Meu celular vibrou em cima da mesa e quando o peguei, vi que era uma mensagem de Diogo. Ele tinha acabado de chegar em casa, mas disse que foi direto para a cobertura porque estava com dor de cabeça.
Não consegui evitar e digitei rápido, preocupada.
— Tome um remédio e descanse, nada de trabalhar até passar a dor de cabeça.
Ele respondeu quase imediatamente com um emoji sorrindo e outro de coração.
— Farei isso sim.
Sorri sozinha, mas a tranquilidade durou pouco. O resto do dia passou devagar, e à noite quase não consegui dormir direito. O que Enrique tinha dito ainda rodava na minha cabeça, me deixando inquieta.
Terça, 01 de novembro
Na manhã seguinte, me preparei e cheguei cedo no trabalho. Tentei me concentrar nos afazeres, mas minha mente insistia em voltar ao que aconteceu com a minha prima. Era difícil entender que alguém pudesse fazê-la tão mal.
Larissa já estava na sala de reuniões quando cheguei. Enquanto organizava os papéis e os arquivos digitais, eu observava como ela conduzia os clientes: com postura segura, sem se intimidar com qualquer cara de superioridade ou tentativa de pressão.
Cada palavra dela parecia cortar o ar, direta e precisa.
— Alice, pode me passar os relatórios de ontem antes de começarmos a apresentação? — Ela perguntou, sem olhar para mim diretamente, apenas conferindo algo no laptop.
— Sim, Larissa. Aqui estão — respondi, estendendo a pasta, tentando me concentrar no momento presente.
Enquanto ela falava com os clientes, respondendo perguntas difíceis e negociando termos, eu tentava me concentrar nos números, nas anotações, mas minha cabeça teimava em não focar nisso, mas sim em outra questão.
Respirei fundo, tentando focar. Precisava estar ali, presente, mesmo que meu coração e minha mente estivessem em outra parte, pensando na verdade que ainda não tinha coragem de contar a Diogo.
— Alice, você está bem? — Larissa perguntou de repente, olhando para mim.
— Estou sim. — respondi, forçando um sorriso. — Só um pouco cansada.
Ela assentiu e voltou a atenção para a reunião, e eu tentei mais uma vez me concentrar.
Almocei apenas um pouco, mais pela necessidade da insulina do que por fome. Meu estômago parecia fechado, e minha cabeça estava cheia. Eu tentava me concentrar no computador, revisar os documentos, mas a lembrança da conversa de ontem martelava como um sino dentro de mim. Enrique e aquelas palavras pesadas… parecia que tinham grudado na minha pele.
O interfone tocou e eu levei um pequeno susto. Era Larissa, me chamando.
— Alice, pode vir aqui um instante, por favor?
Me levantei, ajeitei a blusa e fui até a sala dela. Encontrei o cliente já de pé, sorrindo e apertando sua mão firmando um acordo.
— Foi um prazer, Larissa, até a próxima reunião. — ele disse.
— Igualmente. Nos falamos em breve. — respondeu Larissa, firme como sempre.
Ele passou por mim, acenou educadamente e saiu. Larissa então pegou uma pilha de papéis sobre a mesa e me entregou.
— Preciso que você escaneie esses contratos e me envie por e-mail. Eu gosto de ter tudo guardado na nuvem, nada de depender só de gaveta.
— Claro. — assenti, tentando parecer natural.
Deixei os papéis sobre a minha mesa e voltei para buscar as xícaras de café da reunião. Só que minha mente ainda estava distante, e no descuido… crash. Uma das xícaras escorregou da minha mão e caiu no chão, se espatifando.
— Ai, meu Deus! Me desculpa, Larissa! — me abaixei rápido, nervosa, para juntar os cacos.
No movimento apressado, acabei me cortando no dedo.
— Droga… — murmurei, sentindo o ardor.
— Alice! — ouvi a voz de Larissa, mas parecia distante. Eu estava meio zonza, talvez da ansiedade, talvez de tudo junto.
De repente, senti a mão dela segurando a minha.
— Para, deixa isso. — ela falou firme, me puxando para me levantar.
Olhei para ela, sem jeito. Larissa franziu a testa.
— O que está acontecendo com você? Nunca te vi tão nervosa, ausente. Isso não é seu jeito.
Respirei fundo, passando a mão boa no rosto. Meu coração batia forte, e pela primeira vez pensei em falar. Larissa pegou um lenço da mesa e me entregou para estancar o pequeno rastro de sangue no meu dedo.
— Senta aqui, Alice. — ela disse, indicando a cadeira à frente dela. — Me conta.
Engoli em seco. Eu não sei se podia falar disso com alguém, mas o jeito como ela me olhava, transmitia preocupação e cuidado.
— Eu tinha uma prima. — comecei, minha voz um pouco trêmula. — Ela foi a única da minha família que realmente se importava comigo. Meus pais nunca me amaram de verdade, e eu sempre fui… descartável pra eles.
Larissa ficou em silêncio, atenta.
— Essa prima se mudou para outra cidade e nós acabamos perdendo contato. — continuei, tentando não deixar a emoção me engasgar. — Anos depois, eu descobri que ela tinha morrido.
Larissa arregalou os olhos.
— Meu Deus…
Balancei a cabeça, apertando mais o lenço contra o corte.
