Baixei a cabeça e respirei fundo.
— Há algum tempo, quando estava morando em Nova Liberdade... aconteceu uma coisa, mãe. — fechei os olhos, sentindo a dor esmagar de novo. — E uma mulher morreu, alguém que achei que fosse a pessoa certa para mim.
Comecei a contar tudo o que aconteceu e no decorrer do que ela dito, seus olhos ficavam cada vez mais tristes e lágrimas rolaram pelo seu rosto, mas em nenhum momento, ela me enterrou.
Só esperou, em silêncio.
— Eu não queria... não foi de propósito. Mas... eu estava ali, podia ter feito diferente e quem sabe evitado. Valter então chegou e encobriu tudo, porque ele sabia que Caleb e a senhora estavam naquela situação por causa do acidente e a morte do meu pai. Enrique é irmão da Mádila, descobriu o que aconteceu com ela e agora quer vingança. Ele quer destruir tudo ao meu redor para me fazer sofrer.
Ela levou a mão à boca, tentando conter o soluço.
— Filho... — sua voz era pura dor. — Você carregou isso sozinho todos esses anos?
Balancei a cabeça devagar, sentindo as lágrimas começaram a arder nos meus olhos. Era como se eu fosse criança de novo, contando um segredo a minha mãe.
— Eu não queria que ninguém me visse como um homem ruim, mãe. Já me condeno o suficiente por isso e cada vez que fecho os olhos, lembro do que aconteceu.
Ela se virou de repente e me puxou pra um abraço forte, desesperado. Aquele abraço que só mãe sabe dar. Eu afundei o rosto no ombro dela e senti o choro vir sem conseguir segurar.
— Você nunca foi, nem nunca vai ser um monstro, Diogo — ela sussurrava, soluçando junto comigo. — Eu conheço o coração que você tem. Sei o homem que você é.
— Mas, mãe... eu errei. Menti e escondi.. — a culpa saiu em cada palavra sufocada.
— Você era só estava assustado e tentando nos proteger — ela interrompeu, me segurando pelo rosto, forçando-me a olhar nos olhos dela. — Errou, sim. Mas ninguém tem o direito de dizer que você é um homem mau por causa disso. Você carrega essa culpa sozinho há anos, e eu... eu não estive lá pra segurar você.
— Não fala assim... — balancei a cabeça, angustiado. — Você sempre fez de tudo por mim e pelo Caleb. Eu que escolhi esconder achando que estava protegendo vocês.
Ela chorou mais forte, acariciando meu rosto como se eu tivesse de novo dez anos.
— E quem te protegeu, filho? Quem cuidou de você quando tudo isso tava te destruindo por dentro?
Engoli em seco, sentindo a dor dela pesar mais do que a minha.
— Ninguém, mãe. Só eu mesmo e foi isso que me acabou.
Ela me abraçou de novo, como se quisesse colar todos os pedaços que estavam quebrados dentro de mim.
— Eu daria tudo, Diogo... tudo, pra ter dividido essa dor com você antes. Nunca mais esconde nada de mim, filho. Nunca mais.
Fechei os olhos, respirando fundo no cheiro do perfume dela, no calor dos braços dela. Pela primeira vez em anos, me permiti ser só um filho frágil, despedaçado, mas ainda amado.
— Eu prometo, mãe — murmurei, com a voz falhando. — Nunca mais vou carregar sozinho.
Ela beijou minha testa, chorando ainda.
— Eu vou estar aqui, sempre. Pra te segurar, te defender. E se esse Enrique tentar te destruir, ele vai ter que passar por mim primeiro.
Me levantei quando senti o celular vibrar no bolso. Peguei e vi o nome de Valter na tela e atendi de imediato.
— Diogo — a voz dele estava urgente, firme — descobrimos algo sobre o Enrique. Achamos onde ele pode estar, mas você tem que ser rápido. Vou te mandar a localização agora.
O coração disparou no meu peito. — Entendido.
Desliguei e logo depois vibrou de novo com a localização. Olhei para a tela por alguns segundos sentindo o sangue ferver dentro de mim.
— O que foi, filho? — a voz da minha mãe me fez erguer os olhos. Ela estava de pé agora com os olhos vermelhos e o rosto cansado.
Respirei fundo. — Eu preciso ir.
Ela deu dois passos até mim e segurou meu braço com força.
— Não, Diogo. Não faz nenhuma besteira. Chama a polícia, deixa eles resolverem isso!
Fechei os olhos, tentando segurar a raiva e o peso que carregava no peito.
— Mãe, eu não posso chamar a polícia.
— Como assim não pode?! — ela me sacudiu levemente, desesperada. — Esse homem tentou me matar, tentou destruir nossa família, a polícia precisa saber!
— Se a polícia entrar nisso… — engoli seco, sentindo um gosto amargo de verdade na boca — eles vão acabar descobrindo o que aconteceu anos atrás. E se isso vier à tona… eu é que vou preso, mãe. Por ter encoberto tudo.
Os olhos dela se encheram de lágrimas de novo, e vi suas mãos tremendo quando ela me soltou.
— Meu Deus… meu Deus, não! — ela levou as mãos ao rosto, chorando mais forte. — Eu não posso perder você, Diogo. Eu já perdi tanto… não deixa que te levem também.
A abracei com força, tentando passar firmeza, mesmo que eu mesmo estivesse despedaçado por dentro. Me inclinei e beijei sua testa.
— Eu te amo, mãe.
Ela agarrou minha camisa, soluçando contra meu peito. — Que Deus te proteja, meu filho. Por favor… não faz nada que te tire de mim.
Afastei-a com carinho, olhando bem nos olhos dela.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Linda história. Adorando ler...
Muito linda a história Estou gostando muito de ler Só estou esperando desbloquear e liberar os outros que estão faltando pra mim terminar de ler...
Muito boa a história, mas tem alguns capítulos que enrolam o desfecho. Ela já tá ficando repetitiva com o motivo da mágoa...
História maravilhosa. Qual o nome da história do Diogo?...
Não consigo parar de ler, cada capítulo uma emoção....
Esse tbm. Será que nunca vou ler grátis...