Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 238

Meus braços ainda tremiam quando, com a ajuda de três homens, conseguimos tirar o maldito pedaço de concreto de cima da perna de Valter. O grito dele me rasgou por dentro, mas não havia tempo para dó. Eu o puxei pelos ombros, ajudando-o a se erguer como dava.

— Merda, Diogo… minha perna… — ele arfava com o rosto pálido de dor.

Olhei para baixo e meu estômago virou. A perna esquerda dele estava em frangalhos, o osso quase querendo romper a pele.

— Segura firme, Valter. — disse baixo, tentando manter a calma. — Você vai sair dessa.

Um carro derrapou, parando ali perto. Sem pensar duas vezes, o arrastei até ele. Abri a porta de trás e, com ajuda dos caras, colocamos Valter dentro.

— Dois de vocês vão junto com ele. — ordenei, apontando firme. — Levem direto pro hospital. Não deixem ele sozinho nem por um segundo.

— Sim, senhor. — assentiram, já entrando no carro.

Valter segurou meu braço antes que eu fechasse a porta. Os olhos dele estavam cheios de dor e preocupação.

— Não… não faz merda sozinho, Diogo… — ele murmurou.

Apertei a mão dele. — Vai dar certo. Eu cuido do resto, agora vai.

Bati na lataria e o carro arrancou, sumindo na escuridão. Respirei fundo, limpando o suor da testa. Restavam alguns homens comigo, todos em estado de alerta e um deles se aproximou.

— Senhor… quatro dos nossos foram atingidos. — a voz dele estava pesada. — Dois não resistiram.

Fechei os olhos por um instante. Aquilo me corroía. Cada morte era mais uma marca no meu peito.

— Recolham os corpos. — respondi firme, mesmo que minha garganta ardesse. — Não deixe nenhum vestígio. Quero esse lugar limpo antes da polícia chegar, não deixem nada que prove que fomos nós, a estarmos aqui. .

— Entendido. — ele assentiu, já se virando para organizar tudo.

Me afastei, tirei o celular do bolso e disquei o número de Alessandro. Ele atendeu de imediato.

— Fala, Diogo.

— Preciso que você ligue pra um dos seus amigos policiais. Agora. — falei rápido, olhando em volta, atento a qualquer movimento. — Diz pra não mandarem viatura pra cá de jeito nenhum. Estou no antigo galpão industrial, saída leste.

— O que aconteceu? — a voz dele subiu, preocupada.

Passei a mão pelo rosto, sentindo o gosto metálico da fumaça.

— Eu vim atrás de Enrique. Teve troca de tiros… e uma explosão. A porra do lugar quase veio abaixo. — minha voz falhou um segundo, mas logo endureci de novo. — Eu preciso encobrir tudo e tentar descobrir alguma coisa aqui dentro. Se a polícia aparecer, já era.

Do outro lado, Alessandro soltou um palavrão. — Você é maluco, Diogo…

— Só faz o que eu pedi. — cortei, a paciência por um fio.

Ele respirou fundo. — Tá. Não vou deixar a polícia chegar até você. Pode confiar.

— Obrigado. — murmurei, antes de desligar.

Guardei o celular de volta no bolso e encarei a escuridão do galpão. A fumaça ainda saía pelas frestas, o cheiro de pólvora misturado a ferro queimado me embrulhava o estômago.

Voltei para dentro do galpão, o cheiro de pólvora e fumaça misturado ao de sangue me atingiu em cheio. Meus homens ajudavam os feridos a saírem, outros apagavam rastros, cada um fazendo sua parte para que nada nos denunciasse. Eu mantive o foco, precisava achar algo, qualquer coisa que me levasse até Enrique.

Meus olhos correram pelo chão revirado com mesas quebradas e papéis espalhados. Foi quando vi um notebook parcialmente esmagado por um pedaço de concreto. Apertei os lábios, respirei fundo e corri até ele, puxando o aparelho. Estava amassado, mas podia ter algo aproveitável.

— Essa porcaria ainda vai servir pra gente — murmurei para mim mesmo, colocando-o debaixo do braço.

Andei mais alguns passos, e algo no canto chamou minha atenção, era um caderno surrado, com a capa rasgada. Me abaixei e o peguei também. Enquanto folheava por cima, vi anotações rabiscadas, nomes, possíveis contatos. Meu coração acelerou. Isso podia ser útil.

