Alice
Diogo estava de costas, vestindo a calça com os movimentos calmos e elegantes demais pro caos que ele tinha causado dentro de mim. A luz do quarto de hotel batia em cheio nas suas costas largas, e eu nem tentei disfarçar que estava olhando. Aquele homem parecia ter sido esculpido por alguém que conhecia muito bem meus desejos mais secretos.
Mordi o canto da boca, sem pressa, só admirando e ele percebeu que eu estava o secando. Virou o rosto por cima do ombro e sorriu com aquele olhar preguiçoso e perigoso que me fazia esquecer quem eu era.
— Vai ficar me olhando desse jeito mesmo? — provocou. — Se continuar, eu não vou deixar você sair dessa cama tão cedo.
Soltei uma risada baixa.
— Ameaça ou promessa?
Me levantei ainda nua com os cabelos bagunçados, sentindo minha pele ainda quente de tanto que ele tinha me tocado. Peguei o sutiã no chão e o vesti com pressa controlada, como se isso me desse de volta algum tipo de armadura.
— Me dá minha calcinha. — estendi a mão pra ele, esperando que entregasse.
Ele se virou por completo e veio andando até mim com aquele andar calmo que só piorava as coisas. Tirou a peça do bolso e balançou no dedo.
— Posso ficar com ela?
Ergui uma sobrancelha.
— Vai usar nos seus momentos… solitários?
Ele riu, um sorriso de lado, sexy e parou bem na minha frente.
— Prefiro ter você nesses momentos.
— Bonito isso. — puxei a calcinha da mão dele, fazendo questão de manter nossos olhares presos. — Vai que você resolve fazer alguma coisa para eu me apaixonar.
Ele me olhou com aquele sorriso sacana.
— Eu preciso mesmo fazer alguma mandinga pra isso?
Segurei o olhar dele por um tempo longo demais, até o sorriso dele começar a desaparecer aos poucos. A tensão no ar mudou e fiquei em silêncio por uns segundos antes de falar, mais baixo.
— Não. Se apaixonar por você é fácil. — dei um passo pra trás e comecei a vestir a peça. — Sorte sua que eu não tenho mais coração pra isso.
Ele ficou parado e o sorriso desapareceu por completo.
Por um segundo, eu vi nos olhos dele a vontade de perguntar. A dúvida, curiosidade. Mas, graças a Deus, ele se manteve calado. Não quero falar sobre o que fui e o que perdi. Muito menos como aprendi a me proteger.
Peguei minha saia e a vesti com rapidez, como se quanto mais roupa eu colocasse, mais distância criasse entre mim e aquela cama onde quase deixei um pedaço meu.
Enquanto procurava pela bolsa, ele a pegou num canto do quarto e me entregou com um meio sorriso, já vestindo a camisa social branca.
— Obrigada. — falei baixo.
O silêncio estranho e incômodo caiu sobre nós. Como se ambos soubéssemos que algo tinha mudado ali, mas fingíssemos que não.
— Eu vou precisar viajar no fim de semana e volto no domingo à noite… — ajeitou os botões da camisa, sem me encarar de imediato. — A gente pode se ver quando eu voltar?
Sorri leve.
— Pode ser. Vai ser uma boa forma de encerrar o meu aniversário.
Ele franziu um pouco a testa.
— Domingo é seu aniversário?
Assenti com a cabeça, jogando a alça da bolsa no ombro.
— É.
— E você não ia me contar?
— Não costumo falar disso e nem comemorar. É só mais um dia.
Ele se aproximou de novo, com aquele jeito calmo dele.
— Então deixa que eu te levo num lugar especial. Só nós dois.
Balancei a cabeça de leve, e, por dentro, algo apertou no peito. Uma lembrança e dor que eu achava que já tinha trancado bem.
— Não, Diogo. Não faz isso.
— Isso o quê?
— Não faz nada além do que a gente já tá fazendo. Nada de presentes, nada de lugares especiais, nada de tornar isso mais do que é. Só… deixa ser como hoje. Como qualquer outro dia.
Ele me olhou por um instante, e juro que vi alguma coisa passando por trás daqueles olhos castanhos. Algo que ele quis dizer, mas engoliu.
— Só sexo, então. — ele respondeu com um tom neutro, mas o olhar desviando.
Assenti.
— É só isso. Um lance casual, lembra?
Mas o gosto na boca era amargo. Como se eu tivesse cuspido algo que não queria dizer, mas precisava ser assim. Se ele começasse a me tratar melhor do que já me trata, aí sim eu tava perdida e eu não posso me perder mais.
Ele respirou fundo.
— Tá pronta?
— Tô.
Fomos pro carro em silêncio e pela primeira vez, o clima entre nós ficou estranho. Nem leve, nem tenso… só esquisito.
***
Diogo estacionou em frente à minha casa e, antes que eu abrisse a porta para sair, ele segurou meu braço com delicadeza. A mão quente dele me tocando daquele jeito... como se fosse uma âncora.
— Eu não queria que o clima ficasse estranho assim — disse, me olhando com uma expressão sincera, quase vulnerável. — Não vou mais tentar outras coisas, tá? Prometo.
Suspirei, sentindo aquele peso no peito que não dava trégua. Me inclinei devagar, toquei o rosto dele com uma das mãos e dei um beijo calmo, cheio de coisas que eu não podia dizer.
— Tudo bem, Diogo. Você não tem culpa de nada. — Falei com honestidade, porque ele realmente não tinha. — Mas o nosso acordo... é só sexo. É tudo o que eu posso dar agora.
— Eu sei. — Ele sussurrou, mesmo que seus olhos contassem outra história.
— Eu não tenho mais nada além disso... — continuei, segurando o olhar dele, mesmo que doesse. — E eu também não quero te machucar, de verdade. Espero que você entenda isso.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Gostaria de dizer que plágio é crime. Essa história é minha e não está autorizada a ser respostada aqui. Irei entrar com uma ação, tanto para quem está lançando a história como quem está lendo....
Linda história. Adorando ler...
Muito linda a história Estou gostando muito de ler Só estou esperando desbloquear e liberar os outros que estão faltando pra mim terminar de ler...
Muito boa a história, mas tem alguns capítulos que enrolam o desfecho. Ela já tá ficando repetitiva com o motivo da mágoa...
História maravilhosa. Qual o nome da história do Diogo?...
Não consigo parar de ler, cada capítulo uma emoção....
Esse tbm. Será que nunca vou ler grátis...