— Que tipo de comentário é esse? — retruquei, séria, encarando ele de frente. — Tá falando de quem, do Júlio?
— É, Alice. Esse mesmo. — Ele me olhou de cima a baixo, depois encarou Júlio. — Pelo visto vocês são bem... íntimos.
— Relaxa, bonitão — Júlio entrou na conversa com um sorriso de canto, claramente provocando. — A gente não tem nada, apesar de a Alice ser uma gostosa.
A frase caiu como uma bomba no meio da sala e eu revirei os olhos, soltando um suspiro impaciente.
— Júlio, pelo amor de Deus…
— Que legal — Diogo rebateu, dando um passo à frente, com raiva borbulhando nos olhos. — Você fica com esse homem em casa ou tem outros também que compartilham essa... intimidade?
A pergunta foi como um tapa na minha cara, não pela dúvida, mas pelo tom.
Senti meu rosto queimar e firmei os pés no chão, olhando direto nos olhos dele.
— Eu não gosto da forma como você tá falando comigo ou do que tá insinuando. E só pra te lembrar, o que a gente tem é só algo casual, lembra? Você não tem o direito de tirar satisfação de nada.
Ele respirou fundo, mas o olhar ainda estava inflado de raiva e então se virou para Júlio, como se eu não estivesse ali.
— Você só quer se aproveitar da amizade dela.
Júlio parou de rir. Ficou sério de uma hora pra outra, e deu um passo adiante, ficando frente a frente com Diogo.
Eles eram do mesmo tamanho, naquele momento, senti uma pontada de medo dos dois começarem a brigar ali mesmo.
— Cara, você não sabe de porra nenhuma. E mesmo que soubesse, você é só um casinho. Não tem o direito de se meter na vida dela.
— Eu conheço ela melhor do que você imagina e é isso que te incomoda, né? Tá com medo dela ficar comigo.
Júlio deu uma risada seca, sem humor.
— Você realmente não sabe de merda nenhuma e quer saber? Pega esse teu ciuminho patético e vai se tratar. Porque se continuar agindo assim, EU mesmo vou afastar você da vida dela. Ela não merece esse tipo de coisa.
Meu peito já estava subindo e descendo rápido. Olhei pra Diogo sentindo uma dor se acumular em meu coração.
— Eu não sou esse tipo de mulher que você tá achando que sou e que você tá acostumado a tratar como se fosse sua. — minha voz saiu firme, baixa, mas cortante. — Eu realmente achei que você fosse diferente, Diogo. Mas você é só mais um idiota.
Vi algo quebrar no olhar dele, mas não esperei resposta.
Segurei o braço do Júlio e, com um nó na garganta, falei:
— Vamos embora.
E saímos, sem olhar pra trás.
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(Diogo)
— Alice! — chamei, a voz saindo mais ríspida do que eu queria. Dei dois passos atrás dela, mas antes que eu pudesse me aproximar de verdade, ela se virou com os olhos em chamas.
— Não encosta em mim! — ela disparou, erguendo a mão quando tentei tocá-la. — E, pelo amor de Deus, não fala mais comigo. Nunca mais.
Fiquei parado, estático. Aquelas palavras me acertaram como um soco no estômago e ainda por cima ela me olhou com um desprezo que queimou mais do que qualquer coisa.
Alice virou de costas, segurou o braço daquele idiota do Júlio e foi embora com ele.
— Merda... — murmurei, sentindo o sangue ferver nas veias.
Meu maxilar estava travado e fechei as mãos com força, os punhos latejando. Minha noite tinha encerrado ali e fui direto para o meu carro, batendo a porta com força ao entrar.
Me joguei no banco do motorista, fechei os olhos por um segundo, mas a imagem dela se afastando com ele voltou como uma faca girando no peito.
— Filha da puta... que merda foi essa, Diogo? — grunhi, dando um soco no volante.
Passei a mão no rosto, suando frio, com a mente em caos. Que porra eu acabei de fazer?
Nunca fui assim. Nunca tratei uma mulher daquele jeito e nem deixei o ciúmes me consumir dessa forma. Aquilo não era eu, sempre tive o controle. Sempre.
Mas com ela...
Ela mexia com cada canto da minha cabeça. Cada curva sua, o sorriso torto, as palavras atravessadas. E ver ela com aquele cara, rindo, ele com a mão na cintura dela? Me cegou. Me rasgou por dentro.
Peguei o celular e mandei uma mensagem:
“Alice, me desculpa. Eu não queria falar com você daquele jeito.”
Nada.
Escrevi outra, os dedos tremendo:
“Eu perdi o controle. Foi um surto, a gente precisa conversar, por favor.”
Silêncio.
Liguei. Chamou uma vez, duas, na terceira… Número bloqueado.
— Não, não, não... caralho! — rosnei, jogando o celular no banco do passageiro. Bati de novo no volante. — Você é um imbecil, Diogo. Um completo idiota.
Inclinei a cabeça pra trás, respirei fundo, mas o nó na garganta não descia. Senti o gosto amargo da culpa e arrependimento. Como eu pude falar com ela daquele jeito? Como eu fui babaca a esse ponto?
Ela não era minha, sabia disso. Mas eu sentia como se fosse e foi isso que me destruiu.
Agora talvez fosse tarde demais. Porque se eu conheço aquela mulher, ela não vai deixar isso passar, não vai aceitar menos do que merece.
E eu, porra… acabei de mostrar pra ela o pior que eu podia ser.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Gostaria de dizer que plágio é crime. Essa história é minha e não está autorizada a ser respostada aqui. Irei entrar com uma ação, tanto para quem está lançando a história como quem está lendo....
Linda história. Adorando ler...
Muito linda a história Estou gostando muito de ler Só estou esperando desbloquear e liberar os outros que estão faltando pra mim terminar de ler...
Muito boa a história, mas tem alguns capítulos que enrolam o desfecho. Ela já tá ficando repetitiva com o motivo da mágoa...
História maravilhosa. Qual o nome da história do Diogo?...
Não consigo parar de ler, cada capítulo uma emoção....
Esse tbm. Será que nunca vou ler grátis...