Um dos meus homens se aproximou. — Senhor, vou ajudar a procurar mais.

— Faz isso. Vasculhem tudo — respondi, sem tirar os olhos do que segurava. — Qualquer papel, qualquer merda que tiver o nome dele, tragam pra mim.

Meu celular vibrou no bolso. Tirei rapidamente e vi a mensagem de Alessandro: “Só posso segurar a polícia por mais vinte minutos. É bom sair daí logo.”

Suspirei pesado, fechei o caderno com força e joguei dentro de uma pasta improvisada que um dos homens carregava.

— Vamos rápido. Recolham o máximo que conseguirem, mas sem deixar rastro. Não quero nada apontando que estivemos aqui.

Passei por eles e vi um dos meus homens jogando um líquido sobre uma marca de sangue. Espumou imediatamente, apagando qualquer DNA ali. Assenti em silêncio. Eles sabiam o que estavam fazendo.

Seguimos até o carro, todos apressados, jogando as coisas no porta-malas. Entrei no banco da frente, respirei fundo e olhei para trás.

— E então? — perguntei. — Descobriram quem diabos ajudou o Enrique?

Um dos homens coçou a nuca, visivelmente incomodado. — Senhor, tinha outro homem com ele no galpão. Ajudou na troca de tiros, mas ninguém conseguiu identificar. Fugiram juntos por um beco… só que no final dele… sumiram.

Fechei os olhos, passando a mão pelo rosto. O cansaço pesava mais que o sangue seco em minhas roupas.

— Merda… mais uma sombra pra lidar. — Soltei um riso sem humor. — Pelo menos aquele desgraçado do Enrique tomou o que merecia. Se não morrer dessa vez, vai se lembrar de mim cada vez que respirar.

Ninguém respondeu, o silêncio no carro era denso. Eu só queria que essa guerra acabasse logo.

***

Voltei para a cobertura exausto, o corpo inteiro latejando como se tivesse levado uma surra. Dois dos meus homens subiram comigo, carregando as caixas com os papéis e documentos que conseguimos arrancar daquele maldito galpão. Assim que entramos, deixaram tudo sobre a mesa grande da sala e se retiraram em silêncio, me deixando sozinho com o peso daquela noite.

Peguei o celular e disquei o número de Jonas. Ele atendeu no segundo seguinte.

— Preciso de você na cobertura agora. — minha voz soou mais firme do que eu esperava, mesmo com o cansaço.

— Estou indo. — ele respondeu, curto e direto, como sempre.

Guardei o celular e passei a mão no rosto, tentando respirar fundo. O silêncio foi quebrado pelo ding do elevador se abrindo. Levantei a cabeça e vi Alessandro entrar, andando até o centro da sala. O olhar dele percorreu rapidamente o ambiente, parando nas duas caixas cheias de papéis.

— Então é isso que vocês conseguiram tirar de lá... — ele murmurou, se aproximando.

Antes que eu respondesse, senti o peso do olhar dele sobre mim. Segui a direção e percebi que Alessandro encarava meu abdômen. Baixei o olhar e vi o sangue escorrendo, manchando a barra da minha camisa.

— Você se machucou feio? — Alessandro franziu o cenho, dando um passo à frente.

Balancei a cabeça.

— Não é nada. — puxei a camisa e vi o pedaço de ferro enfiado de forma superficial. Respirei fundo, segurei firme e puxei. O ferro saiu, o sangue jorrou e ardeu como fogo. Pressionei a camisa contra o corte e deixei escapar um suspiro pesado. — Já passei por piores.

Alessandro bufou, irritado, pegando o celular no bolso.

— Você é maluco, Diogo. — disse, discando um número. — Não vou deixar você se virar sozinho dessa vez.

Nem me importei em perguntar para quem ele ligava. Apenas me joguei no sofá, respirando fundo, sentindo a exaustão me puxar para baixo. Peguei o celular de novo e disquei para o número de um dos homens que levaram Valter.

— Como ele está? — perguntei assim que atenderam.

— Entrou pra cirurgia agora, senhor. — a voz do homem soou séria, mas controlada.

Fechei os olhos por um instante, segurando a raiva que queimava dentro de mim.

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