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Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 403

(Visão de Rafael)

O dia foi uma maratona de reuniões em salas de vidro com ar-condicionado gelado e cafés amargos.

Cada minuto longe da empresa era um minuto longe dela e a dor de cabeça começou como um aperto nas têmporas e foi crescendo, alimentada pela frustração de saber que ela estava lá, naquela sala com a porta de vidro, e eu não podia nem passar pelo corredor para sentar o cheiro dela.

A única coisa que me manteve são foi saber que a noite terminaria com ela. O jantar com o Sr. Tavares, enfadonho como poderia ser, era a desculpa perfeita.

Em casa, o banho foi rápido, quase um ritual para lavar o cansaço do dia. Escolhi um terno cinza e uma camisa azul escura. Não era só para o cliente. Era para ela.

Para seus olhos passarem por mim na mesa e saberem que aquilo era para ela.

O restaurante era daqueles caros e discretos, luz baixa, toalhas brancas.

Cheguei antes e fiquei na mesa reservada, mexendo no celular sem ver nada, com o coração batendo num ritmo acelerado e absurdo.

Cada segundo era uma agonia e a vontade de tocá-la era uma coceira física debaixo da pele, uma necessidade quase incontrolável.

Eu imaginava a textura da pele no seu pescoço, o peso do olhar dela quando estava excitada, o som do seu suspiro quando eu a beijava.

Foi então que a vi na entrada.

O ar saiu dos meus pulmões. Ela usava um vestido preto, simples e mortal. Caía sobre seu corpo de um jeito que era ao mesmo tempo recatado e obsceno, sugerindo cada curva que eu conhecia agora.

O cabelo estava solto, e ela tinha um leve batom vermelho. Parecia nervosa, os olhos escaneando o salão até me encontrar.

Eu não consegui evitar.

O sorriso que tomou meu rosto foi involuntário, largo, de pura posse e admiração. Levantei-me quando ela se aproximou, e o mundo ao redor sumiu.

— Você está deslumbrante — sussurrei, enquanto ela chegava perto. Em vez de um aperto de mão, inclinei-me e beijei sua bochecha.

O toque foi rápido, socialmente aceitável, mas o suficiente para encher meus pulmões com seu cheiro. Um perfume florado, mas com uma base quente, única dela.

— Meu Deus, seu cheiro é a melhor coisa desse mundo inteiro — murmurei contra sua pele, tão baixo que só ela podia ouvir.

Ela sorriu, um rubor delicioso subindo pelo seu pescoço, e sentou-se ao meu lado, não em frente. O gesto me encheu de uma satisfação profunda.

Mal tínhamos trocado duas frases quando o Sr. Tavares apareceu, com seu terno bege e sorriso cortês.

Ele agradeceu pela disponibilidade, pelo “encontro descontraído”, como disse.

Eu concordei, cumprimentando-o com a firmeza profissional necessária, mas minha consciência estava dividida 90/10. Dez por cento para o marketing de produtos de limpeza, noventa para a mulher ao meu lado.

A conversa fluiu. Lorena era impecável.

Falava com inteligência sobre alcance de mercado, demonstrava conhecimento sobre a concorrência, fazia perguntas pertinentes.

O Sr. Tavares estava visivelmente impressionado. Sob a mesa, porém, acontecia outra reunião.

Deixei minha mão pousar de leve na em sua coxa, sobre o tecido macio do vestido. Ela não se mexeu, mas senti o músculo da sua perna tensionar por um segundo.

Enquanto discutíamos números de vendas no Nordeste, meus dedos começaram um passeio lento, subindo alguns milímetros, do joelho, a metade da coxa. O toque era leve, quase acidental.

Ela, respondendo a uma pergunta do cliente, desviou o olhar para ele, mas eu vi seu suspiro involuntário. Sua mão, sobre a mesa, apertou levemente o talher.

O Sr. Tavares pediu mais detalhes sobre a campanha digital. Lorena respondeu, com a voz um pouco mais suave do que antes, mas ainda perfeitamente clara.

Minha mão parou, a palma quente repousando agora bem no meio da sua coxa. Através do tecido, sentia o calor do corpo dela, a tensão contida e dei um leve aperto.

Ela engoliu seco no meio de uma frase. O cliente nem percebeu, mas eu vi. Vi o rubor subir do decote do vestido até a raiz do cabelo.

Vi a maneira como seus olhos piscavam rapidamente, fugindo dos meus por uma fração de segundo.

Isso estava me deixando louco, era uma tortura deliciosa. Ver aquela mulher competente e séria se desmontando aos poucos, sutilmente, só pelo meu toque escondido.

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