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Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 203

Olhei pra ela e, pela primeira vez, percebi o tamanho do abismo entre o que achava que sabia e a verdade.

Ela tinha diabetes, não falava com a família. Morava num lugar simples, lutava todos os dias com a própria saúde. E mesmo assim, carregava aquele olhar firme, corajoso.

Eu não sabia nada sobre ela.

E agora, sentindo o peso disso, tudo que eu queria… era aprender.

Respirei fundo.

Aquela mulher à minha frente... tão forte e ao mesmo tempo tão vulnerável. Eu não conseguia tirar da cabeça a imagem dela tremendo, a glicose despencando, o desespero nos olhos. Meu peito estava apertado, mas eu precisava começar de algum lugar.

— Antes de qualquer coisa... — minha voz saiu mais baixa do que eu queria — eu preciso te pedir desculpas, Alice.

Ela virou o rosto pra mim, surpresa. Mas não disse nada, me deixou continuar.

— Pelo que eu fiz e o que eu disse aquele dia. Agi como um idiota, falei coisas horríveis e acusei você de algo que nem por um segundo eu acredito de verdade. E mesmo assim, deixei sair... como se você fosse alguma mulher qualquer. E você não é, nunca foi.

Ela mordeu o lábio, e seus olhos brilharam de leve, como se estivesse tentando segurar alguma coisa. Até que soltou, com a voz firme:

— Então por que você falou aquilo, Diogo? Por que você me tratou como se eu tivesse feito algo errado? Aquilo me machucou. Muito. E eu não aceito esse tipo de acusação. Me afastei da minha família porque eles sempre me menosprezaram, por anos me fizeram acreditar que eu não tinha valor e hoje, hoje eu sei o valor que tenho e ninguém, nem você, me fará duvidar disso.

Engoli seco, era merecido.

— Eu sei. Você tem toda razão — falei, olhando nos olhos dela. — Mas a verdade é que eu senti ciúmes. Pronto, é isso. Eu senti ciúmes de ver outro cara perto de você. Aquele amigo seu... o Júlio... ele é bonito, simpático, e vocês pareciam tão à vontade juntos.

Ela arqueou a sobrancelha. E pela primeira vez desde que eu cheguei, vi um sorrisinho surgir no canto da sua boca.

— Sim, somos intimos, como irmão e além disso, o Júlio é bissexual. Mas ele prefere homens. — Ela soltou um risinho leve, meio irônico. — A gente divide o aluguel, Diogo. Ele é o meu alicerce aqui desde que eu cheguei. Me ajudou quando eu não tinha nada, mas entre a gente nunca teve nada além de amizade. Ele é minha família, entende?

Eu fiquei olhando pra ela, sem saber muito como reagir. Uma parte de mim relaxou, confesso. A outra parte ficou ainda mais culpada.

— Você devia ter conversado comigo. — ela continuou, mais séria agora. — Bastava você ter me perguntado e eu teria explicado. Mas você preferiu tirar suas conclusões e me atacar como se eu fosse... sei lá, alguém desleal. Mesmo não estando em um relacionamento sério com você, não te devendo explicações nenhuma.

— Eu sei e não tem desculpa. — Suspirei. — É que... eu nunca tinha sentido isso antes, entende? Essa coisa de querer alguém só pra mim, de sentir esse medo idiota de perder. Essa vontade de te ter longe de qualquer outro cara. Eu não sei lidar com isso.

Ela me olhou por um tempo, como se estivesse tentando entender se o que eu dizia era verdade. E era.

Então estendi a mão, devagar, e peguei a dela. Estava quente agora, firme. Um contraste imenso da fraqueza de minutos atrás.

— Eu sei que a gente começou isso como algo casual, um acordo de adultos, sem amarras, sem promessas... — comecei, sentindo meu coração disparar. — Mas eu não consigo mais fingir que é só isso. Porque não é. Não pra mim.

Ela ficou séria de novo.

— Diogo, do que você tá falando?

— Tô falando que eu quero mais com você, Alice. Quero poder te encontrar em qualquer lugar, sem precisar esconder. Quero sair com você, andar de mãos dadas, conhecer mais de você, de verdade. — Respirei fundo. — Eu quero namorar com você.

