— Só… meio tonta e fraca — murmurei.
— Normal, normal. Teu corpo tá tentando se equilibrar ainda, te deram glicose direto na veia — ele explicou com a voz trêmula. — Mas… mas você me deu um baita susto, viu?
— O que… aconteceu? — forcei, tentando juntar os pensamentos. — Como eu… vim parar aqui?
Julio respirou fundo com a voz embargada.
— Eu cheguei em casa e te encontrei caída no chão da cozinha. Toda pálida, suando frio, parecia que estava tendo uma convulsão. Tentei te acordar, gritei… mas você não respondia, estava gelada e sem cor. — Ele passou a mão no rosto e baixou a cabeça por um segundo.
— Eu te trouxe correndo pro hospital. Eles disseram que sua glicose estava tão baixa que você podia ter entrado em coma. Que… se demorasse mais, talvez não… — A voz dele falhou de novo.
— Ju… — sussurrei, sentindo os olhos queimarem.
Ele balançou a cabeça, tentando se manter firme, mas uma lágrima escapou.
— Eles… eles precisaram te reanimar, Alice. Você apagou geral, foi horrível. Eu achei que tinha te perdi….
A sua voz falhou completamente e ele tapou o rosto com as mãos, chorando baixinho, como se quisesse esconder de mim.
Meu coração apertou com tanta força que doeu.
— Ei… — estiquei a mão, fraca, mas determinada a alcançá-lo. — Tô aqui, eu tô aqui, Julio.
Ele segurou minha mão com as duas dele, como se eu fosse de vidro e a qualquer movimento mais forte me fizesse sumir de novo.
— Promete que vai cuidar mais de você, por favor. Que não vai esquecer de comer, que vai deixar os sachês mais perto e me avisar se não estiver se sentindo bem.
Assenti, com lágrimas escorrendo.
— Eu prometo.
Ele se aproximou mais, encostando a testa na minha mão.
— Eu não aguento a ideia de te perder, Alice.
Fechei os olhos sentindo a tontura e a fraqueza, mas ouvir isso… saber que ele tinha chegado a tempo… que ele chorou por mim…
Me fazia sentir viva e isso, naquele momento, era tudo.
O médico entrou no quarto um tempo depois, com uma prancheta em mãos e um semblante sério. Respirei fundo, tentando me endireitar na cama, embora ainda me sentisse um pouco tonta.
— E então, doutor? — Julio perguntou antes que eu pudesse abrir a boca.
— Ela teve uma crise severa de hipoglicemia e convulsionou. Foi preciso reanimá-la, como eu havia lhe dito antes.
Fechei os olhos por um segundo. Ouvir aquilo em voz alta me fez estremecer por dentro.
— Isso é sério, mocinha — ele continuou, agora me encarando. — Você está tomando suas insulinas e os remédios corretamente?
Desviei o olhar. Um silêncio pesado caiu no quarto, eu queria mentir, mas… qual seria o ponto agora?
— Eu tomei a última pela manhã… — murmurei. — Estava esperando a segunda-feira chegar pra ir ao posto ver se tinha mais.
Julio me encarou como se tivesse levado um soco.
— O quê? — ele soltou, em choque. — Por que você não me avisou? Eu teria comprado!
Balancei a cabeça, tentando conter as lágrimas que estavam se formando nos olhos.
— Porque você já tem problemas demais, Julio…
Ele bufou, passando a mão pelos cabelos, visivelmente irritado.
— Problemas eu posso dar um jeito! Posso atrasar contas, pagar juros depois, fazer mais ensaios. O que eu não posso é trazer você de volta depois de morta, Alice!
— Julio… — tentei começar, mas ele me cortou com um gesto.
— Não fala nada. Você quase morreu hoje, no dia do seu próprio aniversário! Que merda é essa?
Eu engoli em seco.
O médico suspirou, ainda ali, observando a cena.
— Eu vou verificar na farmácia do hospital se temos insulina para fornecer a você. Mas você precisa encontrar uma forma de manter o tratamento em dia, Alice. A próxima crise pode não ter esse final. Você receberá alta pela manhã se ocorrer tudo bem.
Assenti com um leve movimento de cabeça.
— Ela vai ter, doutor — Julio respondeu por mim. — Eu dou um jeito, pode confiar.
O médico assentiu e se retirou, deixando o quarto em silêncio novamente. Olhei para Julio e vi que ele ainda estava com os olhos marejados.
— Por que você não me disse nada? — ele insistiu, mais calmo, mas ainda ferido.
Desviei o olhar de novo, sentindo a vergonha me consumir.
— Porque você já faz muito… Eu sabia que estava apertado e achei que dava pra segurar até amanhã. Eu não queria te preocupar.
Ele respirou fundo, cruzando os braços e tentando conter a raiva misturada com preocupação.
— Você não entende, né? A única coisa que eu não posso atrasar… é você.
As palavras dele me acertaram em cheio. Apertei os olhos para conter as lágrimas.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Gostaria de dizer que plágio é crime. Essa história é minha e não está autorizada a ser respostada aqui. Irei entrar com uma ação, tanto para quem está lançando a história como quem está lendo....
Linda história. Adorando ler...
Muito linda a história Estou gostando muito de ler Só estou esperando desbloquear e liberar os outros que estão faltando pra mim terminar de ler...
Muito boa a história, mas tem alguns capítulos que enrolam o desfecho. Ela já tá ficando repetitiva com o motivo da mágoa...
História maravilhosa. Qual o nome da história do Diogo?...
Não consigo parar de ler, cada capítulo uma emoção....
Esse tbm. Será que nunca vou ler grátis...