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Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 235

(Diogo)

Entrei na cobertura sentindo o peito prestes a explodir. A raiva me dominava e sem pensar duas vezes, agarro o primeiro vaso que vejo e o lanço contra a parede. O estrondo ecoa pela cobertura e os cacos se espalham pelo chão, mas nada disso é suficiente para aliviar a raiva que me consome.

— Droga! — rosno, passando as mãos pelos cabelos. — Maldito seja você, Enrique!

Meus passos são pesados, sem rumo, como se eu quisesse esmagar o próprio chão. Sinto o gosto amargo da derrota, e o coração latejando dentro do peito como se quisesse sair. Eu deveria ter contado para ela. Eu deveria... mas como diabos eu podia imaginar que a Mádila era prima da Alice?

O nó na garganta me sufoca ao ponto de dificultar respirar. Puxo o celular do bolso com violência e disco o número de Valter, que atende nos primeiros toques.

— Senhor? — a voz dele é firme, mas percebo a cautela do outro lado da linha.

— Valter — minha voz sai carregada de fúria —, eu quero que você encontre o desgraçado do Enrique. Agora.

— O que aconteceu? — ele pergunta, claramente surpreso.

— Não me importo o quanto possa custar — corto sua pergunta, gritando mais alto do que pretendia. — Pague mais homens, espalhe-os por todos os cantos dessa cidade. Eu quero esse filho da puta debaixo da minha mira o quanto antes!

Do outro lado, ouço ele inspirar, como se tentasse medir cada palavra antes de falar.

— Mas... senhor, aconteceu alguma coisa com a senhorita Alice?

Fecho os olhos com força. Só de ouvir o nome dela, meu peito apertava como se uma lâmina atravessasse meu coração.

— Faz o que eu tô mandando, Valter! — disse, batendo o punho na bancada de mármore da cozinha. O impacto reverbera pela minha mão, mas eu não me importo. — Não me faça repetir!

— Sim, senhor... — ele responde, em um tom mais baixo. — Mas eu preciso saber... o senhor está bem?

Dou uma risada curta, seca, sem humor algum.

— Bem? — repito, incrédulo. — Eu posso ter perdido a mulher que eu amo por causa daquele desgraçado, Valter. Você acha mesmo que eu estou bem?!

O silêncio dele do outro lado me diz tudo. Não há resposta para a minha dor.

— Enrique não vai me tirar mais nada — digo, mais baixo agora, mas firme com cada palavra cuspida com ódio. — Quero esse maldito, custe o que custar.

— Vou mobilizar todos os homens imediatamente — ele confirma, sem titubear. — Antes do amanhecer, teremos alguma pista.

Fecho os olhos e apoio a testa contra a parede, tentando conter o peso esmagador dentro do peito.

— Faz isso. — Minha voz quebra, sem que eu consiga controlar. — Faz isso...

— Conte comigo, senhor. — Ele desliga.

Olho para o celular em minha mão e respiro fundo, mas a sensação de vazio me engole. Por causa do Enrique, por causa dessa maldita coincidência... eu podia ter perdido a Alice. E só a ideia disso é como arrancar meu coração e esmagá-lo no chão.

A dor é tão profunda que mal consigo me conter.

O silêncio da cobertura parecia me esmagar. Eu estava destruído por dentro, com a raiva fervendo no sangue, mas foi inevitável quando a imagem dela invadiu minha mente.

Me vi lembrando daquela noite, Alice deitada na minha cama, o lençol bagunçado desenhando curvas em seu corpo. Seus cabelos espalhados pelo travesseiro, a respiração ainda acelerada depois de termos nos entregado um ao outro. Eu estava deitado ao lado, só olhando para ela como um completo idiota apaixonado.

— Para de me encarar desse jeito… — ela murmurou, escondendo parte do rosto com a mão.

Eu sorri, puxando a mão dela de volta para mim. — Não consigo.

Alice arqueou uma sobrancelha, os olhos semicerrados. — Não consegue o quê?

— Parar de olhar pra você. — respondi, minha voz mais baixa, quase um sussurro.

Ela mordeu o lábio, desviando o olhar, mas eu percebi o rubor no rosto dela.

— Você fala isso pra todas, não fala?

