Quando cheguei na cobertura, o primeiro que fiz foi ligar pra segurança.
— Quero dois carros fixos na frente da mansão da minha mãe. — minha voz estava seca, sem paciência. — E quero um revezamento de seis homens lá dentro. Ninguém entra ou sai sem ser visto.
Do outro lado, o chefe da segurança só respondeu um “sim, senhor” e anotou tudo.
Assim que desliguei, disquei pro Valter de novo.
— Quero gente na cola de uma pessoa, Valter. Alice, estamos namorando. Onde ela for, vocês vão. Quero dois na porta da casa dela, onde ela for, vão atrás. — Apertei o maxilar. — E ela não pode perceber nada. Depois te explico mais.
Valter fez aquele silêncio curto antes de responder.
— Entendido. E se…
— Se alguém se aproximar dela, você me liga na hora. — cortei. — Enrique não vai nem respirar perto dela.
Depois de dar mais duas ou três ordens, larguei o celular na bancada da cozinha e me encostei no balcão, respirando fundo. A sensação de estar sendo caçado não me incomodava tanto, mas saber que ele podia ir atrás de quem eu amo, isso sim me deixava com o sangue fervendo.
E tinha outra coisa… Alessandro. Ele precisava saber. Não tudo, nunca ia jogar ele no meio de merda que não era dele, mas pelo menos o suficiente pra proteger o Gabriel e a Larissa.
Peguei o celular outra vez e disquei o número dele, mas parei antes de apertar o botão de chamada. Suspirei. Talvez fosse melhor falar pessoalmente, medir as palavras.
Abri a garrafa de whisky e me servi um dedo generoso, bebendo de uma vez só. A garganta ardeu, mas não foi o suficiente pra tirar o peso no peito. Passei a mão no rosto, tentando limpar a confusão da minha cabeça, mas não adiantou.
Fui até a varanda. O vento estava gelado e o céu pesado, carregado de nuvens escuras. Tinha alguma coisa naquele cinza que parecia refletir exatamente o que eu estava sentindo.
Fiquei ali, com o copo na mão, olhando a cidade lá embaixo. Sabia que a guerra tinha começado, e que, dessa vez, não era só minha vida em jogo.
Apertei os dedos no copo.
— Pode vir, Enrique… — murmurei, quase pra mim mesmo. — Só se prepara, porque eu não vou cair sozinho.
(Alice)
Sexta, 14 de outubro
Segunda semana no escritório da Larissa e eu já estava entendendo o ritmo daquele lugar, ou pelo menos tentando. Não era só trazer café e agendar reuniões. Larissa era detalhista, exigente e, mesmo que às vezes parecesse dura, eu estava aprendendo muito com ela.
Naquela manhã, eu estava organizando a agenda dela no computador, respondendo e-mails de clientes e anotando uns recados que ela me tinha passado. Tudo no meu canto, quietinha, até sentir aquele perfume forte demais chegando por trás de mim.
— Então você é a nova assistente da dona Larissa… — a voz vinha com um tom doce falso, daqueles que já me fazem revirar os olhos mentalmente.
Me virei na cadeira. Uma mulher alta, magra, com salto agulha e um sorriso que não chegava nos olhos.
— Sou sim. — respondi, simples.
Ela deu uma olhada de cima a baixo em mim, como quem avalia um produto na prateleira e acha que não vale nada.
— Eu sou a Danila, assistente do senhor Miqueias, diretor geral. — fez questão de enfatizar o título, como se eu devesse bater continência. — Aqui, normalmente, a gente tem um certo padrão… sabe? Postura, comportamento…
Pisquei devagar.
— E você veio me avisar disso ou veio me inspecionar? — perguntei, com um sorrisinho que não era exatamente simpático.
O sorriso dela vacilou por um segundo, mas ela continuou:
— É só que, normalmente, assistente de diretoria lida com pessoas de outro… nível.
Ah, pronto. Respirei fundo e levantei da cadeira, ficando frente a frente com ela.
— Então aproveita e anota aí no seu “manual de padrões”: eu lido com qualquer pessoa, de qualquer nível. Inclusive com gente que gosta de se achar acima dos outros só porque carrega uma pasta bonita. — dei um passo pra trás e voltei a sentar. — Agora, se não tiver mais nada, Danila, eu tenho trabalho de verdade pra fazer.
Ela apertou os lábios, sem resposta, e girou nos saltos saindo dali. E eu, claro, não perdi a chance de sorrir pra mim mesma.
Poucos segundos depois, uma menina se aproximou.
— Eu não teria coragem de falar assim com ela.
Olhei pra cima e vi uma menina com o cabelo preso num coque meio torto e crachá de estagiária.
— Por quê? Ela morde? — perguntei, rindo.
A menina riu também.
— Quase isso, ela é venenosa. Eu sou a Bruna, estou no financeiro.
— Prazer, Bruna. — estendi a mão. — Não esquenta, gente assim sempre aparece. Eu só devolvo na mesma moeda.
Ela se inclinou, como quem conta um segredo.
— Você vai sobreviver aqui.
Bruna deu um sorrisinho tímido e estendeu uma pasta.
— Eu trouxe os documentos que o gerente pediu pra entregar pra senhora Larissa.
Olhei o relógio.
— Pode deixar comigo, ela ainda não chegou. — estendi a mão.
Bruna me entregou a pasta e ficou ali, me olhando.
— Sabe… eu gostei de você.
Sorri.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Gostaria de dizer que plágio é crime. Essa história é minha e não está autorizada a ser respostada aqui. Irei entrar com uma ação, tanto para quem está lançando a história como quem está lendo....
Linda história. Adorando ler...
Muito linda a história Estou gostando muito de ler Só estou esperando desbloquear e liberar os outros que estão faltando pra mim terminar de ler...
Muito boa a história, mas tem alguns capítulos que enrolam o desfecho. Ela já tá ficando repetitiva com o motivo da mágoa...
História maravilhosa. Qual o nome da história do Diogo?...
Não consigo parar de ler, cada capítulo uma emoção....
Esse tbm. Será que nunca vou ler grátis...