Estávamos terminando de comer quando ela encostou a cabeça no meu ombro, ainda usando a minha camisa larga. Eu ria por dentro de ver como ela ficava irresistível com algo tão simples, mas o brilho sério nos olhos dela me chamou a atenção.
— Eu só quero deixar uma coisa bem clara, Diogo — ela disse, com a voz firme. — Eu não aceito esse tipo de comportamento, nunca. Nem do Alessandro com a Larissa, nem de homem nenhum comigo. Então é bom você saber disso o quanto antes.
Fiquei em silêncio por alguns segundos, absorvendo o peso daquelas palavras. Ela me olhava direto, sem desviar, como quem traça uma linha que ninguém deve atravessar e eu não tinha intenção de cruzar esse limite.
Estendi o braço e a puxei para perto, abraçando-a com força. Senti o seu cheiro, o calor do corpo e suspirei.
— Alice… eu nunca te trataria mal. Aquele dia… — fechei os olhos, lembrando do momento em que deixei o ciúme falar mais alto. — …aquele dia foi o suficiente pra eu aprender. E não vou cometer o mesmo erro de novo.
Ela encostou a testa no meu peito, respirando fundo e depois ergueu os olhos para mim.
— Bom mesmo. Porque se repetir, Diogo, eu não vou pensar duas vezes antes de ir embora.
Engoli seco, mas não por medo de perdê-la e sim pela convicção que vi nela. E, de alguma forma, essa força dela só aumentava o quanto eu a admirava.
— Eu sei — respondi, acariciando seus cabelos. — E é exatamente por isso que eu não vou deixar acontecer de novo. Você me mostrou que eu preciso ser melhor, e eu quero ser. Por nós dois.
Ela me olhou por um instante, como se buscasse a verdade nas minhas palavras. Então, por fim, assentiu com um pequeno sorriso.
— Tá bom, eu acredito em você.
O alívio me invadiu, junto de uma ternura difícil de explicar. Eu a abracei ainda mais forte, como se quisesse gravar na pele aquela promessa silenciosa. Teria que criar coragem para contar tudo a ela o quanto antes.
— Você é tudo o que eu não sabia que precisava, Alice.
Ela riu baixinho, quase desconfiada, mas não disse nada. Apenas se aconchegou em mim, e naquele instante, tive certeza de que não havia nada no mundo que eu temesse mais do que perdê-la.
***
Deixei Alice em frente à empresa e fiquei olhando enquanto ela entrava. Meu peito apertou, como sempre que eu precisava deixá-la, mas dessa vez não era só isso, eu estava no limite. Segurar tudo sozinho, esconder cada detalhe, medo e lembrança. Sabia que seu não me abrisse com alguma pessoa, iria enlouquecer logo.
Então fiz o que meu instinto mandava. Dirigi direto para a empresa do Alessandro. Se tinha alguém que podia me aconselhar, era ele. Cabeça quente, sim, mas justo.
E eu não podia ir atrás de Larissa, tinha que preservar ela de todos esses problemas para o bem de sua saúde e de Maria Eduarda.
Estacionei em frente a empresa e subi direto, encontrando Pedro em frente à mesa no corredor.
— Boa tarde, Diogo. — Ele sorriu, ajeitando os óculos.
— Boa tarde, Pedro. O Alessandro está? — perguntei, forçando um sorriso.
— Ele saiu pra um almoço com um cliente, mas já deve estar voltando. Quer deixar recado?
Balancei a cabeça.
— Não, eu espero aqui, se não for problema.
— Claro que não. Aceita um café, uma água?
— Obrigada, mas não. Vou só aguardar mesmo.
Ele acenou com a cabeça e voltou ao trabalho. Eu entrei na sala do Alessandro, me sentei e deixei o peso do corpo afundar na poltrona. Respirei fundo, tentando organizar os pensamentos.
Foi quando o celular vibrou na minha mão e vi que era um número desconhecido.
No início pensei em não ver nada, imaginando que seria o Enrique, mas algo me fez abrir a mensagem. E quando li, senti um frio atravessar minha barriga.
“Podemos nos encontrar? Quero contar toda a verdade se você prometer manter minha irmã segura.”
Minha mão gelou, porque eu sabia que ali era Fernanda. Não imaginei que ela fosse me procurar tão cedo.
— Merda… — murmurei sozinho, apoiando o celular na perna.
Meu coração acelerou com a certeza de que agora as coisas iram, finalmente, começar a se esclarecer. Isso podia ser a chance de proteger todos porque no fundo, eu sentia que essa situação dela e Enrique tinha alguma ligação.
“Diz onde e quando e estarei lá”
A resposta veio rápido.
“Pode ser no campus, às 15h. Lá, meu tio não vai desconfiar e por favor, não conte a ninguém.”
Fechei os olhos por um instante, tentando processar. Eu estava entrando de cabeça em algo que podia ser uma armadilha, mas também podia ser a única forma de salvar meu irmão.
Confirmei:
“Estarei lá. Mas, Fernanda, se isso for algum jogo, você vai se arrepender.”
