Cheguei em casa com o coração acelerado e a cabeça fervendo. Joguei a bolsa no sofá, larguei os sapatos na entrada e fui direto na cozinha onde o Julio estava cortando um pão com a maior tranquilidade do mundo, como se nada demais tivesse acontecido no universo.
— Julio... — falei, ainda meio zonza.
— Opa. — Ele me olhou por cima do ombro. — Aconteceu alguma coisa?
— Aconteceu. Uma mulher muito chique entrou no restaurante hoje, se sentou na minha mesa, me chamou e… me ofereceu um emprego.
Ele arregalou os olhos, largando a faca no balcão.
— Como assim, mulher? Que história é essa?
— Exatamente o que eu falei. Ela disse que já tinha me observado antes, que achava que eu era uma boa pessoa, boa profissional e que queria que eu fosse assistente dela. Assim. Do nada!
— Tá, pera. — Ele enxugou a mão no pano de prato e veio se sentar na cadeira da frente. — E você acreditou?
— Claro que não! Fiquei desconfiada na hora e saí de perto. Mas ela me esperou do lado de fora, falou mais um monte de coisa e me entregou esse cartão aqui, ó.
Mostrei o cartão e Julio pegou como se fosse uma joia rara.
— Larissa R. Moratti? CEO da CompanyRocha? Eu já ouvi esse nome e esse Moratti, é de uma empresa tão grande quanto a do seu boy.
— Sério?
— Peraí. Vamos dar uma olhada nisso.
Ele se levantou e foi até a sala, pegou o celular e começou a digitar no G****e enquanto se sentava.
Eu fui para trás do sofá, observando de canto. Mas antes que a gente conseguisse abrir qualquer coisa, tudo apagou. Luz, TV, ventilador.
— Ah, pronto! — exclamei. — Julio, você pagou a conta de luz?
Silêncio. Só a luz do celular dele iluminando metade do rosto, e aquele sorrisinho culpado se formando.
— Ai, meu Deus… — murmurei.
— Droga… — ele resmungou baixinho.
— Julio!
— Esqueci, tá? Com tanta coisa na cabeça… A semana foi corrida, pô.
— Você teve uma semana inteira, rapaz! — Peguei o celular e ativei a lanterna. — E agora? Tô aqui no escuro, tentando entender se recebi uma proposta de emprego dos sonhos ou se fui vítima da pegadinha mais elaborada da história, e você me diz que esqueceu de pagar a conta?
Ele começou a rir, tapando o rosto com as mãos.
— Desculpa, Alice! Mas olha pelo lado bom… a gente vai lembrar dessa noite como “a vez que a luz acabou quando você ganhou a chance de mudar de vida”.
— Ah, vai te catar — falei, rindo também. — Você é um idiota.
Nos sentamos ali no chão da sala mesmo, só com a lanterna apontada pro teto, e ele ainda segurava o cartão com cuidado.
— Mas olha, Alê… sei lá, parece loucura, mas vai que é verdade? Vai que essa mulher realmente simpatizou com você? Vai ver ela já estava te observando fazia tempo, e agora surgiu a oportunidade.
— É, foi o que ela disse. Disse que a assistente teve que voltar pro Maranhão e que ninguém que ela contratou deu certo. E que precisava de alguém de confiança… — Suspirei. — Mas mesmo assim… por que eu? Eu nunca trabalhei com isso.
— E daí? Você é responsável, é organizada, atende bem as pessoas. Talvez ela esteja mais interessada nisso do que em um currículo cheio de diploma. E o salário, vamos combinar… deve ser gordo.
— Gordo mesmo, né? — Sorri, meio sem graça. — Ia me ajudar demais.
— Então se j**a. Vai lá, conhece o lugar. Se for furada, você vaza. Mas e se não for?
Fiquei em silêncio por um momento, encarando o cartão na palma da mão. A verdade é que Larissa me passou uma certa paz. Parecia alguém verdadeira, mesmo parecendo louca por aparecer do nada assim.
— Ela parece ser uma boa pessoa — murmurei.
— Tá vendo? Confia na sua intuição e vai lá, mulher! Vai que é teu momento.
— Tá. Eu vou sim, amanhã eu vou. Mas agora... — me levantei, com a lanterna ainda ligada — tenho que tomar banho... na água gelada, porque um certo alguém esqueceu de pagar a conta!
Julio riu alto, se jogando no chão.
— Força, guerreira!
— Idiota — falei, rindo também, indo em direção ao quarto com a lanterna tremendo na mão. — Eu juro que se eu pegar uma gripe, você vai pagar caro.
