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Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 236

Fechei os olhos por um instante, lembrando de Alice, do olhar dela cheio de dor e incredulidade.

— Eu sei. — Engoli seco. — Mas antes de qualquer coisa, eu preciso proteger ela.

— Então a gente começa por Fernanda. — Alessandro afirmou, firme. — Marca com ela, vê até onde ela tá disposta a ir. Se Enrique aparecer, a gente vai estar preparado.

— Sim. — Passei a mão pelos cabelos, decidindo. — Irei mandar mensagem para ela ainda hoje e tentar marcar para segunda. Vou conversar com Fernanda e descobrir até onde ela pode ajudar. Se ela topar... nós fechamos o cerco.

Alessandro respirou fundo e me encarou.

— E dessa vez, Diogo, nós não vamos dar margem pra erro. Esse desgraçado não vai escapar.

Assenti, com a raiva queimando em cada fibra do meu corpo. — Não vai. Nem que eu tenha que arrastar ele pro inferno junto comigo, com as minhas próprias mãos.

O relógio da sala já marcava umas nove horas e eu e Alessandro ainda estávamos ali, quebrando a cabeça pra montar um plano contra Enrique, quando o celular vibrou na mesinha de centro.

Olhei para a tela e meu peito apertou quando vi que era minha mãe.

— É a minha mãe... — murmurei, atendendo imediatamente. — Mãe?

Do outro lado, a voz dela saiu embargada, chorosa, e em segundos meu corpo inteiro entrou em alerta.

— D-Diogo... o Francisco... ele levou um tiro... parece que ele morreu!

Senti o coração vacilar dentro do peito, como se o chão tivesse desaparecido sob os meus pés.

— Como assim, mãe? O que diabos está acontecendo?! — me levantei do sofá de supetão, encarando Alessandro, que já se endireitava com o cenho franzido.

Ativei o viva-voz e deixei que ela explicasse.

— Nós estávamos na igreja... a missa tinha acabado... quando saímos, eu só ouvi um disparo... o tiro cortou o ar e acertou o Francisco... — a voz dela falhava, entrecortada pelo choro. — D-Depois apareceram outros seguranças que eu nem sabia que estavam ali, me tiraram de perto... mas, Diogo... alguém matou o Francisco...

Olhei para Alessandro, e não precisei dizer nada porque nós dois sabíamos quem estava por trás. O desgraçado do Enrique tinha acabado de dar mais um golpe.

— Mãe, escuta... — falei firme, engolindo a raiva que queimava no meu peito. — Vai com esses seguranças direto pra mansão. Não discute, só vai, eu já tô indo pra lá.

— Está bem... — ela murmurou, ainda soluçando.

Desliguei a ligação com a mão trêmula. Joguei o celular na poltrona e passei as duas mãos pelo cabelo, sentindo o calor da raiva me consumir.

— Filho da puta! — xinguei alto.

Alessandro, já de pé, falou firme:

— Vou mandar uns homens agora pra averiguar a área. Vamos caçar câmeras, testemunhas, qualquer coisa que possa entregar esse desgraçado.

— Faz isso — assenti com a voz pesada. — Eu preciso ver minha mãe agora, ela tá em choque.

Ele confirmou com um aceno e se virou pra pegar o celular. Quando ia sair, chamei:

— Alessandro... dobra o número de seguranças. Quero você colando em cima da Larissa e do Gabriel. Não arrisca por nada.

Ele me encarou por alguns segundos e acenou, decidido.

— Pode deixar, eu cuido deles. Vai ver sua mãe.

Sem perder tempo, entrou no elevador.

Corri até o quarto, abri o closet e puxei a primeira camisa e calça que encontrei. Vesti às pressas, enfiei os pés nos sapatos, sem me importar em amarrar direito, e saí da cobertura com a mente latejando. A cada passo, a raiva crescia junto com a sensação de que Enrique estava indo longe demais.

Meu coração martelava dentro do peito e tudo que eu pensava era: isso vai acabar em sangue.

Comecei a dirigir rápido demais. Meu celular no painel piscava com o nome do Júlio, mas quando tentei ligar, ele não atendeu de imediato. Merda. Alice também não atendia minhas ligações desde a noite passada, e isso só me deixava mais puto e preocupado.

Bati a palma da mão contra o volante, bufando.

— Atende essa porra, Júlio... — murmurei, tentando de novo.

Dessa vez a voz dele soou pelos alto-falantes do carro, rouca e sonolenta:

— Alô...?

