Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 209

(Alice)

Voltamos pro escritório rindo de uma piada do Júlio que eu tinha contado. O sol já estava mais fraco com aquele clima de depois do almoço em que todo mundo parece meio lento.

Eu estava segurando meu copo descartável com o resto de suco que tinha trazido do restaurante, e Bruna ia ao meu lado falando sobre um trabalho da faculdade.

Quando a gente estava quase na porta da empresa, eu senti… não sei… um incômodo.

Sabe quando parece que alguém tá te olhando, mas não é uma olhadinha rápida? É aquela sensação pesada, como se tivesse um peso nas suas costas.

Instintivamente, olhei pro outro lado da rua.

Um homem estava parado encostado num carro preto com os braços cruzados. Boné baixo, óculos escuros. Podia ser qualquer um esperando alguém… mas eu juro que senti um arrepio subir pela minha espinha.

— Alice? — Bruna chamou, percebendo que eu tinha parado. — Tá tudo bem?

— Tá… tá sim. — respondi, mas a minha voz saiu um pouco mais baixa do que eu queria.

O cara não se mexia. Só… estava ali. E eu podia jurar que o rosto dele estava virado exatamente pra mim.

Engoli seco, tentando racionalizar. "Deve ser coincidência. Ele pode estar esperando carona… ou um cliente… ou qualquer coisa".

— Vamos? — Bruna sorriu, puxando meu braço levemente.

— Vamos. — forcei um sorriso e andei, mas antes de entrar na porta de vidro da empresa, olhei de novo.

O homem não estava mais encostado no carro. Agora estava na calçada, alguns passos mais à frente. E não… não era coincidência. A forma como ele virou o corpo quando eu olhei me deu a certeza.

Senti um frio no estômago, mas não queria assustar a Bruna.

— Você reparou… — comecei, mas parei no meio da frase. — Deixa pra lá.

— Reparar o quê?

— Nada, coisa da minha cabeça. — tentei disfarçar.

Entramos na recepção, e quando a porta automática se fechou, eu dei uma última olhada rápida pelo vidro. Ele ainda estava lá e, por um segundo, eu tive a impressão de ver um sorriso… um daqueles que não é nada amigável.

O coração acelerou, e minha mão apertou a alça da bolsa.

"Ok, Alice. Respira. É só um estranho na rua… ou não."

— Você está pálida. — Bruna comentou. — Quer que eu pegue uma água?

— Não, estou bem. Só acho que o parmegiana pesou. — brinquei, tentando rir.

Ela riu junto, mas por dentro eu estava a mil. Aquilo não era coisa da minha cabeça. Eu sabia que não era.

Assim que o elevador fechou, eu soltei o ar que nem tinha percebido que estava prendendo.

Bruna continuou falando sobre um trabalho de faculdade, e eu respondia com “aham” e “sei” no automático, mas minha cabeça estava longe, lá fora, com aquele cara.

Quando chegamos no andar da diretoria, ela seguiu pro setor dela e eu fui pra minha mesa. Larguei a bolsa, sentei e tentei focar nos e-mails… mas minha mão tremia só de tocar no mouse.

Não sei quanto tempo fiquei encarando a tela sem ler nada, até ouvir a voz doce da Larissa.

— Boa tarde, Alice.

Levantei na hora, pegando os documentos que tinha separado.

— Boa tarde! Como você está?

Ela entrou sorrindo, mas me olhou com aquele jeito de quem percebe tudo.

— Eu tô bem… mas você, que cara é essa?

— Cara de sono pós-almoço. — forcei um sorriso, entregando os papéis.

Ela franziu a testa, mas não insistiu de cara. Foi andando até a sua sala e eu fui atrás com os documentos que tinha deixado mais cedo.

— Ah, antes que eu esqueça, o exame de hoje foi ótimo — ela disse, já se acomodando na cadeira. — O médico disse que a bebê tá com tudo perfeito.

— Ai, que bom, Larissa! — falei, e dessa vez foi um sorriso verdadeiro. — Essa menina vai nascer quebrando corações.

Ela riu, passando a mão na barriga e me olhou de novo, mais séria agora.

— Tá, mas me fala, o que aconteceu? Você tá estranha desde que entrou.

Suspirei e me sentei na cadeira em frente à dela.

— Olha… pode ser coisa da minha cabeça, mas… na volta do almoço eu senti que tinha um cara me seguindo.

O sorriso dela sumiu na hora.

— Como assim, te seguindo?

— Ele estava encostado num carro, olhando fixo. Quando eu parei, ele continuou. Quando a gente entrou na empresa, ele já tinha mudado de lugar e estava mais perto. Eu não sei explicar… foi um olhar esquisito. Não parecia coincidência.

Ela se ajeitou na cadeira, preocupada.

— Você conseguiu ver o rosto?

— Mais ou menos, ele estava de boné e óculos escuros. Mas… não sei, foi um negócio que me gelou por dentro.

Larissa ficou em silêncio por alguns segundos, e eu podia jurar que vi ela pensar em algo, mas decidiu não dizer.

— Tá… faz o seguinte: qualquer coisa estranha que você veja, qualquer pessoa, qualquer carro parado demais perto de onde você tá… me avisa na hora.

— Pode deixar. — concordei, mas a tensão ainda estava ali, grudada na minha pele.

Ela sorriu de leve, tentando me tranquilizar.

— Agora vamos focar no trabalho, porque se a gente se deixar levar, já já você tá vendo monstro até no armário de limpeza.

— Tá, chefe. — falei, fingindo leveza, mas por dentro eu ainda sentia o peso daquele olhar me atravessando.

Cheguei em casa naquela tarde, já pronta pra abrir o portão, mas aquela sensação estranha de estar sendo observada não me largava. Dessa vez, era como se estivesse me olhando mais de perto.

Congelei por um segundo quando uma voz me tirou do transe.

— Alice?

Virei rápido e dei de cara com o Diogo.

— Diogo! Que susto!

— Cadê o seu carro? — perguntei, ainda olhando ao redor, meio desconfiada.

Ele sorriu, meio debochado.

— O carro está no conserto. Um motorista me trouxe, e já foi buscá-lo.

Ri, ainda com o olhar meio perdido na rua.

— Ah, tá. Só o carro quebrar que, como você é bilionário, já arrumam outro, né?

Ele deu um passo até mim me puxando para perto e sussurrou com aquele sorriso que eu já conhecia.

— Posso te dar essa mordomia, sabia?

Pisquei os cílios, fingindo estar interessada.

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