Meu peito doeu só de lembrar de como respondi, porque era verdade, naquele momento eu não queria mais ninguém além dela. — Nunca falei isso pra ninguém, Alice. Só pra você.

Ela voltou a me olhar, séria, como se quisesse ver se eu estava mentindo. E eu não estava, então deslizei os dedos pela sua pele, e ela fechou os olhos, respirando fundo, antes de encostar a testa na minha.

— Você me assusta, Diogo. — ela confessou baixinho.

— Por quê? — perguntei, acariciando seu rosto.

— Porque… você tá conseguindo entrar onde ninguém entrou antes. Claro, sem duplo sentido, por favor. — sua voz falhou um pouco.

Sorrir e a beijei de novo, um beijo calmo, sem pressa, só pra mostrar que eu queria ficar, que eu não ia fugir.

A lembrança se quebrou tão rápido quanto surgiu, e a dor me acertou em cheio. Agora, depois de tudo, ela provavelmente achava que cada palavra minha tinha sido uma mentira.

Eu enfiei a mão no cabelo, puxando com força, sentindo a garganta queimar. Eu a tinha na palma da minha mão, e deixei escapar.

A madrugada foi longa, rolei na cama de um lado para o outro, fechava os olhos, mas a imagem de Alice chorando, se afastando de mim na chuva, me perseguia sem trégua. As horas foram passando, até que, vencido pela angústia, acabei pegando o celular.

— Você já mandou homens atrás dele?

Assenti de imediato. — Claro que sim. Desde a madrugada.

Sem pensar duas vezes, Alessandro tirou o celular do bolso.

— Então vamos ampliar essa caçada. — Os dedos dele corriam pela tela, discando contatos. — Esse verme não pode continuar brincando com você, Diogo. Não vou permitir isso.

Enquanto ele fazia as ligações, senti um misto de alívio e raiva ainda mais pulsante. Eu não estava sozinho nessa. Enrique tinha declarado guerra… e nós íamos revidar.

Alessandro começou a andar de um lado para o outro na minha sala, com o celular na mão, falando baixo com um de seus contatos. Quando desligou, me encarou sério.

— Não podemos ficar só correndo atrás, Diogo. — Ele respirou fundo. — Esse desgraçado sempre se antecipa, sempre aparece no lugar certo pra ferrar tudo. Se a gente não virar o jogo, vai continuar no rastro dele.

Passei a mão no rosto, sentindo a raiva e a frustração me corroerem.

— Eu sei. Ontem, quando eu vi ele do lado da Alice, sorrindo como se tivesse vencido, eu juro que quase perdi o controle ali mesmo.

Alessandro bufou.

— Não é hora de perder o controle, é hora de ser mais esperto que ele. A gente precisa de uma armadilha.

Olhei para a mesa, tentando organizar os pensamentos.

— Uma armadilha... — suspirei fundo e ergui os olhos para ele. — Talvez eu já tenha uma carta na manga.

Ele arqueou a sobrancelha. — E qual seria?

— Fernanda. — O nome saiu pesado da minha boca. — Eu marquei de encontrar com ela na faculdade em que ela estuda. Ela tem os próprios problemas com aquele tio miserável, mas se eu conversar com ela, talvez consiga usar isso pra chegar até Enrique. Ele anda circulando por ali, tenho quase certeza.

Alessandro coçou o queixo, pensativo. — Fernanda... a ex-namorada do Caleb?

Assenti, com um aperto no estômago. — Sim. Ela tá no meio disso mais do que gostaria. Eu não confio cem por cento nela, mas ela tem motivos de sobra pra odiar o tio e talvez possa nos ajudar. Se eu convencer ela a cooperar, podemos armar algo grande.

— E colocar esse desgraçado numa posição onde não tenha saída. — Alessandro completou, cerrando o punho.

— Exato. — Cruzei os braços, respirando fundo. — Eu só não queria envolver mais ninguém nisso, mas... não temos escolha.

Alessandro se aproximou, colocando a mão no meu ombro. — Você não tá sozinho nessa, Diogo. A gente vai fazer esse filho da puta pagar. Mas precisa ter calma, porque qualquer passo errado, ele usa contra você.

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