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Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 234

— Não… não pode ser. — murmurei, sentindo a boca seca.

— Qual deles? — perguntei, minha voz quase não saindo.

Enrique me olhou e um sorriso debochado surgiu nos lábios dele.

— O de smoking azul escuro.

Olhei outra vez, e minhas pernas quase cederam. Havia dois homens com smoking azul escuro, um deles era Diogo.

— Não… não… — balbuciei, negando com a cabeça.

Enrique inclinou a cabeça, ainda sorrindo, e disse:

— O de cabelo curto.

E, como se tivesse combinado, naquele exato momento, Diogo virou na nossa direção.

Seus olhos encontraram os meus e, imediatamente, ele notou Enrique ao meu lado. Vi quando os olhos dele se arregalaram de surpresa e medo.

Meu coração estava prestes a explodir.

— Sim, Alice. — Enrique disse, a voz carregada de veneno. — O seu namoradinho bilionário… foi ele quem seduziu e matou a Mádila, sua prima que mais cuidou de você do que sua própria família.

— Não… — engasguei, minha voz saindo trêmula. — Isso é mentira, Enrique! Não pode ser…

— Pode. — ele retrucou, firme. — Mais tarde vão chegar provas no seu celular. Mensagens, fotos… mostrando que esse tal de Diogo namorou com a Mady. Você vai ver com os próprios olhos.

— Não… não… — eu repetia, negando com a cabeça, o peito apertado, lágrimas começando a arder nos meus olhos.

Vi quando Diogo começou a vir na nossa direção, o olhar preso em mim e em Enrique, seus passos firmes, mas eu estava paralisada.

— Onde você vai? — perguntei, desesperada, quando Enrique deu um passo para trás.

Ele sorriu frio.

— O meu trabalho aqui acabou. Eu disse que ia te contar quem era o assassino da Mady. E contei.

Dei mais um passo em direção a ele, a voz embargada:

— Enrique, espera!

Mas ele já se afastava, sumindo rápido entre as pessoas.

Fiquei ali, sem forças e com o coração em pedaços. Senti alguém segurar firme no meu braço, e antes que eu pudesse reagir, meu corpo colidiu contra o peito forte de Diogo. O cheiro dele me atingiu de imediato, aquela mistura de perfume amadeirado com algo só dele.

Mas, dessa vez, não trouxe conforto. Eu estava tremendo de medo e angústia. Empurrei-o com força com o coração acelerado, e levantei o olhar para ele, os meus olhos já estavam marejados e cheios de lágrimas.

Ele franziu o cenho, a expressão carregada, mas também… parecia assustado.

— Meu amor… — sua voz saiu mais baixa, tensa. — Você conhece aquele homem? Ele é perigoso. Onde ele foi? Ele fez alguma coisa com você?

Senti um nó apertar ainda mais minha garganta e a raiva queimou dentro de mim.

— Perigoso é você! — cuspi as palavras, e o encarei com fúria.

Ele piscou, confuso, sem entender.

— Do que você tá falando?

O choro me venceu. As lágrimas transbordaram e as palavras saíram rasgadas, entrecortadas pela dor.

— Você matou a Mádila?

O olhar dele mudou e o medo estampou seu rosto de uma forma tão brutal que não precisava de mais nada. Aquele silêncio de segundos foi como uma confissão. Meu peito se partiu e senti como se uma faca fosse cravada fundo no meu coração.

Ele avançou um passo com a voz trêmula.

— Como você soube disso? Foi o Enrique que contou? Alice, eu posso explicar… — ele tentou segurar minhas mãos, mas eu me soltei de imediato.

— Não me toca! — minha voz falhou. — Eu não quero ouvir nada!

A essa altura, algumas pessoas ao redor começavam a notar. Olhares curiosos se voltaram para nós, mas eu não conseguia me importar. A dor era muito maior que qualquer constrangimento.

Respirei fundo, engolindo o pranto que me sufocava, e olhei diretamente nos olhos dele.

— Nunca mais me procure.

