve, um corretivo, rímel, batonzinho quase da cor da boca, só pra parecer menos destruída do que me sentia.
Voltei pro quarto, olhei Alana dormindo e meu coração se apertou de novo. O atestado do médico me dava pelo menos um dia pra cuidar dela… mas eu precisava sair um pouco daquela prisão emocional.
Quando cheguei na cozinha para preparar o café da manhã, me assustei ao encontrar Thales já ali, com a mesa feita.
Aquilo já me embrulhou o estômago, estava acostumada a ser só Alana e eu.
Ele virou com aquele sorriso que eu aprendi a odiar com o tempo.
— Bom dia.
— Bom — respondi seca, indo direto pegar minha xícara.
— Fiz tapioca com peito de frango… daquele jeito que você gosta.
Olhei a mesa arrumada, bonitinha, quase de comercial e respirei fundo, mantendo a calma por pura força de vontade.
— Não tô com fome, só vou tomar café.
— Amor… — ele insistiu, com aquela voz doce que só usava quando queria manipular — pelo menos experimenta. Eu…
— Thales. — levantei o olhar, cansada. — Para de fingir.
Ele congelou.
— O quê?
— Sete anos ao seu lado, morando juntos. Você acha mesmo que eu não sei como você é? — minha voz saiu baixa, mas firme. — Isso aqui… essa mesa arrumada… esse “amor”… isso não é você.
Ele respirou fundo, como se estivesse prestes a dar um discurso.
— Eu jurei que ia mudar, Lorena. Jurei que ia te tratar como você merece, como uma princesa, como sempre devia ter sido…
Levantei tão rápido que a cadeira arrastou no chão.
— A Joyce já tá chegando pra ficar com a Alana. — cortei.
Ele franziu a testa.
— Pra onde você vai? Ainda tá cedo.
— Pra bem longe de você.
O silêncio que veio depois foi pesado. Do tipo que dá pra ouvir o coração batendo.
Ele me olhou como se tivesse levado um tapa. Mas eu não me importei.
Peguei minha bolsa, a xícara ainda quente nas mãos tremendo… e me preparei pra enfrentar mais um dia onde eu mesma já não sabia quanto aguentava.
Cheguei na NexArte com a cabeça ainda doendo, mas pelo menos ali eu conseguia respirar um pouco melhor. Joguei minha bolsa na cadeira, abri o notebook e tentei focar no que realmente precisava fazer.



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Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Vou fazê-lo novamente!!!! Dois capítulos por dia é um desrespeito!!!...
Ué cadê meu comentário?...
Esse é o terceiro livro, os dois primeiros caminharam bem, mas agora só dois capítulos por dia é muito pouco. Lembre-se de seu compromisso com os leitores...
Cadê o capítulo 319???????? Não tem?????...
Tá cada dia pior, os capítulos estão faltando e alguns estão se repetindo....
Gente que absurdo, faltando vários capítulos agora é 319.ainda querem que a gente pague por isso?...
Cadê o capítulo 309?...
Alguém sabe do cap 207?...
Capítulo 293 e de mais tá bloqueado parcialmente sendo que já está entre os gratuitos...
Capítulo 293 tá bloqueado sendo que já está entre os gratuitos...