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Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 198

— O quê?! — sentei na cama num pulo, o sangue gelando nas veias. — O que aconteceu? Onde ele tá?

— O Valter... ele tava levando o Caleb pra encontrar uns amigos de manhã... e o carro... o carro estava sem freio, Diogo! Sem freio!

— Como assim sem freio? — a respiração começou a pesar. — Mãe, você tá com ele? Eles se machucaram?

— Eu não sei! Não sei, meu filho! — ela soluçava do outro lado. — Me ligaram do hospital... disseram que os dois foram levados pra lá... eu tô indo pra lá agora, tô entrando no carro...

— Qual hospital?

— O São Lucas...

— Tô indo pra lá agora! — pulei da cama, já agarrando a calça jogada na poltrona. — Me avisa se souber de qualquer coisa antes de eu chegar, tá me ouvindo?

— Tá... tá bom, filho. Só... vai com calma... — ela chorava mais. — Meu Deus, o Caleb...

— Eu tô indo, mãe. — encerrei a ligação com a mão tremendo.

Meu corpo se movia no automático. Calça, camiseta, carteira, chave do carro. Tudo parecia mais lento e pesado do que devia. A cabeça girava, tentando processar as palavras que eu tinha acabado de ouvir.

Me lembrando do acidente que levou o meu pai e deixou Caleb nesta situação. Respirei fundo, tentando me acalmar. Como o carro estava sem freios se ele estava em uma oficina há uma semana?

Peguei o elevador da cobertura com o coração batendo no pescoço. Apertei o botão do estacionamento com força demais e o espelho me mostrou meu rosto pálido, os olhos arregalados. Mas eu não podia parar pra pensar. Só precisava chegar até meu irmão e vê-lo. Saber que ele estava vivo.

Assim que as portas se abriram, atravessei o andar correndo e destravei o carro com um clique apressado.

Tudo que eu conseguia pensar era: Se acontecer alguma coisa com ele... eu não vou me perdoar.

***

O hospital parecia ainda mais frio do que o normal. A iluminação branca, o som de passos apressados e vozes abafadas criavam um zumbido no fundo da minha mente. Entrei quase correndo, o coração parecendo um tambor descompassado dentro do peito.

Avancei pelos corredores até ver minha mãe sentada em uma das cadeiras da recepção. Ela estava com os olhos vermelhos, as mãos tremendo no colo.

— Mãe! — me aproximei rápido.

Ela se levantou na hora e me abraçou forte, como se só ali estivesse conseguindo respirar de novo.

— Ai, meu filho… graças a Deus você chegou. — ela sussurrou contra meu peito. — Eu estava tão assustada…

— Onde ele tá? — segurei os ombros dela com cuidado, olhando nos olhos. — Já tem notícia?

Antes que ela respondesse, ouvi a porta dupla do corredor se abrir. Levantei o olhar e vi Valter empurrando a cadeira de rodas com o Caleb. Meus olhos foram direto pro meu irmão e por um segundo, tudo parou.

Caleb estava com um curativo no braço, um roxo no canto da testa, mas consciente e vivo.

Helena correu até ele, se ajoelhando diante da cadeira como se fosse uma criança, passando as mãos pelo rosto dele.

— Meu amor... você tá bem? Ai, graças a Deus… graças a Deus...

— Estou bem, mãe. Só tô meio tonto, mas já passaram os exames. Foi só o susto mesmo. — Caleb sorriu fraco, tentando aliviar o desespero dela.

Me aproximei e dei uma olhada rápida nele antes de me virar pra Valter.

— O que aconteceu? — minha voz saiu firme, seca. Eu precisava de respostas.

Valter respirou fundo, tirando o boné e passando a mão na cabeça.

— O freio falhou e quando eu percebi, já era tarde. Tentei controlar, mas… o carro estava sem resposta nenhuma. Acabamos batendo numa árvore, em uma curva. Se não fosse o cinto, a coisa ia ser feia.

— E como assim o freio falhou? — perguntei, a raiva começando a subir. — Esse carro passou por revisão semana passada.

— Eu sei. — ele franziu a testa. — Aquilo foi sabotagem, Diogo. Alguém mexeu ali.

Antes que eu pudesse responder, senti o celular vibrar no bolso. Peguei no automático vendo um número desconhecido na tela.

Abri já imaginando o que queria.

“Seu irmãozinho se machucou muito? 😊”

Fiquei parado e o tempo pareceu congelar.

Era ele. Era o Enrique.

Mostrei a mensagem para Valter, com a mão tremendo de raiva.

— Foi ele. — murmurei, sem conseguir conter o veneno na voz. — O desgraçado do Enrique.

Valter olhou a tela, a expressão fechando de imediato. Seus olhos estavam vermelhos de ódio.

— Filho da puta… — ele rangeu os dentes. — A gente tem que achar esse cara antes que ele tente de novo.

— Tá. Eu vou transferir mais alguma coisa pra você.

— Obrigada, viu? Deus abençoe. — Ela desligou antes que eu dissesse qualquer outra coisa.

Apoiei os cotovelos na mesa e levei as mãos à cabeça. Hoje parecia um teste de resistência.

O barulho de três batidas na porta me fez levantar o olhar.

Jonas entrou com uma pasta nas mãos.

— Achei uma coisa — disse ele, sem rodeios.

Me endireitei na cadeira.

— Fala.

— Consegui rastrear duas dessas mensagens que você recebeu. Vieram de um mesmo bairro, "Sombra da Tarde". É afastado, mas tem algumas áreas sem muito monitoramento.

— Você acha que o Enrique pode estar morando lá?

— É uma possibilidade. Ainda é vago, mas... com o jeito que ele se move, tá cada vez mais difícil achar uma brecha. Isso foi o mais próximo que conseguimos até agora.

Senti o sangue esquentar de novo e peguei a ficha da mão dele.

— Bom trabalho, Jonas.

Ele assentiu e saiu.

Peguei o celular e disquei pro Valter.

— Fala, Diogo.

— Valter, junta uns homens e manda rondarem discretamente o bairro Sombra da Tarde. Quero olhos lá vinte e quatro horas por dia. Se encontrarem o Enrique, não façam nada ainda. Só observem, mas se tiver qualquer movimentação suspeita, você me liga na hora. Entendeu?

— Entendido. Já tô resolvendo isso agora mesmo.

Desliguei e joguei o celular na mesa com mais força do que devia e apoiei a cabeça nas mãos de novo.

Hoje era um daqueles dias em que o mundo parecia girar rápido demais e eu estava bem no olho do furacão.

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