Me virei para correr, mas a mão dele agarrou meu braço com desespero. Ele estava nervoso, eu sentia suas mãos frias como gelo.

— Alice, por favor! Escuta! Eu vou te explicar!

— Eu não quero explicação nenhuma! — me soltei com violência, tropeçando um pouco para trás. — Você matou a minha prima!

Diogo congelou. O impacto daquelas palavras foi nítido e os olhos dele se arregalaram, como se o chão tivesse desaparecido sob seus pés.

— A… Mádila… era sua prima? — a voz dele saiu embargada, quase sem ar.

Assenti, chorando ainda mais.

— Era. E por isso eu nunca mais quero te ver. Nunca mais!

E virei as costas, correndo. Atravessei o salão empurrando quem aparecia na frente, desviando dos olhares e ignorando os chamados dele atrás de mim. Minha visão estava turva, o coração em pedaços. Quando cheguei à rua, a chuva já caía forte. O céu que antes parecia lindo agora desabava em cima de mim, como se refletisse exatamente o que eu sentia.

Corria sem saber pra onde, o pranto me cegava, o peito ardia. Atrás de mim, a voz de Diogo ecoava, rasgando a noite.

— Alice! Alice, espera!

Mas eu não parei. Não podia parar.

De repente, um carro freou bruscamente na minha frente. O barulho do pneu contra o asfalto molhado me fez gelar. A porta se abriu, e então vi Enrique. Ele estava ao volante, o olhar intenso e urgente.

— Entra! — ele gritou por cima da chuva.

Fiquei paralisada, molhada, tremendo, enquanto atrás de mim Diogo se aproximava correndo. Olhei para ele, desesperada, os olhos ainda cravados nos meus. Ele parecia em choque, ferido, implorando sem palavras.

Meu coração gritou que eu deveria ouvir Diogo. Mas minha mente só lembrava da Mádila. Da dor. Da perda.

Engoli o choro e, antes que ele pudesse me alcançar, entrei no carro de Enrique. Ele arrancou em disparada, deixando Diogo para trás, gritando meu nome, perdido sob a chuva.

Meu peito doía tanto que parecia que eu não ia aguentar. E, enquanto o carro acelerava pelas ruas encharcadas, eu me perguntava: como eu pude ter me apaixonado justamente pelo homem que matou a única pessoa que me amou na infância?

(Diogo)

A chuva caía forte no meu rosto, como se quisesse me afogar junto com a culpa que agora explodia dentro de mim. Eu vi o carro se afastando em alta velocidade, levando Alice, levando tudo. Corri alguns passos, mas era inútil. O barulho do motor já se misturava com a tempestade, sumindo no breu da noite.

— Diogo! — ouvi a voz de Thais atrás de mim, desesperada, o salto dela batendo contra o chão molhado. — O que aconteceu?

Eu me virei devagar, o peito arfando, tentando prender o ar que insistia em escapar. Encarei o rosto preocupado dela e balancei a cabeça, molhado até os ossos.

— Depois eu explico, Thais. Não agora.

Passei a mão pelos cabelos encharcados, meus olhos varrendo o estacionamento em busca de uma saída, de qualquer coisa. Avancei até o rapaz que cuidava dos carros, Maurício, lembrei do nome na hora.

— O meu. Agora. Rápido.

Ele correu, pegou a chave, e logo o motorista apareceu com o carro deslizando pelo piso molhado. Entrei apressado, batendo a porta com força.

— Vamos.

Falei o endereço de Alice, e o motorista não hesitou, acelerando pelas ruas alagadas. Eu me afundei no banco, mas meu corpo inteiro tremia e a mente corria mais rápido do que o carro.

Como? Como a Mádila podia ser prima dela?

Eu fechei os olhos, sentindo o coração arrebentar dentro do peito. Por que isso tinha que ser assim? O nome de Enrique explodiu na minha mente, trazendo uma onda de raiva que me queimava de dentro pra fora. Eu ainda lembrava do olhar dele, da maldita forma como sorria ao lado de Alice, como se fosse dono da situação.

