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Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 189

Diogo

A reunião caminhava para o fim quando escutei vozes no corredor. Altas e apressadas.

Franzi o cenho e ergui o olhar para a porta. Junior, ao meu lado, interrompeu a fala e também olhou na mesma direção, com as sobrancelhas arqueadas.

— Que barulho é esse? — ele murmurou.

Antes que eu pudesse responder, a porta foi aberta bruscamente. Uma figura pequena, de cabelos soltos e bagunçados, entrou correndo com os olhos cravados em mim.

Alice.

Linda veio atrás, visivelmente sem fôlego, os saltos fazendo eco no piso da sala.

— Senhor Diogo, me desculpe, eu… ela entrou correndo, ninguém conseguiu pará-la na recepção.

Linda tentava explicar, ofegante.

— Eu pedi para ela sair, mas…

O segurança que a acompanhava se aproximou e segurou o braço de Alice, tentando contê-la. Meu corpo reagiu antes da minha mente e levantei da cadeira em um impulso.

— Solta ela — ordenei com firmeza.

O segurança hesitou por um segundo, mas então largou o braço dela, recuando em silêncio.

— Podem ir — acrescentei, olhando de relance para Linda e o segurança.

— Senhor, eu tentei… essa moça entrou de repente, eu… — Linda começou, claramente nervosa.

Levantei uma das mãos, interrompendo-a.

— Está tudo bem, Linda. Eu sei como ela pode dar trabalho às vezes.

Alice sorriu, ajeitando os cabelos, ainda ofegante e meu peito se apertou. O que diabos ela estava fazendo ali, depois de me ignorar completamente na noite anterior?

Junior me olhou, parecendo buscar alguma explicação.

— Podemos terminar a reunião mais tarde, Junior.

— Claro, senhor. — Ele assentiu e saiu, lançando um último olhar curioso para Alice.

Linda permaneceu parada, insegura.

— Linda, você pode se retirar também.

Ela hesitou, mas acabou assentindo, fechando a porta atrás de si.

Caminhei até o aparador, onde mantinha uma jarra de água. Meus dedos estavam mais tensos do que eu gostaria de admitir. Enchi um copo e fui até Alice.

— Toma. — Estendi o copo a ela.

— Obrigada — ela disse, com a voz baixa e ofegante.

Ficou ali, bebendo com cuidado, tentando recuperar o fôlego. Eu mantive as mãos nos bolsos, talvez para evitar o impulso de tocá-la. Meu corpo gritava por isso, mas a cabeça ainda tentava entender o que ela queria aqui, depois de me deixar falando sozinho.

Ela me ignorou ontem. Nenhuma resposta. Nenhuma mensagem. Nenhuma justificativa.

E agora? Agora ela entra assim… fugindo de todos? Invadindo a empresa?

A observava em silêncio com o peito apertado, tentando entender o que exatamente Alice Mendes pretendia.

Ela segurava o copo com as duas mãos agora, mais calma e os olhos me observavam por cima dos cílios longos.

— Achei que seria mais fácil entrar aqui — disse, com um meio sorriso.

Cruzei os braços, ainda tentando manter o tom sério, apesar da vontade de rir com confusão que ela provavelmente causou lá fora.

— A segurança é uma prioridade. E se você conseguiu chegar até minha sala assim... houve uma falha.

Ela balançou a cabeça, fazendo um coque meio torto com o cabelo, que logo se desfez.

— Não foi fácil, tá? Entrei no elevador correndo, bati o ombro na porta... Quando saí, aquele segurança gigante já estava lá. Eu fingi que ia acertar as bolas dele e quando ele foi se proteger, o empurrei e corri. Entrei até numa sala errada antes de achar seu nome na porta.

Não consegui evitar o sorriso que ameaçava subir. A confusão, a correria, o caos... era tão a cara dela.

Mas a mágoa ainda estava ali. Por mais que eu não quisesse admitir, fiquei mal ontem. Parecia um idiota mandando mensagem e sendo ignorado. Nunca tinha insistido tanto assim pra ver alguém.