— Onde a Alice tá? — disparei sem rodeios. — Você encontrou ela?

Houve um silêncio breve do outro lado antes de ele responder.

— Encontrei sim. Ela veio pra casa ontem quando eu fui buscar. Mas, Diogo... não é uma boa ideia você aparecer aqui agora. Ela tá destruída, cara... e muito puta contigo. Capaz de arrancar suas bolas se te ver.

Fechei os olhos por um instante, soltando um suspiro pesado.

— Eu sei disso. Eu sei, Júlio. Mas eu te liguei porque preciso que você mantenha ela protegida.

A voz dele mudou de tom, mais séria.

— Protegida? Do quê?

Respirei fundo, sentindo a raiva crescer dentro de mim só de pronunciar aquelas palavras.

— Tentaram matar minha mãe hoje cedo, Júlio. E eu sei que foi o Enrique.

Ele ficou em silêncio por alguns segundos, e pude ouvir um barulho, como se estivesse se levantando da cama.

— Você tem certeza disso? — a voz dele já não tinha sono nenhum, estava em alerta.

— Absoluta. — segurei firme o volante. — Foi ele e eu não vou deixar esse desgraçado chegar perto da Alice. Então, por favor, não deixa ela sair de casa. Nem falar com o Enrique, nem com mais ninguém. Eu contratei seguranças pra ficarem por perto, mas preciso que você me ajude nisso.

Do outro lado, Júlio resmungou algo baixo e depois falou quase num sussurro:

— Exagero? Mãe, esse homem é perigoso! Ele não tem limites! Você podia ter morrido hoje!

Os olhos dela marejaram de novo, mas ela tentou manter a calma.

— E se eu tivesse, você estaria sozinho nessa... é isso que você quer? Carregar tudo sozinho? — ela me encarou, firme, mesmo com a voz trêmula.

Fiquei em silêncio por alguns segundos, sentindo a respiração pesada. Então suspirei e balancei a cabeça.

— Não... mas eu preciso ser o alvo, mãe. Eu, não vocês. Só que ele sabe disso e ele não vai vir direto em mim agora... vai continuar tentando me destruir usando vocês.

Ela segurou meu rosto com as duas mãos, como fazia quando eu era criança.

— Então prometa que vai me contar tudo daqui pra frente. Sem segredos, sem tentar me poupar. Eu preciso estar preparada pra proteger nossa família também.

Engoli seco, o coração apertado.

— Eu prometo... mas me promete também que não vai dar mais chance pra esse desgraçado, mãe. Nada de sair sem toda a segurança. Nenhum passo sem avisar.

Ela assentiu devagar, e me abraçou de novo, chorando no meu ombro.

— Eu só quero minha família em paz, Diogo. É pedir demais?

Fechei os olhos, sentindo o peso daquilo.

— Eu juro... eu vou acabar com o Enrique, custe o que custar.

Nos afastamos e minha mãe se sentou no sofá e eu me acomodei ao seu lado.Ela estava com o rosto coberto pelas mãos, os ombros tremendo num choro contido que me partiu por dentro. O silêncio da sala era pesado, só quebrado pela respiração embargada dela.

Por um momento, fiquei olhando, sem saber como começar. Até que senti um aperto no peito. Eu não podia mais esconder nada.

— Mãe... — falei baixo, quase como se tivesse medo da minha própria voz.

Ela afastou devagar as mãos do rosto, revelando os olhos marejados e vermelhos. Parecia tão frágil naquele instante que me deu vontade de voltar a ser menino só pra deitar no colo dela.

— Diogo... — a voz dela saiu trêmula. — O Francisco morreu por minha causa... Que mundo é esse que estamos vivendo, filho?

Segurei a mão dela. Estava fria e apertei firme. Respirei fundo, sabendo que dali em diante eu não poderia voltar atrás.

— Esse mundo... é o mundo que eu mesmo ajudei a criar, mãe.

— O que você tá dizendo? — ela franziu o cenho, confusa.

Senti o nó na garganta crescer e engoli seco.

— Eu nunca te contei... porque não queria que você me olhasse com decepção. Mas tem uma mulher no meio disso tudo, ela se chamava Mádila. Me envolvi com ela só que algo terrível aconteceu, e seu irmão veio atrás de mim em busca de vingança.

— Meu Deus... — ela levou a mão ao peito, assustada. — Mas por quê? O que você fez, Diogo?

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