— Acelera mais! — mandei, sem me importar com os vidros embaçados, com a chuva torrencial, com nada.

E então a lembrança veio, cortante. Alice me contando sobre a prima… a forma como ela descreveu o quanto a amava, o quanto sofreu ao perder alguém que sempre cuidou dela. E agora… agora eu sabia que era ela.

Meu coração apertou tanto que mal consegui respirar. Lembrei também das palavras dela, dizendo que odiava o homem que fez isso, que queria vê-lo pagar. E esse homem era eu.

— O nome dela era Mádila.

Por um instante, o silêncio foi ensurdecedor. Júlio pareceu perder o ar, a boca dele se abriu num misto de choque e incredulidade.

— Mádila? Você tá me dizendo que é a mesma Mádila da Alice? — ele quase berrou.

Eu fechei os olhos e assenti, sentindo o peito arder.

— Descobri isso hoje. Eu não sabia, Júlio. Não fazia ideia e foi o desgraçado do Enrique quem contou pra ela.

Ele se mexeu no banco, quase se levantando.

— Espera aí… você tá me dizendo que foi você que… que matou a prima dela?

A dor daquelas palavras me atingiu como um soco. Respirei fundo, tentando me controlar.

— É complicado… — sussurrei. — Mas sim, Alice descobriu da pior forma possível. Por causa do Enrique.

Júlio me encarava como se eu fosse um estranho.

— Por que você não contou pra ela antes, Diogo?

Passei a mão no rosto, exausto.

— Eu estava tentando tomar coragem. Até então, eu só pensava em contar que tinha um caso no passado, mas não sabia que era sobre a prima dela. Se eu soubesse… já teria encontrado uma forma de falar. Eu juro, Júlio. Mas agora ela descobriu do pior jeito.

Ele passou a mão no rosto, claramente dividido entre a lealdade a Alice e a incredulidade comigo.

Estendi a mão e segurei o braço dele, obrigando-o a me encarar.

— Eu amo a Alice. Nunca quis machucá-la. Nem muito menos que ela descobrisse assim. Preciso que você acredite nisso.

Júlio respirou fundo, seus olhos marejados. Finalmente, ele assentiu, mas com um peso na voz:

— Eu vou acreditar. Mas essa prima era tudo pra Alice. Saber que foi assassinada… e agora descobrir que você tá no meio disso… ela deve estar destruída.

Meu peito se apertou ainda mais.

— Eu sei. E é por isso que preciso da sua ajuda. Vai atrás dela e não deixa que ela fique sozinha com o Enrique. Ele tá obcecado por vingança, Júlio. Ele já tentou matar meu irmão.

O choque no rosto dele foi imediato.

— O quê?! Você tá falando sério?

— Sim. Ele está disposto a tudo e eu não posso deixar Alice desprotegida.

Ele ficou em silêncio por alguns segundos, respirando fundo, processando tudo.

— E o que você quer que eu faça exatamente?

— Cuida dela. Diz a ela… diz que se me der a oportunidade, eu vou atrás dela. Vou contar toda a verdade. Sem esconder nada.

Júlio me olhou com incerteza.

— E se ela não quiser te ouvir?

Olhei para frente, firme.

— Então eu vou insistir até ela me ouvir.

Ele passou a mão no rosto outra vez, exalando com força, como se tentasse se livrar do peso daquilo tudo e finalmente assentiu.

— Tá… eu vou ver o que consigo fazer.

Abriu a porta e saiu do carro. Eu fiquei observando ele se afastar, pegar o celular e começar a ligar para alguém.

Minha vontade era seguir ele e ir atrás, encontrar Alice, abraçá-la, implorar pelo perdão dela. Mas eu sabia que não podia me precipitar. Precisava pensar com calma. Precisava me preparar para contar tudo. Tudo o que ela tinha o direito de saber.

Mesmo que isso custasse o pouco que restava de nós dois.

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