Mas… nada.
Nada me acendeu, nenhum arrepio, desejo. Só um incômodo e um nojo de mim mesmo. O toque delas, antes provocante, agora me causava agonia. Era como se estivessem tentando arrancar algo de mim à força.
Empurrei com delicadeza, mas firme e me levantei.
— Ei, tudo bem? — perguntou a morena, surpresa.
— É… desculpa. Eu não devia estar aqui e isso… não tá certo.
— Ué, mas você parecia interessado — disse a loira, fazendo um biquinho.
— É. Eu achei que tava, mas não estou. Desculpa mesmo, não é com vocês, é comigo.
Peguei minha jaqueta, larguei uma nota alta na mesa pra pagar as bebidas que nem bebi e saí antes que elas pudessem dizer mais alguma coisa.
A noite estava mais fria do que antes e eu, mais só do que nunca.
Voltei pro hotel com raiva. Raiva de mim. De achar que podia anestesiar o que sentia por Alice com dois corpos bonitos e beijos vazios. Não podia e, no fundo, sabia disso desde o momento em que aceitei a companhia delas.
Entrei no quarto, fechei a porta, larguei a jaqueta no chão e afundei no sofá esfregando o rosto com força.
Era ela, sempre foi.
E eu... só sabia afastá-la.
O dia amanheceu e eu já estava decidido. Mal dormi direito e agora, estava fechando a mala em silêncio, com a cabeça fervendo. Lisboa podia esperar, o trabalho também.
Eu precisava voltar pra ela. Pra tentar fazer certo o que vinha errando desde o começo.
Quando cheguei em Belos campos, peguei meu carro e segui querendo encontrá-la, mas o meu celular vibrou e o peguei, vendo que era a minha mãe.
Atendi no mesmo instante, o coração acelerando sem motivo aparente.
— Mãe? Tá tudo bem?
A voz dela veio trêmula, abafada.
— Diogo... é o Caleb. Ele... ele tá tendo uma crise.
— Como assim, crise? Que tipo?
— Ansiedade. Daquelas fortes, como ele tinha antes... há anos que não via ele assim. Eu tentei acalmar, mas ele não me escuta. Ele só fica se culpando, chorando, dizendo coisas sem sentido. Eu tô desesperada...
— Tô indo pra aí. Agora.
Já era fim da tarde com o céu alaranjado, a cidade quieta. Fui direto pro condomínio da minha mãe. O portão já estava aberto e estacionei sem cuidado nenhum, entrando praticamente correndo.
O som vinha da sala. Vozes, respiração ofegante e meu peito apertou.
— Caleb! — chamei, indo até ele.
Ele estava sentado na cama, encostado na parede, com as mãos tremendo, os olhos vermelhos, as palavras saindo sem ordem:
— Eu estraguei tudo, Diogo... eu sou um peso... ninguém aguenta isso... ela vai me deixar também... eu sei...
Me abaixei na frente dele, colocando uma das mãos no ombro dele.
— Ei, calma... tô aqui, tá? Respira comigo, mano. Olha pra mim.
Mas ele mal me olhava. Estava fora de si, no meio de um redemoinho emocional que eu conhecia bem demais, mas que não via havia anos. Me partiu o coração.
— Caleb, olha pra mim, porra. Você não é peso nenhum. Está tendo uma crise, e tá tudo bem. Você vai sair disso. Eu tô aqui, respira comigo. Um, dois...
— Não adianta... não adianta... — ele murmurava, cobrindo o rosto.
Eu engoli em seco, completamente impotente.
Foi então que ouvi passos vindo do corredor e Fernanda entrar.
Ela correu até nós, com o rosto visivelmente preocupado. Se ajoelhou ao lado de Caleb e colocou a mão com delicadeza sobre o braço dele.
— Amor... sou eu. Tô aqui.
Ele ergueu os olhos pra ela. As mãos ainda tremiam, mas houve uma pausa, um segundo de silêncio.
— Eles vão me tirar de você... — ele murmurou.
— Ninguém vai tirar a gente, Caleb. Eu tô aqui, ouviu? Eu não vou embora. Nunca vou.
Ela encostou a testa na dele e sussurrou:
— Vamos respirar juntos? Lembra do que a gente praticou aquele dia? Inspira... um... dois... três... segura... isso...
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Gostaria de dizer que plágio é crime. Essa história é minha e não está autorizada a ser respostada aqui. Irei entrar com uma ação, tanto para quem está lançando a história como quem está lendo....
Linda história. Adorando ler...
Muito linda a história Estou gostando muito de ler Só estou esperando desbloquear e liberar os outros que estão faltando pra mim terminar de ler...
Muito boa a história, mas tem alguns capítulos que enrolam o desfecho. Ela já tá ficando repetitiva com o motivo da mágoa...
História maravilhosa. Qual o nome da história do Diogo?...
Não consigo parar de ler, cada capítulo uma emoção....
Esse tbm. Será que nunca vou ler grátis...