Ela me entregou o copo e eu me virei, indo deixá-lo no balcão ao lado da cafeteira.

— Eu... — ouvi a voz dela atrás de mim. — Sinto muito por não ter te atendido ontem à noite.

Virei devagar com o olhar cravado nela.

— O que aconteceu? Achei que... sei lá, que você tinha desistido por causa da última vez.

Ela se aproximou, os olhos desviando dos meus.

— Não. Eu gosto do que a gente tem, Diogo... — ela mordeu o lábio. — Eu passei mal ontem e fui pro hospital.

Meu coração disparou.

— O quê? Você tá bem? O que houve?

— Foi só... eu não comi direito e meu corpo cobrou. Julio me levou pro hospital, mas acabei esquecendo o celular em casa. Recebi alta hoje de manhã, vi suas mensagens e decidi vir te avisar.

Suspirei, aliviado. Me aproximei e acariciei a sua bochecha com os dedos.

— Você poderia ter ligado, eu teria ido até lá.

Ela sorriu de leve.

— Não teria graça nenhuma.

— E a Alice Mendes se importa com graça agora? — brinquei.

Ela riu baixo.

Suspirei, estava me sentindo idiota, mas foda-se.

— Talvez eu esteja colocando tudo a perder. Você pode até me atacar com o spray de pimenta de novo.

— Do que você tá falando? — ela perguntou, rindo de leve.

Tirei a caixinha do bolso do paletó. Vermelha, com acabamento luxuoso e o nome Cartier gravado em dourado. Vi o olhar dela mudar e com dois passos, recuar para longe.

— Eu vi e lembrei de você — falei, abrindo devagar. Lá dentro, o colar delicado brilhava em meio ao veludo preto: uma corrente de ouro com um pingente redondo cravejado de diamantes em duas camadas, o centro reluzindo com uma pedra ainda mais clara e preciosa.

Alice ficou muda.

— Diogo... eu não posso aceitar. Pelo amor de Deus, eu conheço essa marca, isso é Cartier! deve ter custado um absurdo! — Ela me olhou. — Eu disse que não queria presentes. Não aceitei o que temos por causa do seu dinheiro.

Ela se virou, pronta pra ir embora, mas fui mais rápido e segurei seu braço com delicadeza.

— Eu sei que você não quer presentes e que não tá nem aí pro meu dinheiro. — Respirei fundo. — Sei que você disse que não queria nada, que era só sexo... Mas eu não podia deixar seu aniversário passar em branco.

Ela ainda olhava pro chão.

— É justamente isso que eu queria, Diogo...

— Mas eu não sou assim. Mesmo com tudo que a gente tem, você não é só uma transa pra mim. Eu gosto da sua companhia e queria te dar algo no seu aniversário.

Ela hesitou e abaixou o rosto. Eu toquei o seu queixo, levantando devagar.

— Me olha. Só... aceita, é só um presente de alguém que gosta de você por perto.

Ela encarou a caixinha, dava para ver que estava nervosa. Então abri de novo, tirei o colar e fui pra trás dela. Afastei seus cabelos do pescoço, sentindo a sua pele arrepiar sob meus dedos.

Maldição, como eu queria tomá-la ali mesmo.

Mas me controlei.

Fechei o colar no seu pescoço e voltei pra frente, vendo-a tocar o pingente de leve.

— Não faz mais isso — murmurou.

— Tá bom — sorri.

Ela fechou os olhos por um segundo e respirou fundo.

— Obrigada pelo presente.

Puxei-a para um abraço, sentindo o seu corpo se encaixar no meu.

— Feliz aniversário, pimentinha — sussurrei no ouvido dela antes de deixar um beijo em sua testa.

Alice assentiu, ainda séria, e saiu da sala.

Fiquei ali parado, olhando a porta se fechar com o peito apertado e nervoso. Achei que tinha colocado tudo a perder.

Mas ela aceitou. Isso... já era alguma coisa.

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