Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 199

Decidi dormir na mansão hoje, ficar mais perto de Caleb. Minha cabeça latejava desde o final da tarde, e cada pensamento parecia mais ruidoso do que o outro. Não queria voltar pro meu apartamento, nem suportaria o silêncio.

Quando entrei, a luz da cozinha estava acesa. Achei que fosse minha mãe, mas encontrei Fernanda de costas, escorada no armário próximo a geladeira, ela usava um short de moletom, uma blusa larga e segurava o celular vendo algo nele, mas assim que percebeu minha presença, desligou a tela e o enfiou rápido no bolso do short.

— Ah… oi, Diogo — ela disse, forçando um sorriso e pegando um copo d’água como se fosse a coisa mais natural do mundo.

— Oi. Tá tudo bem?

— Uhum. Só não tava conseguindo dormir — respondeu, bebendo um gole. — E você? Pensei que não vinha hoje.

— Resolvi ficar por aqui essa noite. Minha mãe já está dormindo?

— Tá sim. Eu fiquei um tempo com ela na sala, está bastante preocupada com o Caleb.

Me aproximei devagar, puxando uma das banquetas do balcão da cozinha, sentei e a observei por alguns segundos. Ela evitava o contato visual, como se minha presença a deixasse desconfortável, ou culpada. Mas mantive o tom leve.

— Imagino. Foi um susto mesmo, mas ele vai ficar bem.

Ela assentiu, mordendo o canto do lábio.

— E a sua irmã? Tá tudo certo com ela?

— A... Tá sim — respondeu rápido demais. — Falei com ela ontem. Por quê?

— Só curiosidade. Você tinha dito que queria visitá-la, mas agora com esse negócio todo do acidente, acho que atrapalhou seus planos, né?

Ela desviou os olhos, deixando o copo na pia. Seu celular vibrou no bolso e ela o puxou, olhando rapidamente e bloqueando a tela de novo sem responder.

Aquilo me corroía por dentro.

— Era seu tio?

Ela virou devagar, tensa.

— Como é?

— O número que te mandou mensagem agora. Era ele?

Ela hesitou por um segundo e respirou fundo.

— Não... não era. Era só uma amiga da faculdade.

Fiquei olhando pra ela por alguns segundos, vendo que tentou desviar o foco, com a voz mais baixa.

— Eu fiquei assustada hoje, sabe? Quando a dona Helena ligou dizendo que o Caleb tinha sofrido um acidente… senti um pânico real.

Não respondi de imediato, apenas balancei a cabeça e deixei o silêncio preencher o espaço.

Ela deu um passo à frente, tentando parecer sincera.

— Sei que você ainda tem um pé atrás comigo… e eu entendo. Eu também estranharia alguém novo na vida do meu irmão, ainda mais depois de tudo o que vocês passaram. Mas, eu não teria aguentado se algo tivesse acontecido com ele hoje.

Fiquei em silêncio mais um pouco, como se digerisse aquilo.

— O que o seu tio acha disso, o que andam conversando ultimamente?

Ela apertou o copo nas mãos, o maxilar travando por um instante.

— Nada demais. A gente quase não se fala muito e ele só se mete às vezes, sabe como é. Mas ele é preocupado, diz para eu… focar nos estudos.

Ela olhou pra mim como se esperasse algum julgamento. Mas tudo que fiz foi assentir devagar.

— Bom, ele está certo.

Ficamos em silêncio por alguns segundos. O clima estava denso, mas ela parecia querer sair da situação o mais rápido possível.

— Bom… vou subir. Boa noite, Diogo.

— Boa noite.

Ela saiu, e eu fiquei ali, escutando os passos dela pela escada.

***

Sábado , 01 de outubro

No fim do dia, quando eu finalmente tinha conseguido sentar por dois minutos no sofá da mansão, o celular vibrou no meu bolso. Vi o nome de Valter na tela e atendi na hora.

— Fala, Valter. Alguma coisa?

— Achamos, Diogo. Um galpão meio afastado, num canto quase esquecido lá no Sombra da Tarde. Parece abandonado, mas tem sinal de movimentação recente.

— Que tipo de movimentação? — me endireitei no sofá, a tensão crescendo.

— Restos de comida, colchão jogado num canto... bitucas de cigarro, latinha amassada. Coisa de quem tava dormindo lá, se escondendo. Mas o mais estranho foram uns papéis espalhados e uns cartazes, rasgados com anotações à mão. Um deles... — ele fez uma pausa — tem um esboço. Parece com o logotipo da Montenegro.

Fechei os olhos por um instante, sentindo o sangue ferver.

— Ele tá obcecado… — murmurei. — O que mais tinha?

— No lixo, entre uns panfletos velhos e papel de comida… uma foto antiga e rasgada ao meio. Só dá pra ver metade do rosto de um cara… mas...

— Mas? — pressionei, o coração batendo mais rápido.

— É você. A foto é tua, Diogo. Mais novo, parece, uns oito, nove anos atrás, talvez. Mas é tua cara.

Minha garganta secou.

— Tem certeza?

— Certeza. E… tem mais uma coisa, a foto está cheia de furos. Como se tivessem enfiado uma faca nela, várias vezes.

Me levantei do sofá com raiva.

— Ele tá brincando comigo, é pessoal. Ele quer me deixar louco e eu sinto que isso não é mais só questão de dinheiro, Valter. Se fosse, ele já teria pedido uma quantia.

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