Demorou um pouco e então ela respondeu:
“Não é jogo, eu juro. Só quero me livrar de todo esse inferno e deixar minha irmã segura, além de poder contar toda a verdade para Caleb. Preciso ir, não me mande mensagem.”
Contar a verdade a Caleb, não sei se isso seria uma boa ideia. Não gosto de esconder as coisas do meu irmão, mas se for para protegê-lo de mais desgosto, farei o que for preciso.
Deixei o celular sobre a mesa e encarei o teto da sala sentindo o meu peito apertar mais.
— Alessandro… espero que chegue logo, cara. Preciso botar isso pra fora antes que eu faça alguma merda.
Aproveitei o momento sozinho e fiquei ensaiando na cabeça o que ia dizer. Eu confiava nele, mesmo com nossas diferenças, esperava que ele me entendesse e não julgasse sem antes ouvir tudo o que eu tinha para dizer.
Quando ouvi a porta da sala abrir, levantei imediatamente. Alessandro entrou, ajeitando o blazer e olhando em minha direção com aquele jeito sério de sempre. Sorri meio sem jeito, indo até ele.
— Fala, irmão — cumprimentei, apertando sua mão e o abraçando rapidamente.
Ele me olhou nos olhos, como se já soubesse que não era uma visita qualquer.
— Você tem um tempo? — perguntei, com a voz um pouco mais baixa do que eu pretendia.
Alessandro arqueou a sobrancelha, estudando minha expressão e suspirou.
— Pelo seu tom... eu sinto que é coisa séria.
Assenti em silêncio. Ele não perguntou mais nada, apenas virou-se até a porta, chamando por Pedro.
Mas a verdade é que, por dentro, a culpa ainda me queimava viva.
***
Cheguei na minha empresa ainda com a cabeça latejando. O peso da conversa com Alessandro, o medo por Alice, a pressão de tudo que estava acontecendo… parecia que minha mente não tinha mais espaço. Mas eu não podia parar. Trabalho não espera, e eu precisava manter as coisas funcionando.
Assim que sentei na minha sala, abri o notebook e já dei de cara com relatórios atrasados. Respirei fundo, tentando me concentrar.
Uma dor de cabeça vinha me seguindo desde a manhã e após a conversa com Alessandro, achei que fosse melhorar, mas de nada adiantou.
Linda então apareceu na porta, batendo levemente antes de entrar.
— Diogo, desculpa interromper, mas temos um problema na filial de São Paulo. O sistema travou e algumas entregas estão atrasadas. O gerente está em pânico na linha.
Fechei os olhos por um segundo, massageando a têmpora.
— Coloca ele em videoconferência. Quero resolver isso agora.
Ela assentiu e em poucos minutos eu estava ouvindo o gerente despejar metade da vida em cima de mim, com números, prazos e clientes insatisfeitos. Respirei fundo, segurei firme e dei instruções rápidas, pedindo relatórios diretos, mandando realocar parte da equipe de logística e garanti que até o final do dia a situação estaria sob controle.
Quando a chamada encerrou, eu me recostei na cadeira, soltando um suspiro pesado.
Linda ainda estava ali, olhando pra mim.
— Você tá bem? — ela perguntou, cruzando os braços. O tom dela não era só profissional, era preocupado mesmo.
Forçei um meio sorriso.
— Só dor de cabeça. Nada que um remédio não resolva, você pode pegar um na copa pra mim?
— Claro — ela disse, mas não se moveu de imediato. Ficou me olhando como se quisesse arrancar a verdade.
— Mas… não é só dor de cabeça, né? Você tá diferente esses dias, meio tenso, distraído.
Ajeitei a gravata, desviando o olhar pro computador.
— Só excesso de trabalho, Linda. Você me conhece, eu não paro nunca.
Ela franziu o cenho, mas não insistiu.
— Tudo bem… vou pegar o remédio. Mas, chefe, cuida de você também. Não adianta segurar o mundo nas costas se você cair no meio do caminho.
Soltei uma risada leve, tentando quebrar o clima.
— Pode deixar, eu prometo não desmoronar… pelo menos não hoje.
Ela balançou a cabeça, meio rindo, meio séria e saiu da sala.
Fiquei sozinho outra vez, encarando a tela do computador, mas no fundo… não era a empresa que estava me tirando a paz. Era tudo que estava por trás.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Tá cada dia pior, os capítulos estão faltando e alguns estão se repetindo....
Gente que absurdo, faltando vários capítulos agora é 319.ainda querem que a gente pague por isso?...
Cadê o capítulo 309?...
Alguém sabe do cap 207?...
Capítulo 293 e de mais tá bloqueado parcialmente sendo que já está entre os gratuitos...
Capítulo 293 tá bloqueado sendo que já está entre os gratuitos...
Quantos capítulos são?...
Não consigo parar de ler é surpreendente, estou virando a noite lendo. É tão gostoso ler durante a madrugada no silêncio enquanto todos dormem. Diego e Alice são perfeitos juntos, assim como Alessandro e Larissa...
Maravilhoso,sem palavras recomendo vale muito apena ler👏🏼👏🏼...
Quem tem a história Completa do Diogo?...