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Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 206

Fazia tempo que eu não passava na casa da Larissa e do Alessandro. E hoje, por algum motivo, eu queria contar pra ela sobre mim e a Alice. Talvez porque, no fundo, eu sempre senti que a Larissa conseguia me entender de um jeito que poucas pessoas conseguiam.

Estacionei na frente da casa e entrei sem cerimônia, como sempre. A porta da sala estava aberta, e logo vi o Gabriel sentado no tapete, rodeado por uns robôs de brinquedo, todo concentrado. A babá, Julia, estava no sofá, de olho nele.

— E aí, campeão? — falei, já me abaixando pra dar um soquinho nele.

Gabriel levantou a cabeça e abriu um sorriso enorme antes de vir correndo e me abraçar nas pernas.

— Tio Diogo!

Apertei ele com força.

— Cadê seus pais? — perguntei.

— Lá em cima conversando coisa de adulto — ele respondeu, meio distraído, já voltando pros robôs.

Franzi o cenho. Conversa de adulto, nesse tom, normalmente queria dizer problema. E desde o casamento deles, eu jurava que Larissa e Alessandro estavam na melhor fase.

Fiquei ali, pensando se subia ou não, mas antes que eu decidisse, ouvi passos na escada. Primeiro a voz da Larissa, um pouco mais alterada que o normal:

— Você precisa se posicionar sobre isso, não pode deixar a sua mãe simplesmente se entregar.

Em seguida, a voz cansada do Alessandro:

— Eu já tentei, amor… mas ela anda mais arisca do que antes. Já é a quinta enfermeira só esse mês.

— Eu sei… — ela respondeu, com um tom mais baixo — mas você não vai se sentir bem se acontecer alguma coisa com ela.

— Eu sei disso… — ele suspirou — mas não é tão simples.

Eles apareceram na escada e me viram. Um misto de surpresa e alívio no rosto dos dois.

— Olha só quem resolveu aparecer — Larissa disse, já descendo.

Beijei a bochecha dela e cumprimentei Alessandro com um aperto de mão firme.

— Rosa ainda tá dando trabalho? — perguntei, indo direto ao ponto.

Alessandro soltou um meio riso sem humor, passando a mão no rosto.

— Nunca achei que minha mãe fosse ficar assim. Tá pior do que antes. Ela só quer gastar… não importa com o quê, só quer gastar. E maltrata todas as enfermeiras que eu contrato. A psiquiatra já disse que ela não pode ficar sozinha, mas tá complicado achar alguém que aguente. Nem com o salário quatro vezes maior que o normal.

Suspirei.

— Complicado mesmo…

Larissa segurou a mão dele com delicadeza.

— Eu sei que você tá cansado, meu amor. Mas eu fico com medo de acontecer alguma coisa e você se culpar depois.

Ele passou o braço pela cintura dela, abraçando-a mesmo com a barriga enorme entre eles.

— Sei que você está só preocupada… mas eu não posso fazer muito mais que isso. Vou entrar com uma ação para bloquear os bens dela. Aí eu mesmo cuido das despesas, porque se deixar, ela acaba com tudo em um mês.

— Tá… — Larissa assentiu, respirando fundo.

Ela se afastou um pouco dele e pousou a mão sobre a própria barriga, suspirando.

— Nossa, ta pesada demais hoje.

Alessandro sorriu.

— Maria Eduarda tá grandinha demais já.

— Quando você completa oito meses? — perguntei.

— Dia 12 agora.

Sorri.

— Vai ser a coisa mais linda desse mundo.

Ela sorriu de volta e me chamou:

— Vem, vamos pra varanda um pouco.

Seguimos até lá, e logo Margarida apareceu com um refresco gelado pra nós. Me sentei, observando Larissa ajeitar a almofada atrás das costas. Eu sabia que era questão de minutos até ela me perguntar o que eu realmente tinha ido fazer ali.

Larissa tomou um gole do suco, me olhando com aquela expressão de quem já estava preparando alguma.

— Ela ainda tá em treinamento — Larissa explicou — mas já sei que tem potencial. E aquele jeito esquentadinha dela é o que faltava lá na empresa.

Fiquei olhando pra ela, ainda tentando processar. Suspirei.

— Você aprontou. Só queria a Alice perto porque sabia que a gente tava ficando.

— Também foi isso — ela assumiu, sem nem disfarçar. — Mas eu realmente precisava de uma assistente.

Passei a mão no rosto, já imaginando a cena.

— Eu vou ter que contar pra Alice o quão próximo eu sou da chefe dela… e provavelmente ela vai surtar.

Larissa deu um sorrisinho malicioso.

— Mesmo surtando, ela vai continuar lá. Eu percebi como ela tá gostando do trabalho.

Eu só consegui rir, porque era exatamente o tipo de jogada que Larissa faria.

***

Saí da varanda com aquela sensação de que Larissa tinha acabado de me colocar numa enrascada daquelas.

No carro, ainda com o som desligado, fiquei imaginando a reação da Alice quando eu contasse.

Era fácil prever.

Primeiro, ia me encarar com aquela sobrancelha arqueada e o olhar de “eu sabia”. Depois, viria a acusação: “Você que mandou ela me contratar, né?”. E não importava o quanto eu jurasse que não, que aquilo foi 100% obra da Larissa, ela ia achar que eu tava por trás.

Suspirei, batendo os dedos no volante no ritmo do meu próprio nervosismo.

Não queria que ela pensasse que eu estava tentando controlar tudo na vida dela… mas também conhecendo a Alice, ela ia ficar meio dividida entre surtar e achar bom. No fundo, ia ser difícil esconder o quanto gostou do emprego.

Peguei a avenida principal e segui para a mansão da minha mãe. Queria ver como o Caleb estava e tinha passado a noite, se a crise tinha acabado de verdade.

A mansão apareceu logo à frente, imponente como sempre, mas naquele dia parecia um pouco mais silenciosa. Enquanto diminuía a velocidade e passava pelo portão, me peguei pensando que talvez fosse bom conversar com o Caleb também sobre a Alice.

Ele tinha um jeito direto, e às vezes me ajudava a ver as coisas com mais clareza… mesmo que fosse na base da provocação.

Mas antes disso, eu precisava respirar fundo e me preparar mentalmente. Porque quando chegasse a hora de falar com a Alice, ia ter que encarar aquele olhar desconfiado dela e dessa vez, não ia ter saída fácil.

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