(Diogo)
Entrei na cobertura sentindo o peito prestes a explodir. A raiva me dominava e sem pensar duas vezes, agarro o primeiro vaso que vejo e o lanço contra a parede. O estrondo ecoa pela cobertura e os cacos se espalham pelo chão, mas nada disso é suficiente para aliviar a raiva que me consome.
— Droga! — rosno, passando as mãos pelos cabelos. — Maldito seja você, Enrique!
Meus passos são pesados, sem rumo, como se eu quisesse esmagar o próprio chão. Sinto o gosto amargo da derrota, e o coração latejando dentro do peito como se quisesse sair. Eu deveria ter contado para ela. Eu deveria... mas como diabos eu podia imaginar que a Mádila era prima da Alice?
O nó na garganta me sufoca ao ponto de dificultar respirar. Puxo o celular do bolso com violência e disco o número de Valter, que atende nos primeiros toques.
— Senhor? — a voz dele é firme, mas percebo a cautela do outro lado da linha.
— Valter — minha voz sai carregada de fúria —, eu quero que você encontre o desgraçado do Enrique. Agora.
— O que aconteceu? — ele pergunta, claramente surpreso.
— Não me importo o quanto possa custar — corto sua pergunta, gritando mais alto do que pretendia. — Pague mais homens, espalhe-os por todos os cantos dessa cidade. Eu quero esse filho da puta debaixo da minha mira o quanto antes!
Do outro lado, ouço ele inspirar, como se tentasse medir cada palavra antes de falar.
— Mas... senhor, aconteceu alguma coisa com a senhorita Alice?
Fecho os olhos com força. Só de ouvir o nome dela, meu peito apertava como se uma lâmina atravessasse meu coração.
— Faz o que eu tô mandando, Valter! — disse, batendo o punho na bancada de mármore da cozinha. O impacto reverbera pela minha mão, mas eu não me importo. — Não me faça repetir!
— Sim, senhor... — ele responde, em um tom mais baixo. — Mas eu preciso saber... o senhor está bem?
Dou uma risada curta, seca, sem humor algum.
— Bem? — repito, incrédulo. — Eu posso ter perdido a mulher que eu amo por causa daquele desgraçado, Valter. Você acha mesmo que eu estou bem?!
O silêncio dele do outro lado me diz tudo. Não há resposta para a minha dor.
— Enrique não vai me tirar mais nada — digo, mais baixo agora, mas firme com cada palavra cuspida com ódio. — Quero esse maldito, custe o que custar.
— Vou mobilizar todos os homens imediatamente — ele confirma, sem titubear. — Antes do amanhecer, teremos alguma pista.
Fecho os olhos e apoio a testa contra a parede, tentando conter o peso esmagador dentro do peito.
— Faz isso. — Minha voz quebra, sem que eu consiga controlar. — Faz isso...
— Conte comigo, senhor. — Ele desliga.
Olho para o celular em minha mão e respiro fundo, mas a sensação de vazio me engole. Por causa do Enrique, por causa dessa maldita coincidência... eu podia ter perdido a Alice. E só a ideia disso é como arrancar meu coração e esmagá-lo no chão.
A dor é tão profunda que mal consigo me conter.
O silêncio da cobertura parecia me esmagar. Eu estava destruído por dentro, com a raiva fervendo no sangue, mas foi inevitável quando a imagem dela invadiu minha mente.
Me vi lembrando daquela noite, Alice deitada na minha cama, o lençol bagunçado desenhando curvas em seu corpo. Seus cabelos espalhados pelo travesseiro, a respiração ainda acelerada depois de termos nos entregado um ao outro. Eu estava deitado ao lado, só olhando para ela como um completo idiota apaixonado.
— Para de me encarar desse jeito… — ela murmurou, escondendo parte do rosto com a mão.
Eu sorri, puxando a mão dela de volta para mim. — Não consigo.
Alice arqueou uma sobrancelha, os olhos semicerrados. — Não consegue o quê?
— Parar de olhar pra você. — respondi, minha voz mais baixa, quase um sussurro.
Ela mordeu o lábio, desviando o olhar, mas eu percebi o rubor no rosto dela.
— Você fala isso pra todas, não fala?
Meu peito doeu só de lembrar de como respondi, porque era verdade, naquele momento eu não queria mais ninguém além dela. — Nunca falei isso pra ninguém, Alice. Só pra você.
Ela voltou a me olhar, séria, como se quisesse ver se eu estava mentindo. E eu não estava, então deslizei os dedos pela sua pele, e ela fechou os olhos, respirando fundo, antes de encostar a testa na minha.
— Você me assusta, Diogo. — ela confessou baixinho.
— Por quê? — perguntei, acariciando seu rosto.
— Porque… você tá conseguindo entrar onde ninguém entrou antes. Claro, sem duplo sentido, por favor. — sua voz falhou um pouco.
Sorrir e a beijei de novo, um beijo calmo, sem pressa, só pra mostrar que eu queria ficar, que eu não ia fugir.
A lembrança se quebrou tão rápido quanto surgiu, e a dor me acertou em cheio. Agora, depois de tudo, ela provavelmente achava que cada palavra minha tinha sido uma mentira.
Eu enfiei a mão no cabelo, puxando com força, sentindo a garganta queimar. Eu a tinha na palma da minha mão, e deixei escapar.
A madrugada foi longa, rolei na cama de um lado para o outro, fechava os olhos, mas a imagem de Alice chorando, se afastando de mim na chuva, me perseguia sem trégua. As horas foram passando, até que, vencido pela angústia, acabei pegando o celular.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Quantos capítulos são?...
Não consigo parar de ler é surpreendente, estou virando a noite lendo. É tão gostoso ler durante a madrugada no silêncio enquanto todos dormem. Diego e Alice são perfeitos juntos, assim como Alessandro e Larissa...
Maravilhoso,sem palavras recomendo vale muito apena ler👏🏼👏🏼...
Quem tem a história Completa do Diogo?...
Gostaria de dizer que plágio é crime. Essa história é minha e não está autorizada a ser respostada aqui. Irei entrar com uma ação, tanto para quem está lançando a história como quem está lendo....
Linda história. Adorando ler...
Muito linda a história Estou gostando muito de ler Só estou esperando desbloquear e liberar os outros que estão faltando pra mim terminar de ler...
Muito boa a história, mas tem alguns capítulos que enrolam o desfecho. Ela já tá ficando repetitiva com o motivo da mágoa...
História maravilhosa. Qual o nome da história do Diogo?...
Não consigo parar de ler, cada capítulo uma emoção....