Aquela interação rápida, sob os olhares de outras pessoas, tinha sido quase tão intensa quanto o que aconteceu no banheiro.
Havia um jogo ali, uma linha tênue e perigosamente deliciosa entre o profissional e o pessoal, entre o público e o profundamente privado.
E nós dois éramos os únicos jogadores que conheciam as regras.
Ele tinha me olhado e, em seus olhos, eu tinha visto o eco de seus dedos na minha pele, a promessa de que aquilo era só um intervalo.
E essa promessa, proibida e tentadora, fez um sorriso largo e totalmente impróprio estampar meu rosto, sozinha na minha sala.
Era assustador. Era irresponsável. Mas, pela primeira vez em muito, muito tempo, eu me sentia completamente viva.
***
A chave girou na fechadura com o cansaço habitual de uma terça-feira qualquer, mas o peso no meu corpo hoje era diferente.
Não era só a exaustão do trabalho, era a tensão gostosa que ainda pulsava nas minhas veias, o eco dos sussurros de Rafael no meu ouvido, a coragem nova que aquilo tudo tinha injetado em mim.
Abri a porta esperando o silêncio reconfortante do apartamento e o som da TV nos desenhos da Alana.
Mas o primeiro cheiro que me atingiu foi o do seu cigarro. Caro, importado, e sempre o cheiro do controle.
Thales estava sentado na poltrona da sala, na penumbra, com um copo de uísque na mão. Apenas o vulto dele já fechou meu estômago, um reflexo antigo.
A luz do abajur iluminava seu perfil duro, e seus olhos se fixaram em mim quando eu entrei.
— Que horas são essas? — a voz dele saiu baixa, carregada de uma irritação que tentava se passar por preocupação.
Eu não respondi. Joguei a bolsa no sofá e tirei os sapatos com movimentos deliberadamente lentos.
A indiferença era minha nova arma, e eu estava aprendendo a usá-la.
— Estou falando com você, Lorena. O trabalho não justifica essa hora, a Alana já dormiu.
— A Joyce me mandou mensagem dizendo que ela jantou e foi para a cama às nove, como de costume — respondi, finalmente olhando para ele. Minha voz estava fria, plana. — E eu não devo satisfação dos meus horários a você.
Ele ergueu as sobrancelhas, surpreso com o tom.
Nunca tinha falado assim.
Ele se levantou, deixando o copo na mesa com um baque. A sua postura era de quem quer intimidar, avançando alguns passos na minha direção.
O velho medo tentou subir, com um gosto amargo na garganta. Mas por trás dele, havia agora uma memória: as mãos de Rafael firmes na minha cintura, não para prender, mas para segurar.
— Você está com uma atitude estranha — ele rosnou. — O que está acontecendo?
Ignorei.
Caminhei até o meu quarto, abri a porta só o suficiente para ver seu rostinho iluminado pela luz do corredor, dormindo profundamente, abraçada ao coelho de pelúcia.
Aquela visão foi meu combustível, fechei a porta com cuidado e me virei para ele.
— Precisamos conversar.
— Agora você quer conversar? — ele ironizou, mas seguiu minha direção até a sala de jantar, onde a luz era melhor.
Eu não me sentei. Fiquei de pé do outro lado da mesa, mantendo a distância.
— Vou entrar com o pedido de divórcio na semana que vem.
As palavras caíram no silêncio da sala como um tijolo de vidro. Por um segundo, Thales não pareceu entender. Então, seu rosto se contorceu numa máscara de fúria pura.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Afff piorou, agora não são dois, é nadaaaa!!!...
Vou fazê-lo novamente!!!! Dois capítulos por dia é um desrespeito!!!...
Ué cadê meu comentário?...
Esse é o terceiro livro, os dois primeiros caminharam bem, mas agora só dois capítulos por dia é muito pouco. Lembre-se de seu compromisso com os leitores...
Cadê o capítulo 319???????? Não tem?????...
Tá cada dia pior, os capítulos estão faltando e alguns estão se repetindo....
Gente que absurdo, faltando vários capítulos agora é 319.ainda querem que a gente pague por isso?...
Cadê o capítulo 309?...
Alguém sabe do cap 207?...
Capítulo 293 e de mais tá bloqueado parcialmente sendo que já está entre os gratuitos...