— Só não esquece do cartão, hein! Guarda com carinho. Vai que amanhã você vira executiva, Alice!
— Ah, vai dormir, Julio! — gritei do quarto, rindo.
E lá fui eu, tropeçando nos móveis no escuro, tentando acreditar que aquilo tudo estava mesmo acontecendo
A mensagem de Diogo apareceu assim que terminei de amarrar a alça da minha sandália.
“Já estou te esperando.”
Suspirei, ainda com o cabelo meio úmido do banho frio e o coração batendo estranhamente acelerado por causa da conversa com o Julio. Peguei minha bolsa, a chave e fui saindo, jogando um último olhar para trás.
A casa estava mergulhada na escuridão e o pobre do Julio provavelmente já tinha derrubado alguma coisa tentando andar pelo corredor. Mas ele merecia, por esquecer de pagar a conta de luz.
— Não, relaxa. Não é onde eu moro, é só um dos apartamentos que eu mantenho aqui na cidade. Eu quase não uso.
Assenti, tentando me acalmar. Mas confesso que, por um segundo, meu peito apertou. Parte de mim queria que fosse a casa dele, ver o que tinha lá, onde ele dormia, o que ele lia... essas besteiras que a gente pensa quando se importa demais.
Só que esse não era o acordo.
— Tá. — Suspirei. — Mas... por que você tem vários apartamentos espalhados por aí?
Ele deu de ombros, ainda com aquele sorriso despreocupado.
— Investimento.
Revirei os olhos, rindo.
— Que mania de rico estranha, viu? Tipo: "ah, hoje eu tô afim de dormir em outro CEP".
— Não é bem assim... — ele riu junto, e o carro seguiu mais alguns quarteirões até ele entrar discretamente no estacionamento subterrâneo de um dos hotéis mais caros da cidade.
— Isso aqui é um hotel. — falei, olhando ao redor, ainda sentada no carro.
— Eu sei. O prédio tem um andar residencial no topo. O apartamento é lá.
Arqueei a sobrancelha de novo, mas desci com ele. Seguimos até o elevador, e quando as portas se fecharam, o silêncio entre a gente mudou de tom. Ficou mais denso, mais elétrico. Eu sabia o que vinha e queria.
Diogo se virou pra mim devagar, e antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, me puxou pela cintura e me beijou. Foi intenso, direto, do jeito que só ele sabia fazer. Suas mãos deslizaram pelas minhas costas até se firmarem no meu quadril, apertando como se quisesse memorizar cada pedaço do meu corpo.
— Você me provoca, Alice — ele murmurou contra meus lábios, roçando a boca na minha pele. — E nem percebe.
Eu sorri, provocando de volta, passando as unhas leves pela nuca dele.
— Eu percebo sim. Só finjo que não.
Ele riu, com aquele som rouco que me arrepiava por dentro.
As portas se abriram, mas o clima já tinha mudado completamente. Caminhamos até a porta do apartamento, e ele encostou o dedo no leitor de digital. Um bipe discreto e pronto, a porta se abriu.
Acho que eu não dei dois passos pra dentro. Diogo se virou pra mim com um olhar quente e faminto, e antes que eu conseguisse raciocinar, ele me puxou com firmeza pela cintura. Soltei um leve suspiro de surpresa quando ele me ergueu no colo.
— Diogo... — comecei, mas minha voz já saiu falha.
— Shhh... — ele sussurrou, os lábios colando nos meus outra vez.
Passei as pernas em volta da sua cintura e os braços ao redor do pescoço. A respiração dele estava quente, pesada contra minha pele e o beijo foi ficando mais profundo, mais urgente.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Tá cada dia pior, os capítulos estão faltando e alguns estão se repetindo....
Gente que absurdo, faltando vários capítulos agora é 319.ainda querem que a gente pague por isso?...
Cadê o capítulo 309?...
Alguém sabe do cap 207?...
Capítulo 293 e de mais tá bloqueado parcialmente sendo que já está entre os gratuitos...
Capítulo 293 tá bloqueado sendo que já está entre os gratuitos...
Quantos capítulos são?...
Não consigo parar de ler é surpreendente, estou virando a noite lendo. É tão gostoso ler durante a madrugada no silêncio enquanto todos dormem. Diego e Alice são perfeitos juntos, assim como Alessandro e Larissa...
Maravilhoso,sem palavras recomendo vale muito apena ler👏🏼👏🏼...
Quem tem a história Completa do Diogo?...