Ela ficou em silêncio e de repente, parecia nervosa.

— Você quer... namorar?

Assenti com a cabeça.

[Alice]

Suspirei fundo e me levantei devagar. Ainda me sentia um pouco tonta e fraca, o corpo inteiro parecia esgotado… mas minha mente estava ainda mais. Diogo se levantou também, num salto, e ele parecia… nervoso. Não, ele parecia assustado. Como se eu fosse fugir a qualquer segundo.

— Diogo… — falei, encarando-o. — Esse não foi o acordo.

— Eu sei — ele disse rápido, como se tivesse ensaiado isso mil vezes na cabeça.

— Deixei claro desde o começo. Eu não quero me envolver com ninguém, não tô pronta pra isso. — Cruzei os braços, mais pra me proteger do que pra parecer firme.

Ele deu um passo na minha direção.

— Eu entendi isso lá no início, Alice. De verdade. Mas você... me virou do avesso. Eu não consigo mais fingir que isso aqui é só físico. Você virou parte da minha rotina, da minha vida. Eu anseio por você. Pela sua presença, pelo seu jeito.

Eu virei de costas, tentando manter minha sanidade.

— É só sexo, Diogo. É isso que a gente combinou. E, olha… a gente pode continuar assim, se for isso que tá te deixando tão mexido.

Senti quando ele segurou meu braço com delicadeza e me fez virar de frente pra ele. Seus olhos estavam cravados nos meus. Sinceros. Intensos.

Sua respiração batia quente contra meu pescoço, e só o jeito que me olhava fazia minha pele arrepiar. Tinha algo diferente naquela noite. Como se, além do desejo que sempre existiu entre a gente, agora tivesse algo mais... profundo.

Diogo estava sobre mim, com o peso do corpo bem distribuído, mas ainda me deixando sentir cada parte dele. Suas mãos deslizaram pela lateral do meu corpo como se quisessem decorar cada detalhe da minha pele.

— Você me deixa louco, Alice — ele murmurou, os olhos presos nos meus. — Não faço ideia do que você fez comigo, mas eu não quero mais viver sem isso. Sem você.

Meu coração acelerou tanto que eu quase pedi pra ele parar, só pra eu poder respirar. Mas aí ele me beijou e tudo fez sentido.

Sua boca encontrou a minha com fome e carinho ao mesmo tempo. O beijo não era apressado. Era daqueles que fazem a gente esquecer onde tá. As línguas se tocando num ritmo conhecido, gostoso, como se nossos corpos já soubessem o caminho de cor.

Nossas roupas logo foram parar espalhadas pelo quarto e o senti me preencher, arrancando um gemido baixo dos meus lábios.

Deslizei as mãos pelas suas costas, sentindo os músculos se moverem sob meus dedos. Ele me olhava nos olhos enquanto os quadris começavam a se mover, bem devagar, fazendo nossos corpos se encontrarem num encaixe perfeito.

Eu soltei um gemido baixo, sem nem conseguir segurar.

— Diogo… — sussurrei contra os lábios dele.

— Fala — ele respondeu, a voz rouca, quente, me deixando ainda mais entregue.

— Só… continua.

E ele continuou.

Cada movimento dele era intenso, fundo, como se quisesse me marcar de um jeito que ninguém mais conseguiria apagar. Suas mãos seguravam firme minha cintura, o ritmo foi aumentando e os gemidos ficando mais altos juntos ao som de nossos corpos colidindo um ao outro.

Os olhos dele estavam nos meus, o tempo todo. Como se ele quisesse me dizer tudo o que estava sentindo sem precisar de palavras. Como se quisesse me fazer entender que aquilo ali… não era só sobre prazer. Era sobre sentimento.

Me senti vulnerável, mas pela primeira vez em muito tempo, não tive medo.

Eu me deixei levar, me deixei sentir, me deixei amar.

E quando o ápice veio, quase silencioso, com nossos corpos tremendo juntos e o peito dele colado no meu, tudo que consegui fazer foi fechar os olhos e me agarrar nele.

— Você é minha, Alice — ele sussurrou no meu ouvido, ainda ofegante, com os braços me envolvendo. — Só minha.

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