— Só que ontem… o irmão dela apareceu na minha porta. Ele disse que a minha prima não morreu de acidente, como falaram, mas sim que ela foi assassinada.
Larissa levou a mão à boca.
— O quê?
— Foi um homem rico, poderoso que encobriu tudo. No fim, ela não teve justiça. — minha voz saiu embargada. — E eu fiquei tentando não pensar nisso aqui no trabalho, mas… tá mexendo comigo mais do que eu achei que iria.
Larissa suspirou, visivelmente impactada, e se sentou na cadeira ao meu lado. A mão dela foi instintivamente até a barriga enorme.
— Isso é muito sério, Alice. Muito.
Assenti, apertando os lábios, tentando me segurar.
— Eu sei. Só que não sei nem por onde começar…
Ela segurou a minha mão com firmeza, olhando nos meus olhos.
— A justiça vai ser feita. Pode demorar, mas ninguém escapa. Entrega isso nas mãos de Deus. Quem fez mal à sua prima, vai pagar.
Eu sorri sem jeito, sentindo os olhos arderem.
— Tomara…
— Não é “tomara”. — ela disse, determinada. — É certeza.
Eu assenti em silêncio, engolindo a emoção.
— Larissa... eu só te peço uma coisa. Não conta isso pra ninguém, tá? — falei, quase num sussurro. — Meu primo já está resolvendo, não quero me meter mais do que já estou.
Ela me encarou séria e fez que sim com a cabeça.
— Tá, eu entendo. Mas, Alice isso pode ser perigoso. Tem gente com muito dinheiro que acha que pode passar por cima de tudo e de todo mundo.
— Tomara. Quero acreditar nisso.
Ele se levantou logo em seguida.
— Então termina logo aí esse café, que precisamos ir.
Assenti, terminando meu café da manhã rápido. Quando levantei, ele já tinha voltado com a mochila e os equipamentos, então peguei minha bolsa e o capacete.
O vento batendo no rosto me deu uma sensação de liberdade que eu estava precisando. Em pouco tempo, ele me deixou na empresa.
— Se cuida, tá?
— Você também, até mais tarde — sorri.
Entrei, cumprimentei o pessoal da recepção e fui direto pro elevador. Estava quase fechando quando uma mão segurou a porta e eu respirei fundo ao ver Danila.
Ela entrou com aquele olhar duro que parecia atravessar minha pele. Revirei os olhos e fiquei encarando o painel, torcendo para que o andar chegasse rápido.
Mas claro, Danila não ia perder a chance.
— Tá feliz, Alice? — perguntou, com aquela voz carregada de deboche.
Virei o rosto devagar, franzindo o cenho.
— Do que você está falando?
Ela ergueu uma sobrancelha e deu aquele sorriso falso.
— Não viu o perfil do FofocasBelosCampos?
Soltei um riso curto.
— Eu não tenho tempo pra perder com essas besteiras.
Danila pegou o celular e enfiou na minha frente. Meus olhos quase saltaram quando vi a foto: eu e Diogo no parque à noite, no dia em que ele me deu o anel de compromisso. Seguida de outra foto, dele entrando na empresa e com o zoom no anel em seu dedo.
Mas que diabos… quem estaria lá aquela hora da noite pra tirar essa foto?
— Eu realmente não entendo… — Danila fez cara de nojo, balançando a cabeça. — Como um homem como Diogo Montenegro iria querer namorar alguém tão inferior como você.
O sangue ferveu nas minhas veias e avancei até ficar a centímetros dela.
— Repete. Se você for mulher o bastante, repete olhando nos meus olhos.
Ela empalideceu e suas mãos começaram a tremer fazendo o celular escorregar dos dedos, caindo no chão. — Você… você é louca!
Segurei o queixo dela com força, obrigando-a a me encarar.
— Hoje eu não estou com cabeça pra provocação, Danila. Se você quiser resolver isso logo de uma vez, eu vou ter o prazer de quebrar a sua cara aqui mesmo, agora.
Ela me empurrou, sua voz saindo trêmula. — Eu… eu não quero brigar com ninguém!
Soltei o queixo dela com um sorriso frio.
— Ótimo, porque eu também não quero. Mas presta atenção: eu não vou tolerar intrigas gratuitas hoje.
Ela ficou parada, ofegante, enquanto eu ajeitava minha bolsa no ombro, voltando a encarar o painel do elevador como se nada tivesse acontecido.
Por dentro, meu coração estava disparado. Mas por fora… eu só mostrava calma.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Tá cada dia pior, os capítulos estão faltando e alguns estão se repetindo....
Gente que absurdo, faltando vários capítulos agora é 319.ainda querem que a gente pague por isso?...
Cadê o capítulo 309?...
Alguém sabe do cap 207?...
Capítulo 293 e de mais tá bloqueado parcialmente sendo que já está entre os gratuitos...
Capítulo 293 tá bloqueado sendo que já está entre os gratuitos...
Quantos capítulos são?...
Não consigo parar de ler é surpreendente, estou virando a noite lendo. É tão gostoso ler durante a madrugada no silêncio enquanto todos dormem. Diego e Alice são perfeitos juntos, assim como Alessandro e Larissa...
Maravilhoso,sem palavras recomendo vale muito apena ler👏🏼👏🏼...
Quem tem a história Completa do Diogo?...