(Alice)
Julio tinha me deixado na padaria, resolvi comprar logo o pão para amanhã de manhã. Peguei um bolo simples, alguns pães e já ia caminhando de volta pra casa quando senti aquele frio na espinha.
A sensação de estar sendo seguida. Acelerei o passo, com o coração martelando no peito. Minha mão automaticamente procurou o spray de pimenta dentro da bolsa.
Então uma mão tampou minha boca e uma voz baixa sussurrou:
— Fica quieta.
Meu corpo entrou em pânico. Comecei a me debater feito louca, chutei, bati, até que acertei o pé dele com força. Ele xingou alto e nesse mesmo segundo virei o spray de pimenta, acertando direto nos olhos dele.
— AAAH! — ele gritou, tampando o rosto. — Você tá maluca?!
Meu coração quase saiu pela boca quando eu ouvi a voz dele. E quando ele afastou a mão, reconheci. Meus olhos se arregalaram.
— Enrique? — minha voz saiu falhada, sem acreditar.
Ele ainda esfregava os olhos, mas forçou um sorriso torto.
— Também é bom te ver, prima.
— Meu Deus... — respirei fundo, ainda em choque. — Eu... desculpa! Vem, vamos logo pra casa antes que piore.
Apressei o passo, abri o portão com a chave trêmula e puxei ele pra dentro. Joguei a sacola e a bolsa na mesa da cozinha, enquanto o levava até a pia. Abri a torneira e comecei a jogar água em seu rosto.
— Fica quieto, deixa a água levar isso... — falei, nervosa, ainda tentando entender o que estava acontecendo. — Eu achei que era... sei lá, alguém tentando me atacar.
Ele riu de leve, mas a risada soava mais debochada do que divertida.
— E você me recebeu desse jeito, com spray de pimenta. Realmente, uma recepção calorosa.
Antes que eu pudesse responder, ouvi a porta se abrir atrás de mim. Júlio entrou com pressa.
— Alice? Eu ouvi barulho, o que rolou? — ele parou na hora que viu Enrique curvado na pia, encharcado, e me olhou confuso. — Quem é esse?
Olhei de um pro outro, o coração batendo ainda mais forte.
— Júlio... esse é o meu primo, Enrique.
Enrique levantou devagar, ainda piscando com os olhos vermelhos e estendeu a mão pra ele, com um sorriso no rosto.
— Prazer. Acho que a gente ainda não se conhece.
Júlio olhou pra mim primeiro, como se pedisse uma explicação silenciosa, e só depois apertou a mão de Enrique.
— Júlio.
Peguei uma toalha no banheiro e entreguei a Enrique, que começou a enxugar o rosto ainda meio irritado por causa do spray, mas logo fez um gesto de que estava melhor.
Eu ainda olhava para ele, tentando entender tudo aquilo.
— Tá melhor agora? — perguntei, preocupada.
Ele acenou que sim, ainda secando o rosto.
— Tô sim... só arde um pouco ainda, mas já tá passando.
— Então senta um pouco — falei, puxando uma cadeira pra ele. — Enrique... o que você está fazendo em Belos Campos? Achei que você estava casado.
Ele forçou um sorriso, daqueles que não convencem ninguém, e balançou a cabeça.
— Não... não mais. Me divorciei há alguns anos.
Arregalei os olhos.
— Nossa, eu não sabia disso.
— É... — ele respirou fundo. — Eu me afastei da família, Alice.
Dei um sorriso forçado.
— Eu também.
Ele soltou um riso baixo, mas sem humor.
— Você até que demorou pra se afastar... pelo que eu via, aquele povo nunca te tratou como devia.
Engoli em seco, desviando o olhar por um instante.
— É, foi complicado. Mas enfim... e você? Como tá? Tá morando aqui em Belos Campos?
Ele desviou o olhar para Julio, que estava de braços cruzados, encarando ele como um gavião de vigia.
— Tô resolvendo uns negócios por aqui. Mas quando descobri que você morava aqui, decidi vir te visitar.
Sorri, tentando quebrar o clima.
— É bom te ver de novo.
Ele sustentou o olhar em mim por um instante.
— E você, como está? — então, olhando de canto para Julio, completou: — Esse aí é o seu namorado?
Balancei a cabeça rápido.
— Não, não. Julio é como um irmão pra mim.
Enrique acenou em direção a ele, e Julio retribuiu com aquele olhar desconfiado. Então ele voltou a me olhar.
— E você... tá namorando? Casada?
Soltei uma risada curta.
— Tô namorando, mas ainda não casei não. É cedo demais pra isso.
Ele abriu um sorriso mais sincero dessa vez.
— Bom ver que você tá feliz.
— Tô sim — respondi.
— E a diabetes? — perguntou, arqueando a sobrancelha.
— Tá controlada, graças a Deus. Tô cuidando direitinho.
Ele soltou um suspiro de alívio.
— Fico feliz em saber. Mesmo a gente sendo primos, a distância foi grande demais...
A expressão dele mudou e ficou mais séria, mais pesada.
— Eu... só sabia da família por causa da Mádila. Depois que ela morreu... — a voz dele fraquejou.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Quantos capítulos são?...
Não consigo parar de ler é surpreendente, estou virando a noite lendo. É tão gostoso ler durante a madrugada no silêncio enquanto todos dormem. Diego e Alice são perfeitos juntos, assim como Alessandro e Larissa...
Maravilhoso,sem palavras recomendo vale muito apena ler👏🏼👏🏼...
Quem tem a história Completa do Diogo?...
Gostaria de dizer que plágio é crime. Essa história é minha e não está autorizada a ser respostada aqui. Irei entrar com uma ação, tanto para quem está lançando a história como quem está lendo....
Linda história. Adorando ler...
Muito linda a história Estou gostando muito de ler Só estou esperando desbloquear e liberar os outros que estão faltando pra mim terminar de ler...
Muito boa a história, mas tem alguns capítulos que enrolam o desfecho. Ela já tá ficando repetitiva com o motivo da mágoa...
História maravilhosa. Qual o nome da história do Diogo?...
Não consigo parar de ler, cada capítulo uma emoção....